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Anderson Dorneles com Dilma na época da campanha, em 2010: proximidade de quase duas décadas | Joel Silva/Folhapress
Anderson Dorneles com Dilma na época da campanha, em 2010: proximidade de quase duas décadas| Foto: Joel Silva/Folhapress

Anderson Dorneles, 32 anos, um gaúcho chamado de "bebê" e "menino" pela presidente Dilma Rousseff, tem a função de portar e manusear, especialmente nos fins de semana, o iPhone mais temido do Planalto. O ofício que passou despercebido em outros governos e uma relação de trabalho e confidências de quase duas décadas foram suficientes para dar ao assessor, que não concluiu a faculdade de Direito, o status de "ministro invisível". Nos bastidores, ele é a "voz" de Dilma, uma presidente hermética, de poucas palavras e gestos públicos e, ao mesmo tempo, reconhecida por explosões de fúria e pelas queixas constantes.

O assessor tinha 13 anos quando conheceu Dilma. Ele era office-boy e ela, presidente da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul. No Planalto, Dorneles ainda tem acesso ao iPad "presidencial", o tablet usado por Dilma, ajuda a filtrar os contatos, afasta os bajuladores influentes, dá recados para militares de alta patente, barra senadores midiáticos, manda avisos para ministros e brinca no Twitter sobre o temor que sua função representa na burocracia do Palácio do Planalto.

"Cuidado, ministro, que hoje é dia que eu posso te ligar", escreveu Dorneles no Twitter para Paulo Bernardo, das Comunicações, num sábado, 29 de janeiro do ano passado. Exatamente uma semana antes, Dorneles brincou com Bernardo: "Me esqueci de te avisar que hoje eu tô de folga, daí o senhor poderia ter dormido até mais tarde".

Tamanha proximidade com Dilma alertou os setores de segurança do Palácio. Dorneles recebeu ordem para desativar sua conta no Facebook, site de relacionamentos onde gosta de mostrar fotos em que aparece de abadá e ao lado de amigas loiras. Como não foi obrigado a encerrar a conta no Twitter, ele ficou em silêncio e manteve a página.

Figura nova

Dorneles é uma figura que o Planalto desconhecia, observou um assessor palaciano. Nos governos anteriores, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva contavam com o apoio de confidentes com mais idade e maturidade. Com eles, bebiam e discutiam questões importantes.

Fernando Henrique trocava impressões com Eduardo Jorge e Clóvis Carvalho, entre outros. Lula tinha ao seu lado Gilberto Carvalho e Clara Ant para "organizar" a vida. Já Dilma é a primeira a incluir no seu círculo de poder, fechado grupo onde os integrantes não têm necessariamente cargo de ministro, alguém que considera filho.

O assessor, de uma família de baixa renda de Porto Alegre, perdeu a mãe há 13 anos. A relação com Dilma tornou-se ainda mais intensa. Foi ele quem atendeu o telefonema do médico Roberto Kalil no dia em que a então candidata à Presidência soube que tinha um tumor.

Os dois guardaram segredo por um tempo, como relata o jornalista Ricardo Batista Amaral no livro A Vida quer é Coragem. O biógrafo da presidente conta que Anderson, a quem chama de "mensageiro" de Dilma, a conhece pelo olhar e pelo silêncio.

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