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Senadores criticaram nesta sexta-feira (28) a atuação do ministro Aloizio Mercadante (Educação) como "conselheiro político" da presidente Dilma Rousseff e defenderam sua saída do cargo.

Os congressistas responsabilizam o ministro pela ideia do plebiscito sobre a reforma política, que deve ser encaminhado ao Congresso na semana que vem.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que Dilma deveria efetivar Mercadante na Casa Civil e encontrar um substituto para o Ministério da Educação, que está sem "comando" diante da forte articulação política do seu titular.

"Se ele é realmente útil na Casa Civil junto à presidente, ela deveria tê-lo por mais tempo e, para isso, a gente tem que colocar alguém no Ministério da Educação. Eu sou da área, eu converso, as pessoas estão se ressentindo da falta de um ministro da Educação no Brasil", afirmou Cristovam. Para o senador, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) teve o seu papel no governo "preterido" por um ministro de outra pasta. "Passou da hora da presidente fazer uma reforma ministerial completa, mudando o perfil dos ministros. A maior inimiga da presidente Dilma não deixa ela fazer isso. É a candidata Dilma", completou Cristovam.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que Dilma se aconselhou com Mercadante sobre as manifestações que se espalham pelo país, mas deixou de dialogar com os verdadeiros responsáveis pela execução da consulta popular: governadores, Congresso e o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

"A dona Dilma deixa de lado o vice, o presidente da Câmara, do Senado, os presidentes de outros partidos e apresenta suas propostas. Reunir os governadores e comunicar o que ela vai fazer, é falta de experiência", atacou Simon.

Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que Mercadante foi promovido à "condição de condestável do regime" --cargo criado no Império Romano com amplos poderes políticos e militares. O tucano acusou o ministro de ser o responsável por determinar os temas que devem ser incluídos no plebiscito para consultar a população sobre mudanças no sistema político.

"Quem está dizendo quais temas serão encaminhados ao Congresso para que o Congresso delibere é o ministro da Educação. Ele é quem vai dizer qual é o cardápio. O Congresso poderá acrescentar, eles concedem. Concedem que o Congresso possa acrescentar uma ou outra questão", criticou.

Para o tucano, Temer e os presidentes da Câmara e do Senado estão dizendo "amém" a toda a articulação conduzida por Mercadante. "Dizem amém, quando convocar plebiscito ou referendo é competência exclusiva do Congresso Nacional."

Plebiscito

Críticos do governo, senadores "independentes" e da oposição dedicaram a sessão de discursos do Senado desta sexta-feira para criticar a realização do plebiscito para a reforma política --especialmente após decisão do Palácio do Planalto de realizar uma consulta "enxuta" à população.

Aloysio Nunes disse que o governo quer restringir a consulta popular a poucos temas para viabilizar a reforma política gestada pelo PT.

"Eu não tenho dúvida nenhuma disto: o PT já tem uma ideia atrás do plebiscito. O que o PT quer impor é o seu modelo, é o seu modelo eleitoral, o modelo decidido pelo partido como caminho para se perpetuar no poder, que é o voto de lista e o financiamento público", afirmou.

Cristovam disse que o Congresso, com maioria de aliados do governo, não vai rejeitar o modelo elaborado pelo Planalto. "São perguntas que terão uma certa manipulação, que farão votar como o governo quer. Se isso for mandado para cá, teremos de aceitar ou criaremos uma crise muito séria de legitimidade." A presidente definiu que enviará ao Congresso uma mensagem de no máximo cinco pontos sugerindo a realização do plebiscito para nortear a elaboração de uma reforma política. Depois de três reuniões com presidentes de partidos e aliados da Câmara e do Senado, Dilma conseguiu ontem o apoio da maioria de sua base para sua ideia de plebiscito.

O governo decidiu encaminhar sua mensagem ao Congresso na terça, listando pontos --não perguntas-- que deseja incluir no plebiscito. Entre eles, financiamento de campanha (público, privado ou misto) e sistema de votação --voto proporcional, distrital, distrital misto e se em lista aberta ou fechada.

Os pontos coincidem com aqueles que o PT defende. O partido quer financiamento público e voto em lista fechada, no qual os eleitores votam em uma relação de candidatos elaborada pelas legendas.

A presidente, porém, foi avisada de que a proposta de fazer poucas perguntas pode não vingar e que nem todas as regras podem valer para a eleição de 2014. Há congressistas aliados que defendem, entre outros pontos, incluir o fim da reeleição na consulta popular.

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