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A rebelião na base aliada - com o PMDB de porta-voz - deverá dificultar ainda mais a votação do Código Florestal, prometida para esta semana. Os rebeldes do PMDB entregarão na terça-feira, oficialmente, o manifesto ao vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), que ocupa interinamente a presidência da República devido à viagem da presidente Dilma Rousseff à Alemanha. As insatisfações se unem às resistências da bancada ruralista ao Código aprovado no Senado. O Palácio do Planalto não quer alterações no texto aprovado, mas já foi avisado de que isso será impossível.

Segundo alguns líderes governistas, a votação deverá ser adiada. O PMDB havia cobrado a votação do Código para esta terça-feira, mas o próprio líder do partido na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), disse que a data da votação poderá mudar.

A polêmica em torno do assunto e o clima ruim na base preocupam o Planalto e líderes aliados. O PMDB, ao organizar um documento, se tornou "porta-voz" das insatisfações. Mesmo assim, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse a aliados que, por enquanto, a votação está marcada para terça e quarta-feira. Maia ainda discutirá a questão.

O próprio ministro da Agricultura, deputado Mendes Ribeiro (PMDB), telefonou para Henrique Eduardo Alves e pediu mais tempo para negociar. O relator do Código, deputado Paulo Piau (MG), pode adiar a apresenção do parecer marcado para essa segunda-feira, devido ao pedido do ministro da Agricultura para negociar mais.

Pressionado pela bancada, o líder Henrique Eduardo Alves disse que as reclamações são antigas, mas argumentou que isso não tem influenciado nas votações. Ele citou o apoio expressivo do PMDB ao projeto que cria o Regime de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp), quando PDT e boa parte do PSB votaram contra, além de oito petistas.

"São insatisfações vêm de muito tempo, mas, nas questões centrais, mesmo assim, o partido tem cumprido o seu dever: na DRU, no salário mínimo e agora no Funpresp. Mas há pouca autonomia dos ministros e a visibilidade do PMDB diminuiu. É natural fazer isso (reclamar). Se bobear, até gente do PT assina isso", alfinetou Henrique Eduardo Alves.

Segundo interlocutores do Planalto, Temer receberá o documento formalmente já como uma forma de "dar uma resposta" e acalmar os ânimos. "Não queremos ser coadjuvantes na coligação", resumiu Danilo Forte (PMDB-CE).

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que a reação do PMDB não afetaria as votações, mas admitiu que a votação do Código Florestal já era polêmica.

"A questão do Código Florestal é um problema à parte, que vamos trabalhar para fazer um acordo, mas não sofrerá reflexos (desse manifesto)", disse Vaccarezza.

Já o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), disse que as divergências não acabarão com mais prazo, afirmando que Marco Maia quer a votação.

"O calendário já foi anunciado. É impossível resolver as divergências, não é questão de tempo", disse Tatto.

Mas o clima na base preocupa. Segundo Danilo Forte, a adesão ao manifesto começou com 45 deputados e já estava nos 55. Na bancada do Rio de Janeiro, por exemplo, apenas dois dos sete assinaram. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) informou que apoia o texto, mas não o assinou ainda. Há irritação com as ações do Palácio do Planalto e do PT em favor dos candidatos petistas nas eleições municipais, em especial em São Paulo.

O deputado Danilo Forte confirmou que o grupo que lançou o manifesto quer retomar, em grande parte, o texto do Código Florestal aprovado na Câmara. No ano passado, o momento de maior tensão entre PMDB e Planalto foi justamente a questão do Código, especificamente a emenda 164, que dava uma espécie de anistia a desmatadores.

"A bandeira do grupo é o Código Florestal. Queremos aproveitar alguns avanços do Senado, mas o grosso será o texto da Câmara. O Código (no ano passado) foi o momento de maior afirmação do PMDB", disse Danilo.

Além da briga por espaço nas eleições municipais, os partidos reclamam da falta de autonomia dos ministros para tomar decisões, centralizadas pela própria Dilma. Essa queixa é generalizada entre os aliados: PMDB, PP, PR, PTB PSB, PDT e até de setores do PT.

O PMDB estava esperando a votação do projeto que cria o Regime de Previdência Complementar dos Servidores Públicos da União (Funpresp) para começar a reagir. Isso porque a senha era não desgastar o ministro da Previdência, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).

No PDT, o deputado Paulo Pereira da Silva - que é candidato em São Paulo - tem recusado conversas com emissários da cúpula petista. Segundo pedetistas, até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria enviado recados a "Paulinho".

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