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Idade dos cães não influencia no adestramento, mas sim os vícios adquiridos nesse tempo. Foto: Bigstock.
Idade dos cães não influencia no adestramento, mas sim os vícios adquiridos nesse tempo. Foto: Bigstock.| Foto:

Adestrar um cachorro pode ser mais fácil do que se imagina, por mais bagunceiro que ele seja. Se o seu bichinho é daqueles que fazem xixi fora do lugar certo, mordem o canto dos armários quando não há ninguém em casa, ou ainda latem para estranhos, algumas técnicas de educação podem ajudar muito a torná-lo mais tranquilo.

O adestrador Fernando de Lima Félix, da Eduque Meu Cão, dá 7 dicas de como melhorar o comportamento do dia a dia do seu cão:

1- Como começar

O cachorro tem uma necessidade natural de trabalho, está no instinto de sobrevivência dele. Fernando explica que “não podemos esquecer que antes de ser domesticado, ele era um animal selvagem que precisava caçar para comer, cavar toca para se abrigar, e andava em bandos para manter a segurança e o conforto. O cachorro tem na casa o ambiente dele, mas ele não sabe diferenciar o que é cada objeto lá”.

Ou seja, para começar, é preciso dar alguns brinquedos que ele possa se ocupar sem atacar os objetos de casa. É recomendável dar um brinquedo de cada textura do que há em casa, para ele se acostumar de que é aquilo que ele pode morder e brincar. Depois, com esses objetos, o tutor precisa pensar em brincadeiras que associem os hábitos. Ao invés de mastigar um chinelo, por exemplo, o cachorro vai aprender a morder outra coisa.

2- Tom de voz

Os tutores precisam falar com os cachorros de modo firme e consistente, para que ele aprenda que é errado mastigar um objeto que não é dele. “Então se você falar em tom de brincadeira, de um jeito ele, ele vai entender que está tudo bem, que não é errado fazer o que fez. Aí ele vai lá e mastiga o chinelo de novo”, conta o adestrador.

A mentalidade do cachorro é feita de memórias boas. Se ele mastigou um objeto sem ser repreendido, ele vai acreditar que está tudo bem, que não há problema em morder um chinelo, uma meia, o sofá ou o pé da mesa, por exemplo.

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3- Spray amargo

Se mesmo com os brinquedos o cachorro continuar roendo o sofá, o pé da mesa ou qualquer outra coisa, é possível usar um spray que deixe um cheiro amargo para ele. Há diversos produtos disponíveis no mercado que não possuem contraindicações ou provoquem efeitos colaterais. Fernando de Lima Félix explica que o animal irá encarar isso de duas formas: “a gente cria para ele duas opções de escolha, o brinquedo que é legal, que ele ganha atenção e carinho, ou o móvel que tem um gosto ruim e não ganha nada”.

O adestrador explica, ainda, que o amargo é o cheiro mais aversivo para os cachorros, e que eles vão fugir dele de qualquer jeito. “Mas não adianta colocar pimenta, porque a digestão do animal só começa no estômago, e não na boca como em nós humanos. Para ele não fará qualquer diferença”.

Votação da segunda fase do Concurso Cachorro do Ano encerra dia 18 de dezembro. Foto: Unsplash
Votação da segunda fase do Concurso Cachorro do Ano encerra dia 18 de dezembro. Foto: Unsplash

4- Prendendo a atenção

Uma atividade que o tutor pode fazer em casa é usar alguns brinquedos para prender a atenção do cachorro. “Um dos exercícios para o animal prestar a atenção é o dono mostrar o objeto e atirar a uma pequena distância, para que ele crie empatia com o brinquedo”, conta o adestrador. Ao fazer isso repetidas vezes, o cachorro irá criar uma memória com determinado item, e irá aprender que é com aquilo que ele pode brincar.

Outra atividade que os tutores podem treinar com os brinquedos é fazer o cachorro pular obstáculos em busca do objeto. Este é mais para quem mora em casa ou possui uma rua tranquila, em que faz o cachorro correr e buscar obstáculos até pegar o brinquedo. Assim ele gasta energia e aprende que é com aquilo que ele pode brincar.

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5- Controlando a agressividade com outros

Apesar de ser um animal que convivia em bando, alguns cachorros não gostam da presença de outros por perto, seja por acreditarem que estão disputando espaço ou por atenção dos tutores. Nestes casos, o adestrador Fernando de Lima Félix recomenda que os cães sejam aproximados gradativamente, mas bem devagar. “Na hora da refeição, por exemplo, se o cachorro se incomoda em ter outro por perto, comece deixando os potinhos a uma longa distância. Com o passar dos dias, vá aproximando, vendo a reação do cachorro, mas tudo muito devagar”, explica.

Por outro lado, se a agressividade for com outras pessoas, uma dica é usar guias retráteis presas na coleira ou em cinta no peitoral do cachorro. E aos poucos vai soltando mais a extensão da guia, “deixando com que o animal vá criando um hábito de não andar apenas ao lado do dono”.

Cachorros podem caminhar sem problemas,
 mas exercícios mais vigorosos precisam de atenção do médico veterinário (Foto: visualhunt)
Cachorros podem caminhar sem problemas, mas exercícios mais vigorosos precisam de atenção do médico veterinário (Foto: visualhunt)

6- Latindo no portão

Outra questão muito comum encontrada pelas ruas é de cachorros latindo quando passa algum estranho pelo portão de casa. Para o cachorro, quando uma pessoa que ele não conhece atravessa seu campo de visão, ele acredita que seu território ou seu tutor possam estar em perigo. Aí quando o estranho passa, ele pensa que conseguiu afugentar, como se fosse uma recompensa. O mesmo acontece quando uma visita que ele não conhece chega em casa.

Para resolver isso, o adestrador recomenda que o tutor crie formas de dispersar a atenção do animal. “No portão de casa, por exemplo, a gente pode cobrir uma parte dele com uma lona para ele não ver o que há do outro lado. Isso já tira o impulso dele de querer latir. E aí quando tiver tempo de treinar com ele, o tutor deve levar o animal até perto do portão e, quando alguém passar, faça alguma brincadeira com o cão. Assim, ele irá perder a atenção no portão, e vai associar esta passagem do estranho com algo que possa brincar”, explica.

Já para as visitas em casa, Fernando sugere que o tutor peça ao visitante (antes de chegar em casa) que simplesmente ignore o apelo do cão, e até mesmo vire de costas. Ele conta que “assim o cachorro irá pensar que ninguém quer dar atenção pra ele”.

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7- Xixi no lugar errado

Não é raro o tutor chegar em casa do trabalho e encontrar poças de urina espalhadas por alguns cantos ou no tapete da sala. O adestrador explica que há dois tipos de xixi, o de alívio, geralmente uma poça grande, e o de demarcar território, as vezes apenas algumas gotinhas em cantos. “É preciso descobrir se o problema do xixi está na parte de alívio ou na de comunicação”, explica Fernando.

Se o problema é de comunicação, de demarcar território, é porque há alguma situação de estresse ou de falta de mais atividades. Este hábito acontece também em superfícies verticais, como uma parede, um pé de mesa ou um móvel. Neste caso, é preciso intensificar os passeios e as brincadeiras com ele.

Já o xixi de alívio fora do lugar pode ser resolvido com uma técnica simples. Fernando conta que os cachorros geralmente urinam em locais que pareçam uma superfície absorvente, não tão limpa e longe da comida. Ou seja, “você pode criar um espaço assim, com folhas de jornal ou um tapetinho absorvente, e bem longe da área de convivência, da caminha, da comida e da água dele”.

É também possível usar alguns sprays e soluções que imitam a urina canina, para que o cachorro saiba que é ali que deve fazer as suas necessidades ou demarcar o território dele.

Seguindo estes passos, você terá um cão mais bem educado e dócil com outras pessoas. Vale lembrar que o treinamento precisa ser diário e frequente, já que cada animal possui seu próprio tempo de compreensão.

Veja a Live completa com o adestrador Fernando de Lima Félix sobre como adestrar o seu cão:

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