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Richa entrega à moradora do Tatuquara uma sacola com alimentos: prefeito nega que programa Família Curitibana seja assistencialista | Orlando Kissner/SMCS
Richa entrega à moradora do Tatuquara uma sacola com alimentos: prefeito nega que programa Família Curitibana seja assistencialista| Foto: Orlando Kissner/SMCS

Família Curitibana

Projeto não aparece no orçamento

Apesar de a prefeitura negar que o programa Família Curitibana tenha sido concebido às pressas, com vistas à eleição do ano que vem, o programa não aparece no orçamento de 2009 da prefeitura.

O secretário de Abastecimento, Norberto Ortigara, afirma que não é necessário dizer na Lei Orçamentária Anual (LOA) exatamente o que será feito com o dinheiro previsto no orçamento. "O destino dos recursos é feito de forma genérica."

Neste ano, o programa vai consumir R$ 4 milhões do Fundo Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, recursos previstos na LOA. "Quem decide o que fazer com essa verba é o conselho responsável por administrar o fundo, que destinou parte dos recursos para o programa. Tudo feito dentro de uma base legal", afirmou o secretário.

Ortigara contou ainda que o programa vinha sendo discutido desde 2008 e que só não havia sido lançado antes pelas decisões em torno da concepção do projeto e por questões técnicas envolvendo os cartões que serão entregues às famílias, por meio do qual os beneficiários receberão os R$ 50 mensais. "Estudamos o exemplo do Chile Solidário e de programas brasileiros antes de idealizarmos o Família Curitibana."

O secretário disse ainda que o objetivo do programa é retirar da condição de pobreza, até 2012, 7 mil famílias que se encontram em situação de alto risco. Além dos R$ 50 reais para a compra de alimentos, as famílias beneficiadas pelo projeto terão acesso a qualificação profissional, garantia de acesso e permanência na escola e melhorias nas condições de saúde e moradia. (ELG)

O lançamento ontem do programa Família Curitibana, uma espécie de "Bolsa Família" patrocinado pela prefeitura de Curi­­­tiba, teve clima de campanha eleitoral. Pré-candidato declarado ao governo do estado, o prefeito Beto Richa (PSDB) subiu ao palco acompanhado de deputados estaduais e vereadores, que chegaram a referir-se ao prefeito como o próximo governador do estado.

Richa também distribuiu beijos e abraços aos moradores do Tatuquara (bairro onde o programa foi lançado), posou para fotos com crianças e afirmou que a sua família é a cidade de Curitiba, em alusão ao programa lançado ontem. "O Beto é o nosso ‘deus’ aqui", disse uma moradora que foi convidada a discursar em nome da população.

Do lado de fora do local onde ocorria o evento, estavam estacionados vários ônibus, que trouxeram moradores de outros bairros para participar do lançamento do programa. Em frente do palco no qual foram feitos os discursos, uma tenda protegia do sol as pessoas que chegaram duas horas antes do horário previsto para o início da cerimônia. Quando a presença do prefeito finalmente foi anunciada, houve uma grande comemoração e gritos de "Beto, Beto".

No palco, ao lado do prefeito, estavam os deputados tucanos Valdir Rossoni, Ademar Traiano e Mauro Moraes, além de sete vereadores da base aliada na Câmara e vários secretários municipais.

Antes dos discursos oficiais, duas moradoras subiram ao palco para homenagear Richa. Ao declamar um poema, Tereza dos Santos de Lima classificou o prefeito como uma "nova luz" na vida da população do bairro e disse que o programa municipal ajudará "o povo a sair da lama". Em seguida, ela entregou flores à primeira-dama e presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Fernanda Richa. Já a moradora Marli Fátima de Souza afirmou que o bairro estava "largado", mas que , agora, "a nossa Terra Santa (uma vila da região) está melhorando graças ao Beto".

Falando em nome dos deputados presentes, Mauro Moraes (PSDB) criticou a política de segurança pública do governo estadual e disse que Richa está trabalhando além do que é sua responsabilidade, ao "não cruzar os braços nem fechar os olhos para o caos que vive o Paraná". "Estou descrente com o nosso governo (estadual). Mas isso mudará em 2011, com o nosso próximo governador", disse o parlamentar, numa clara referência ao prefeito de Curitiba, que é pré-candidato ao governo do estado.

Críticas da oposição

Em seu discurso, o prefeito tucano negou que o Família Curi­­­tibana seja um programa assistencialista e defendeu que a população carente não precisa de esmola, mas de oportunidade. Pelo programa, 7 mil famílias da cidade receberão R$ 50 mensais para comprar alimentos em armazéns mantidos pela prefeitura, além de participarem de outros projetos de inclusão social. Segundo Richa o programa é melhor que o Bolsa Família, mantido pelo governo federal.

Para a oposição, no entanto, o projeto tem objetivos diretamente ligados à eleição de 2010. "A própria direita questionava o Bolsa Família; dizia que era eleitoreiro. E, agora, às vésperas da eleição surge esse programa", criticou o líder do PT na Câmara, vereador Pedro Paulo, em entrevista publicada pela Gazeta do Povo na última terça-feira. "Para mim, parece haver outros objetivos, além do atendimento social. Acho que é puramente eleitoral", complementou o vereador petista na entrevista.

Em resposta aos críticos, Richa classificou as declarações como lamentáveis e disse que "essas são pessoas sem interesse em trabalhar pelo bem da cidade". "Não sou contra a oposição. Mas alguns criticam por criticar e defendem que quanto pior, melhor", declarou o prefeito, que logo depois do lançamento do programa embarcou em um helicóptero, que o aguardava num campo de futebol próximo ao local do evento, para ir embora do Tatuquara, bairro da periferia no Sul de Curitiba.

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