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Ainda que de forma cautelosa, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumiu publicamente no domingo (6) uma postura de crítica à posição adotada pelo PT e pela presidente Dilma Rousseff diante da 24.ª fase da Operação Lava Jato, que teve o ex-presidente Lula como principal alvo. Temer evitou falar da nova etapa da Lava Jato, mas defendeu a união das forças políticas, a pacificação e a harmonia entre os poderes – ao mesmo tempo em que o governo e petistas partem para o confronto aberto com o Judiciário, Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal, que conduzem a Lava Jato.

Temer havia adotado um período de silêncio após ter feito críticas diretas a Dilma no ano passado. Na ocasião, o rumor era de que ele estaria articulando o impeachment da petista para assumir a presidência. A declaração do domingo rompe o silêncio. E sinaliza que Temer se coloca como defensor daquilo que muitos consideram a solução para o país sair da crise política: um governo de união nacional.

“Todos temos que dar as mãos para o país sair da crise. Não é momento de se pensar no valor governo, nem no valor partido e, sim, no país como um todo”, disse Temer. “Só assim conseguiremos retomar a confiança dos brasileiros. Judiciário, Executivo e Legislativo precisam caminhar em harmonia. A falta de harmonia entre os três poderes chega a ser uma inconstitucionalidade.”

Não é momento de se pensar no valor governo, nem no valor partido e, sim, no país como um todo.

Michel Temer (PMDB) vice-presidente da República.

A declaração de Temer vai no sentido oposto à postura do PT e da própria presidente Dilma. Na sexta-feira (4), Lula discursou e fez duras críticas ao juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato. No sábado (5), Dilma viajou a São Bernardo do Campo (SP), onde o ex-presidente mora, para mostrar solidariedade ao colega de partido. A presidente não falou com a imprensa, mas petistas disseram que a conversa entre os dois foi sobre o “abuso” de Moro. Segundo relato do deputado Vicentinho (PT-SP), que acompanhou a visita, Dilma disse ainda que a condução coercitiva de Lula para prestar depoimento foi “desnecessária”. A presidente também criticou o espírito “espetaculoso” que cercou a operação da Polícia Federal.

Além disso, o PT está organizando protestos em todo o país contra o que chamam de golpe contra o governo. Lula pediu a seus partidários que o apoiem para defendê-lo da acusação de envolvimento no escândalo da Petrobras. O clima entre militantes é de beligerância. Na sexta-feira, dia da deflagração da nova fase da Lava Jato, petistas e opositores do governo chegaram a entrar em confronto em São Paulo.

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