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José Eduardo Cardozo: deve dar esclarecimentos | Antônio Cruz/ABr
José Eduardo Cardozo: deve dar esclarecimentos| Foto: Antônio Cruz/ABr

Tudo começou

Funcionário público delatou esquema à PFDa Redação

A Operação Porto Seguro começou com o arrependimento de um auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), segundo relatório da Polícia Federal, informou ontem o jornal Folha de S. Paulo. Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr. contou à PF que em 2010 havia recebido uma oferta de R$ 300 mil de Paulo Rodrigues Vieira para fazer um relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos e que corria o risco de ter o contrato anulado por irregularidades na licitação. Faria Jr. disse à PF que não aceitou a oferta de R$ 300 mil, mas que mesmo assim Vieira entregou-lhe dois pacotes com R$ 50 mil. Arrependido, ele procurou a PF, devolveu o dinheiro e virou delator. Com as informações, a polícia passou a monitorar os telefones de Vieira.

  • Rosemary, ex-chefe de gabinete: indiciada pela PF

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, encabeça a lista de possíveis convocados pelo Senado para prestar esclarecimentos sobre o esquema de uma organização criminosa infiltrada em órgãos públicos revelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Também fazem parte da relação de eventuais convocados o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e a ex-chefe de Gabinete da Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa Noronha, demitida no sábado por ordem da presidente Dilma Rousseff. Rosemary e José Weber Holanda Alves, braço direito de Adams na AGU, foram apontados pela PF como participantes do esquema de venda de pareceres técnicos.

Hoje, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) irá protocolar na Comissão de Constituição e Justiça pedido para convocar Cardozo. Simon argumenta que o ministro deve detalhar a operação da PF e explicar medidas do governo na área. "O ministro ou outra pessoa que a presidente Dilma Rousseff quiser deve falar sobre as providências que foram tomadas e as mudanças que serão feitas nesse setor", afirmou o senador. A assessoria do Ministério da Justiça destacou que Cardozo só irá ao Congresso se for convocado.

Simon avalia que o escândalo no escritório da Presidência em São Paulo é "grave demais", pois ocorreu na "alma do governo". Ele diz, no entanto, que o Congresso não tem condições no momento de propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso. "Seria muita coragem e cara de pau (do Congresso) pedir CPI depois do vexame da comissão do Cachoeira", disse Simon, referindo-se ao relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI criada para investigar os negócios do contraventor Carlos Augusto Ramos, que pediu o indiciamento de adversários do governo e deixou de fora aliados envolvidos com o bicheiro.

Adeus Supremo

O afastamento do advo­­gado-geral adjunto da União José Weber Holanda Alves por ordem da presidente Dilma Rousseff, no sábado, tornou praticamente nula a possibilidade de Luís Inácio Adams ser escolhido ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). No Planalto, está sendo mal visto o fato do advogado-geral da União continuar defendendo Weber das suspeitas apontadas no inquérito da PF. Ele bancou a ida do adjunto para o cargo, mesmo após a Casa Civil vetar o nome dele, por conta de supostas de irregularidades cometidas em cargos anteriores. Servidores da AGU já organizam protesto por moralidade no órgão, marcado para a quinta-feira.

A presidente Dilma Rous­­seff tenta tratar o caso como encerrado para o Planalto, reiterando apenas que a Polícia Federal tem liberdade para agir e que as investigações atingirão quem tiver de atingir. Mas não esconde preocupações sobre o que mais poderá vir à tona, além de temer que a oposição consiga criar uma nova CPI.

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