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Serra em plena campanha: V da vitória com companheiros, dois dias após dizer que pretende ser candidato | Apu Gomes/Folhapress
Serra em plena campanha: V da vitória com companheiros, dois dias após dizer que pretende ser candidato| Foto: Apu Gomes/Folhapress

Kit anti-homofobia

Crivella isenta Haddad

Agência Estado

O novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, isentou ontem o ex-ministro da Educação e pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, de culpa no episódio da produção do kit anti-homofobia. Em sua primeira agenda pública desde que assumiu a pasta, o ministro fez questão de ressaltar, no entanto, que o seu partido, o PRB, terá candidatura própria na capital paulista, o ex-deputado federal Celso Russomano.

"Ele [Haddad] jurou com os pés juntos que não produziu [o kit]. Disse que foi uma ONG contratada pelo ministério", disse Crivella, durante visita a duas colônias de pescadores na ilha da Madeira, na cidade de Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro.

"Não estou falando isso porque vamos apoiá-lo. A pesquisa do Datafolha mostrou que estamos em segundo lugar e que o (ex-governador José) Serra (PSDB) tem uma rejeição maior que a nossa. Então, estamos com chance de ir ao segundo turno e precisaremos do apoio do Haddad".

A nomeação para o ministério de Crivella, senador do PRB do Rio de Janeiro e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino do Deus, foi apontada como uma estratégia do governo federal para blindar Haddad dos ataques de evangélicos por conta do episódio do chamado kit anti-homofobia – elaborado pelo Ministério da Educação durante a gestão do petista e cuja distribuição em escolas foi cancelada depois de protestos de lideranças religiosas.

A iniciativa da presidente Dilma Rousseff, que contou com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também tem como objetivo facilitar uma eventual aliança entre o PT e o PRB em São Paulo – embora o próprio Russomano já tenha afirmado que não vai desistir da candidatura.

A disparada do ex-governador José Serra (PSDB) na pesquisa de intenções de voto para a prefeitura de São Paulo causou reações no PT, PSB e no próprio ninho tucano. Após anunciar, na terça-feira, a intenção de ser o candidato do partido, Serra cresceu nove pontos na pesquisa Datafolha divulgada no sábado e já aparece com 30% das intenções de voto.

Integrante do conselho político da campanha do PT, o deputado estadual Simão Pedro recomendou "paciência" ao partido até que o pré-candidato Fernando Haddad ganhe musculatura eleitoral.

Ao comentar o resultado do Da­­­tafolha, o deputado recorreu ao tra­­dicional argumento de que "pesquisa é um retrato do momento". Na pesquisa, Haddad estagnou com 3%. Celso Russomanno (PRB) es­­tá em segundo lugar, com 19%. Com 10%, Netinho (PCdoB) aparece em terceiro, seguido por Pau­­linho da Força (PDT), que tem 8%. Empatados, com 7% cada, estão Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha (PPS).

"Os números irão se alterar. Os petistas terão de ter paciência, pois Haddad, no aspecto eleitoral, ainda é bastante desconhecido. Temos tempo para mostrar aos eleitores do PT que ele é o candidato do partido, apoiado por Dilma e Lula", afirmou Simão Pedro.

Racha

O PSB está dividido entre Serra e Haddad. A cúpula do partido de São Paulo se encontrou ontem com o tucano para declarar apoio. O PSB paulistano também fechará apoio ao pré-candidato do PSDB.

A decisão dos diretórios estadual e municipal vai contra diretrizes da executiva nacional. Aliado de Lula e da base do governo Dilma, o presidente do PSB, Eduardo Cam­­pos, desembarcou ontem na capital paulista com a tarefa de levar seu partido a apoiar o Haddad.

O prefeito Gilberto Kassab e o governador Geraldo Alckmin intervieram diretamente para angariar o suporte do PSB local à candidatura tucana. Houve uma corrida contra o tempo para fechar com Serra antes da chegada de Campos a São Paulo.

A federalização da disputa entre o PSDB e o PT vai motivar o primeiro anúncio de que poderá haver intervenção num diretório local de partido interessado em fa­­zer uma aliança que é desaprovada pela direção nacional da legenda. Campos dirá hoje ao presidente estadual do partido, Márcio França, que as movimentações pró-candidatura do tucano José Serra não têm validade alguma.

Campos aproveitará sua passagem por São Paulo para conversar com os dirigentes dos diretório estadual e municipal do PSB. Vai lembrá-los que o último congresso do partido, realizado no final de novembro, decidiu que todas as alianças para as eleições de outubro em capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes têm de ser homologadas pelo diretório nacional. Como os socialistas só se aproximaram de Serra, sem uma decisão tomada pelo diretório, Campos não anunciará uma intervenção. Deixará claro que ela poderá ocorrer no futuro, caso os paulistas insistam em ficar ao lado de Serra.

Concorrência no ninho

Nem no próprio PSDB o crescimento de Serra foi recebido por todos com bons olhos. O secretário estadual de Energia, José Aníbal, minimizou a vantagem do colega de partido. Aníbal é adversário de Serra nas prévias que escolherão o candidato tucano, marcadas para o dia 25 de março.

"Pesquisa Datafolha é apenas ‘recall’. Exposição intensa de um candidato, qualquer um, durante dias, cresce", escreveu Aníbal em seu Twitter na manhã de ontem. Ele ainda criticou o ex-presidente do PSDB, José Henrique Reis Lobo, aliado de Serra, que defendeu que "os números [sobre o desempenho de Serra] falam por si". "Quem fala por si são as ideias, os conceitos. Você já defendeu melhor suas posições", rebateu Aníbal.

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