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José Serrra, em evento do Ministério das Relações Exteriores | Camilla Krishna/AIG-MRE
José Serrra, em evento do Ministério das Relações Exteriores| Foto: Camilla Krishna/AIG-MRE

A saída de José Serra do Ministério das Relações Exteriores na noite desta quarta-feira (22) deixa vagas agora duas das principais pastas do governo Michel Temer — além do Itamaraty, o Ministério da Justiça — e pode levar o presidente a fazer um rearranjo na Esplanada dos Ministérios.

No PSDB, os dois principais nomes para o cargo, tidos como de perfil semelhante ao de Serra e que podem ocupar a vaga são o dos senadores Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Tasso Jereissati (CE). Apesar disso, os tucanos admitem que, diante do apetite do PMDB por mais espaço no governo, Temer pode “rearrumar” a participação dos partidos em sua equipe. Ministros do PSDB acreditam, no entanto, que a legenda de Temer não tem quadros que preencheriam o perfil desejado para a pasta.

“Se houver decisão do presidente do PSDB de manter o mesmo tamanho do partido no governo, tem todo o desenho favorável para assumir o Aloysio ou o Tasso, sem dúvidas os nomes com mais perfil para substituir Serra. Pode ser que o PMDB queira reivindicar, mas eles não têm perfil para o Itamaraty”, disse um ministro tucano.

O senador José Serra (PSDB-SP) pediu demissão do cargo de ministro das Relações Exteriores de na noite desta quarta-feira. Em uma conversa pessoal com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, o tucano entregou uma carta pedindo a exoneração do posto. Ele afirmou ao presidente que precisará passar por um tratamento de saúde de pelo menos quatro meses, período no qual não poderia fazer viagens internacionais, que fazem parte da rotina do posto de chanceler.

Exoneração sai nesta quinta-feira (23)

A exoneração, a pedido, será publicada no Diário Oficial desta quinta-feira. Marcos Galvão ficará interinamente no cargo.

Segundo auxiliares do presidente, Temer insistiu para que ele permanecesse no posto, mas Serra disse que não seria possível atender ao pedido. Em dezembro, Serra foi submetido a uma cirurgia na coluna vertebral, no Hospital Sírio-Libanês. Na carta, o senador tucano se justifica sobre o pedido para sair do governo.

“Faço-o com tristeza, mas em razão de problemas de saúde que são de conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de Chanceler. Isto sem mencionar as dificuldades para o trabalho do dia a dia. Segundo os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses”, explicou na carta.

Na reunião com o presidente, Serra levou exames para deixar clara a necessidade de deixar o posto. Na carta, Serra agradeceu a Temer e pelo apoio e prometeu ajudá-lo no Congresso:

“Para mim foi motivo de orgulho integrar sua equipe. No Congresso, honrarei meu mandato de senador trabalhando pela aprovação de projetos que visem á recuperação da economia, ao desenvolvimento social e à consolidação democrática do Brasil”.

Há cerca de dois meses, Serra, que tem 74 anos, já havia confidenciado a amigos que vinha se sentindo cansado para o dia a dia desgastante do ministério. Segundo um deles, o então chanceler chegou a dizer que, no entanto, temia que um eventual pedido de demissão fosse interpretado como uma reação de temor em relação à Operação Lava Jato. Após a cirurgia na coluna, no fim de dezembro, Serra realizou apenas uma viagem ao exterior, indo semana passada para a Alemanha.

Há duas semanas, ao encontrar com outro amigo, Serra relatou que a recuperação de sua cirurgia estava ruim, que vinha sentindo muitas dores, e que estava com muita dificuldade de viajar. O próprio presidente Michel Temer vinha sendo informado sobre o quadro de saúde. Nesta quarta-feira, no entanto, Serra ligou cedo para o presidente e pediu uma audiência. O presidente, notando o objetivo do encontro, tentou adiar. Mas Serra preparou a carta de demissão e acabou sendo recebido pessoalmente.

“Não adianta, não é só um problema físico. Ele não estava feliz, ela uma reclamação aqui, outra acolá “, conta este político, amigo de Serra.

Ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Serra chegou ao Itamaraty após uma aproximação intensa com o PMDB desde sua eleição para o Senado, em 2014. Quando o impeachment ainda se delineava no horizonte, o senador tornou-se um interlocutor privilegiado de Michel Temer e frequentemente dava sugestões para a economia, no que era visto como uma tentativa de integrar a futura equipe do governo para a área. No entanto, ao ficar claro que seria preterido para a Fazenda e o Planejamento, sinalizou seu interesse nas Relações Exteriores.

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