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“Não apoiei nenhum dos candidatos. Sou vereador e serei presidente da Câmara. Como irei vigiar o próximo prefeito, se apoiá-lo agora?” | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
“Não apoiei nenhum dos candidatos. Sou vereador e serei presidente da Câmara. Como irei vigiar o próximo prefeito, se apoiá-lo agora?”| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Candidatos espertam transição tranquila

Questionado sobre a sucessão na prefeitura caso vença a eleição, Barbosa Neto (PDT) disse que conta com o apoio do Padre Roque Neto para realizar o processo de transição. Segundo ele, Londrina já perdeu boa parte do primeiro semestre do ano e não pode sofrer ainda mais com uma possível descontinuidade durante a troca de prefeitos. "Há contratos importantes vencendo que precisam ser tratados em conjunto e graves problemas financeiros a serem solucionados", afirmou. "Por isso, acredito que o Padre Roque terá responsabilidade com esse assunto e vai nos dar totais condições de fazer uma boa transição."

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Londrina - Tendo recebido exatos 2.708 votos em um colégio eleitoral com quase 342 mil eleitores, José Roque Neto (PTB) elegeu-se vereador e acabou ficando, também, com a prefeitura de Londrina. Logo em sua primeira tentativa de entrar na vida pública, Padre Roque Neto – como é conhecido pela população local – tornou-se prefeito da terceira maior cidade do Sul do país.

O prefeito interino de Londrina abandonou o sacerdócio em outubro de 2004 e chegou, inclusive, a trabalhar em um supermercado após deixar a igreja. Apesar da reviravolta que teve na vida em pouco mais de quatro anos, Padre Roque Neto se disse tranquilo à frente da prefeitura e garantiu que tem trabalhado de maneira intensa para entregar a melhor cidade possível ao candidato que for eleito hoje. "Três meses parecem pouco tempo, mas têm sido um período de muito trabalho. Estamos dando o chute inicial que será continuado por quem vier depois de mim", afirmou. O chefe interino do Executivo londrinense negou que tenha se excedido na distribuição de cargos comissionados e explicou porque se manteve neutro durante o terceiro turno. "Agora, vamos deixar que os próprios eleitores decidam quem será o novo prefeito."

O senhor foi eleito vereador, mas acabou assumindo a prefeitura. O que foi possível fazer em apenas três meses de governo, já que o trabalho de um prefeito é bem diferente do que faz um vereador?

Procurei agir com tranquilidade e priorizei as coisas básicas, os pequenos problemas da cidade: os postos de saúde, a limpeza do mato, o recape asfáltico, a iluminação. Fui um prefeito presente, mesmo não sendo possível fazer tudo. Em três meses, dei apenas o chute inicial para agilizar todo o processo ao prefeito que virá a seguir. Além disso, conheci de perto o trabalho no Executivo e, a partir de agora, poderei fazer um trabalho muito melhor na Câmara. Até mesmo na hora de cobrar as coisas do próximo prefeito.

Nos primeiros 50 dias como prefeito, o senhor nomeou 73 servidores comissionados. O seu antecessor, Nedson Micheleti (PT), nomeou 80 em oito anos. Por quê?

Isso é uma grande mentira. Dos 85 cargos permitidos por lei, nomeei apenas 68 funcionários. Todos são pessoas competentes e que realmente trabalham. Não são daqueles que vem à prefeitura só no fim do mês para buscar o salário. Toda oposição é natural, mas, dessa vez, eles estão procurando chifre em cabeça de cavalo. Nunca neguei nenhuma informação à Câmara, tudo está transparente e aberto a quem interessar. Não agi de forma errada, então não vou levar essa culpa comigo. Além do mais, é impossível um prefeito trabalhar com menos de 50 assessores.

Mas muito se comenta que a maioria desses cargos é ocupada por partidários que ajudaram o senhor a se eleger presidente da Câmara para assumir a prefeitura.

É claro que esse tipo de nomeação envolve questões de alianças políticas. Esses cargos também são uma forma de retribuir apoios, mas isso não quer dizer que vou encher a prefeitura de comissionados. Alguns vereadores me ajudaram na eleição para a presidência da Câmara e, diante disso, certas nomeações foram uma resposta natural a essa colaboração. Isso é política. Mas não quero levar o ônus de nada de errado e, por isso, sempre procurei fazer tudo dentro da legalidade. Agora, o que eu acho errado são as negociatas que existem entre os vereadores para que determinados projetos sejam ou não aprovados. Isso não deveria acontecer, mas, infelizmente, acontece.

A que o senhor atribui a aprovação de quase 70% que o seu mandato recebeu da população de Londrina?

É o reflexo da vontade política de fazer as coisas em prol da cidade. Sempre procurei conhecer a situação interna da prefeitura para facilitar a liberação das coisas mais simples. Um prefeito precisa ser prático. Mas essa aprovação não está só na minha pessoa. Distribuo isso com os meus secretários e servidores, afinal é o prefeito quem tem nas mãos o maior número de funcionários na cidade – quase 7 mil pessoas. E, claro, a minha popularidade como padre também contribuiu para esse índice ficar muito perto de 70%.

No entanto, existe o comentário de que qualquer sucessor do Nedson Micheleti (ex-prefeito), que saiu do cargo bastante criticado, conseguiria conquistar a empatia da população.

O Nedson tinha tudo para que a cidade desse um salto enorme de qualidade. Ele contava com o apoio do PT na esfera federal e do PMDB aqui no Paraná. Por isso o povo questiona por que Londrina não se desenvolveu nos últimos oito anos. Quem ocupasse esse vácuo seria, com certeza, bem avaliado. Mas não questiono nem julgo o Nedson pelo que aconteceu. Ele sofreu muito com a morte da esposa. Tenho convicção de que não era intenção dele que as coisas tomassem esse rumo.

Nos bastidores, o senhor chegou a apoiar algum dos candidatos na disputa do terceiro turno (Hauly ou Barbosa Neto)?

Não apoiei nenhum dos candidatos. Sou vereador e serei presidente da Câmara. Como irei vigiar o próximo prefeito, se apoiá-lo agora? Além disso, declarei apoio ao Barbosa no primeiro turno e ao Hauly no segundo. Agora, preferi optar pela neutralidade e deixar que o povo decida, afinal todos já estão cansados desse longo processo eleitoral.

Mas o deputado Hauly garante que ajudou a formar o atual quadro de secretários e, inclusive, citou inúmeras vezes o nome do senhor durante debates e no horário eleitoral. Isso não demonstra um apoio mútuo entre os senhores?

O Hauly e eu sempre estamos juntos, principalmente pelo fato de sermos da mesma igreja. Mas ele nunca indicou nenhum dos meus secretários. No entanto, dei liberdade a todos eles para apoiar qualquer um dos candidatos, desde que não usassem o nome da prefeitura. Desde o início da disputa, mantive neutralidade e abertura tanto com o Hauly quanto com o Barbosa. E também nunca barganhei nada com nenhum deles.

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