Apesar do fim da greve dos controladores de vôo, com de um acordo fechado com o governo na sexta-feira, o caos voltou a tomar conta dos aeroportos de todo o país. Os saguões amanheceram lotados neste sábado. Um balanço divulgado na manhã deste sábado pela Infraero informou que dos 553 vôos previstos entre a meia-noite de sexta-feira e 10h30m deste sábado, 14,8% (82 vôos) tinham sido cancelados e outros 18,3% (101 vôos) estavam atrasados.
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, admitiu que o fluxo de pouso e decolagens no país só deve ser normalizado na próxima terça-feira.
- Em três dias a malha aérea do país estará recomposta. Esse problema foi pontual, provocado pelos controladores, mas ainda falta avião no Brasil. Essa recomposição da Varig deve ajudar, mas faltam 40 ou 50 aviões da classe Boeing no país.
Ele pediu paciência aos passageiros e recomendou que sigam as instruções das companhias aéreas. J. Carlos contou que está há dois dias sem dormir e trabalhou para resolver problemas nos aeroportos.
A situação mais grave foi registrada no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Todos os vôos estavam atrasados em pelo menos uma hora e as filas nos guichês das companhias aéreas chegavam até o lado de fora do aeroporto.
Os controladores de vôo encerraram a greve iniciada por volta das 19h de sexta-feira depois que o governo recuou e aceitou negociar com a categoria . Na terça-feira, eles terão uma reunião para selar o entendimento firmado às pressas com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Entre as reivindicações está a desmilitarização da categoria.Nos aeroportos
Na manhã deste sábado, o Aeroporto Internacional de São Paulo operou com restrições das 6h27m às 8h30m por conta da neblina. Dois vôos foram desviados, um para Campinas e outro para o Rio de Janeiro, da Varig e da Lan Chile. Não há informações sobre cancelamentos e atrasos porque as empresas, segundo a Infraero, estão refazendo as suas malhas aéreas. Ou seja, estão se reprogramando para embarcar os passageiros.
A Gol Linhas Aéreas pede que seus passageiros não compareçam aos aeroportos neste sábado. Segundo nota divulgada pela companhia, todas as remarcações dos vôos serão feitas pela Central de Relacionamento com o Cliente sem cobrança de taxas e diferenças tarifárias. As demais companhias aéreas também pedem que os passageiros liguem para a Central de Atendimento. Até o momento não há previsão para retorno das operações.
No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pelo menos 42 vôos estão atrasados. Segundo o painel eletrônico da Infraero, há registro de atrasos de 18 partidas e 24 chegadas. Não há confirmação de outros 13 vôos que deveriam partir e 26 vôos que estavam previstos para aterrizar. Já no Aeroporto Internacional de Guarulhos, os atrasos chegam a oito horas.
O Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, está lotado de passageiros. Os atrasos revoltaram os passageiros e uma funcionária de uma companhia aérea chegou a ser agredida. A fila do check-in da Gol tem aproximadamente 400 pessoas. Segundo a Infraero, até o momento 17 vôos foram cancelados e dez estão atrasados. Os passageiros que tiveram seus vôos cancelados estão sendo informados de que embarcarão somente no domingo. As esperas chegam a três horas.
O caos aéreo chega também ao aeroporto internacional Tancredo Neves, em Confins, Minas Gerais, onde passageiros esperam pelo embarque desde as 17h de sexta-feira. Em Porto Alegre, 12 vôos marcados para a manhã deste sábado foram cancelados. As companhias aéreas estão pedindo que os passageiros entrem na fila para cancelar a passagem e remarcar o vôo. No momento, a fila do check-in chega a aproximadamente 500 pessoas.
No Aeroporto Internacional de Brasília, o painel da Infraero registra 11 vôos cancelados. Entretanto, de acordo com uma funcionária de uma companhia aérea, o painel não é muito confiável, porque muitos vôos que aparecem como cancelados estão apenas atrasados. Segundo a funcionária, isso confundiria os passageiros e provocaria uma confusão ainda maior.
Acordo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia desautorizado o comando das Forças Armadas, que havia mandado prender controladores de vôos em greve, e decidiu-se por uma saída negociada.
De Washington, onde está para encontro com o presidente americano George W. Bush, Lula ligou para o Brasil e conversou com seu vice, José Alencar, e com o ministro da Defesa, Waldir Pires. Segundo relato da assessoria de Lula, o presidente determinou que se "reestabeleça a normalidade" no serviço de controle de tráfego aéreo por considerar que se trata de uma "questão de segurança nacional"
