
O doleiro Alberto Youssef foi condenado ontem a quatro anos e quatro meses de prisão por corrupção ativa devido a empréstimos fraudulentos que ele fez no Banestado, banco do governo do Paraná privatizado em 2000. O processo estava suspenso desde 2004 porque Youssef havia feito um acordo de delação premiada com a Justiça Federal no caso Banestado escândalo de evasão de divisas nos anos 1990 operado por Youssef por meio das chamadas contas CC5 do banco paranaense (por meio das quais era permitido a estrangeiros manter dinheiro no Brasil). O acordo previa que ele não voltaria a trabalhar no mercado paralelo de dólar. Com a prisão de Youssef pela Operação Lava Jato, ficou caracterizado o descumprimento da delação do caso Banestado. E o processo foi reaberto.
INFOGRÁFICO: Entenda a Operação Lava Jato
"Em síntese, na assim denominada Operação Lava Jato, foram colhidas provas, em cognição sumária, de que o ora acusado dedicar-se-ia habitual e profissionalmente à lavagem de dinheiro e igualmente à corrupção de agentes públicos, entre eles parlamentares federais, estes com processos já desmembrados no Supremo Tribunal Federal", diz na sentença o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo caso Banestado e pelos processos da Lava Jato.
Além da pena de prisão, Youssef terá ainda de pagar multa, cujo valor não foi divulgado. Segundo decisão do juiz Sérgio Moro, a ação penal provou que o doleiro, depois de pagar US$ 131 mil de propina ao diretor de operações internacionais do Banestado, obteve um empréstimo em agosto de 1998 de US$ 1,5 milhão da agência do banco que ficava nas Ilhas Cayman,
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o advogado de Youssef, Antônio Augusto Lopes Figueiredo Basto, mas ele afirmou não ter sido notificado oficialmente da decisão. "É lamentável que, antes de a defesa ser comunicada da decisão, o juiz informe a imprensa", disse Basto. O advogado afirmou que vai recorrer quando tiver acesso ao teor da sentença.
Entenda o caso
Alberto Youssef foi um dos principais doleiros envolvidos no caso Banestado. A evasão de divisas ocorreu na década de 1990 por meio de contas CC5 de agência do banco em Foz do Iguaçu. Durante a investigação, descobriu-se que o doleiro controlava diversas contas no Brasil em nome de outras pessoas, que eram usadas para alimentar as CC5.
Uma das principais contas estava em nome da empresa Proserv Assessoria Empresarial S/C Ltda, que foi usada para depositar R$ 172,96 milhões em contas CC5. A investigação também revelou que Youssef enviava boa parte do dinheiro para duas contas no exterior abertas na agência do Banestado em nome das off-shores Ranby International Corp. e June International Corp. A movimentação das duas contas, entre 1997 a 1998,foi de US$ 163 milhões e de US$ 668,6 milhões, respectivamente.
Ao ser acusado pelo crime de evasão de divisas, Youssef aceitou fazer um acordo de delação premiada para reduzir a pena. Mas ele voltou a lavar dinheiro o que foi descoberto neste ano pela Lava Jato. O novo esquema teria movimentado R$ 10 bilhões. Youssef está preso desde março em Curitiba.



