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Michel Temer (PMDB), atual presidente da República | Beto Barata/PR
Michel Temer (PMDB), atual presidente da República| Foto: Beto Barata/PR

O ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho denunciou a entrega de dinheiro em espécie no escritório do advogado José Yunes, um dos conselheiros mais próximos do presidente Michel Temer (PMDB), durante a campanha eleitoral de 2014. As cifras fariam parte de um repasse de R$ 10 milhões que Temer teria negociado com ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, em uma reunião no Palácio do Jaburu, em 20 de maio daquele ano, dois meses depois do início da Operação Lava Jato. Em nota, Temer refutou as acusações.

As informações da delação foram divulgadas pelo Buzzfeed News e a Revista Veja e confirmadas pela reportagem do jornal O Globo. Esta não é a primeira vez que o nome de Yunes aparece na Lava Jato associado a supostas movimentações financeiras de Temer. Em uma das perguntas endereçadas ao presidente dentro do processo que é réu, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) levanta suspeita sobre a relação entre os dois e um suposto “caixa 2”. “O sr. José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição de Vossa Excelência ou do PMDB, de forma oficial ou não declarada ?”, indaga Cunha.

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Cunha fez a pergunta a Temer no processo em que é acusado de receber propina para intermediar a venda de um campo seco de petróleo no Benin para a Petrobras. Temer é uma das testemunhas arroladas pela defesa do ex-deputado, que está preso em Curitiba. O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, vetou esta e mais outras 20 perguntas do ex-deputado. A explicação é que as questões não estavam relacionadas diretamente com o processo em curso contra o ex-deputado. Se quisesse, o presidente poderia responder as perguntas fora dos autos, mas até agora não o fez.

Cláudio Melo Filho disse ainda que, dos R$ 10 milhões supostamente acertados com Temer, R$ 6 milhões seriam para a campanha de Paulo Skaf, presidente da Fiesp e candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014. Os R$ 4 milhões restantes teriam como destinatário o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, responsável pela distribuição do dinheiro entre outras campanhas do partido.

A delação do ex-vice presidente da Odebrecht faz parte de um pacote de outras mais de 70, firmadas por ex-executivos da empresa com a Operação Lava Jato. Além das delações, também foi firmado um acordo de leniência, onde aceitou pagar R$ 6,7 bilhões em compensações.

Delação explosiva

A Revista Veja informou que teve acesso à íntegra dos anexos da delação de Melo Filho, que trabalhou por doze anos como diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.

Em 82 páginas, o executivo contou como a maior empreiteira do país comprou, com propinas milionárias, integrantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo.

Segundo a revista, deputados, senadores, ministros, ex-ministros e assessores da ex-presidente Dilma Rousseff também receberam propina. A distribuição de dinheiro ilícito teria alcançado integrantes de quase todos os partidos.

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O delator apresentou e-mail, planilhas e extratos telefônicos para provar suas afirmações. Uma das mensagens mostra Marcelo Odebrecht, o dono da empresa, combinando o pagamentos a políticos importantes, identificados por valores e apelidos como “Justiça”, “Boca Mole”, “Caju”, “Índio”, “Caranguejo” e “Botafogo”.

Em nota, Temer diz que acusações de Cláudio Melo Filho são falsas

O presidente Michel Temer divulgou uma nota à imprensa nesta sexta-feira (9), para rechaçar as supostas informações da delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que teria afirmado que Temer pediu R$ 10 milhões ao empreiteiro Marcelo Odebrecht em 2014, conforme divulgado pelo site BuzzFeed News e pela Revista Veja.

“O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho”, diz a nota. “As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente” completa.

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