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Carlos Lima: Congresso tenta uma “salvação” diante da delação da Odebrecht. | Henry Milleo/Gazeta
Carlos Lima: Congresso tenta uma “salvação” diante da delação da Odebrecht.| Foto: Henry Milleo/Gazeta

Membros do Ministério Público Federal (MPF) reagiram nesta quinta-feira (24) às articulações de deputados para aprovar o pacote anticorrupção com medidas que beneficiem os políticos. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse esperar a aprovação do pacote das Dez Medidas Contra a Corrupção “sem surpresas e sem más notícias”. E o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, alertou que o Congresso não vai tentar anistiar apenas caixa 2, mas os crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. “Todo o trabalho [de combate à corrupção] desde o mensalão irá para o lixo”, disse ele.

Em debate em Brasília, Lima insinuou que os parlamentares estão “em polvorosa” com a delação negociada pela Odebrecht, na reta final de ser celebrada, e por isso tentam uma “salvação” no Congresso. “Temos talvez uma grande colaboração a ser celebrada esta semana. Não é à toa que o Congresso Nacional está em polvorosa. Há muitos necessitados de salvação entre deputados e senadores e são eles que estão agora abandonando todo o pudor lutando pela sua sobrevivência”, disse Lima.

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Em discurso duro, o procurador foi crítico à repatriação de recursos mantidos no exterior por parentes de políticos (projeto que também vai tramitar no Congresso) e à reação dos parlamentares para tentar alterar o pacote das medidas contra a corrupção. Segundo ele, hoje “não é dia de luva de pelica, é dia de luva de boxe”, para conseguir aprovar as medidas na sua essência.

Quase todos os partidos

O plenário da Câmara se reúne nesta quinta-feira para votar o relatório do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) com as propostas de combate à corrupção baseadas das 10 Medidas contra a corrupção elaboradas pelo Ministério Público Federal.

Líderes de praticamente todos os partidos, com exceção da Rede e do PSol, articulam para tentar derrubar o texto do relator Onyx Lorenzoni DEM-RS) e aprovar um projeto substitutivo no plenário da Casa. O novo texto deverá incluir as duas medidas que ficaram de fora do pacote aprovado nesta quarta: a anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e a previsão de punir magistrados e integrantes do Ministério Público Federal por crime de responsabilidade.

“A ideia de se anistiar caixa 2 é falsa. O que se pretende é anistiar corrupção. (...) O que está se pensando no Congresso Nacional é uma anistia aos que em troca de contratos públicos receberam valores. Isto não é crime de caixa 2. Isto é corrupção”, disse Lima.

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Segundo o procurador, presos da Lava Jato e do mensalão deveriam sair da cadeia se a anistia for aprovada. “José Dirceu terá direito de ser liberado no dia seguinte da sanção dessa lei. A redação do que vai ser apresentado essa noite vai incluir corrupção, vai incluir anistia para lavagem de dinheiro. Se aprovada, todo o trabalho desde o mensalão irá para o lixo”, afirmou, em evento organizado na Procuradoria-Geral da República na manhã desta quinta – em que procuradores fazem debate sobre as medidas junto com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).

Voz do cidadão

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse esperar que o Congresso não aprove “surpresas” e não traga ao país “más notícias”. “Esperamos que o parlamento tenha a sensibilidade de, em plenário, aprovar o contexto da proposta das dez medidas. (...) Confio na sensibilidade do parlamento em ouvir a voz do cidadão”, disse Janot no evento com representantes da ONU.

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Janot buscou mostrar-se otimista: “Estou convencido e seguro de que o Brasil de amanhã será melhor do que o Brasil de hoje”. Segundo ele, a Operação Lava Jato conseguiu trazer para a discussão “a estrutura judiciária do Brasil”. “Com o aprimoramento dessa investigação, pudemos perceber algumas medidas legislativas que auxiliariam as investigações de combate à corrupção”, disse o procurador-geral da República, que defendeu que a Lava Jato não pode ser “um ponto fora da curva” e, para isso, os órgãos de controle não podem ser enfraquecidos.

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