• Carregando...
Cães doadores de sangue ajudam a salvar vidas
| Foto:

A doação de sangue não é um gesto de solidariedade restrito apenas aos humanos. Em Curitiba, tutores de cães que desejam disponibilizar o sangue de seu bichinho para ajudar outros animais em situação de risco, encontram este serviço à disposição. “A transfusão veterinária de sangue é uma realidade cada vez mais frequente e tem permitido salvar a vida de muitos cachorros”, afirma o veterinário João Paulo Amadio, diretor da PetTransfusion, o primeiro hemobanco veterinário de Curitiba.

Os receptores do sangue, segundo ele, são animais vítimas de doenças (como anemia, câncer, tumores, doenças renais e autoimunes) ou traumas decorrentes de acidentes (como atropelamentos). Neste último caso, a transfusão acontece em caráter de urgência e, muitas vezes, é o que salva a vida do animal.

LEIA TAMBÉM

<<>>

<<>>

<<>>

O processo de doação de sangue tem início logo na seleção dos doadores. O cachorro doador precisa ter idade entre 1 e 8 anos, além de pesar, no mínimo, 25 quilos. Além disso, não pode ter, na história clínica, nenhum tipo de doença grave ou crônica. Estar com a vacinação em dia também é um pré-requisito. “O cachorro que obedecer a estes critérios é candidato à doação de sangue, independentemente da raça. Entretanto, também analisamos a parte comportamental, pois precisa ser um animal dócil e tranquilo, já que o processo é feito sem anestesia ou sedação”, completa o veterinário.

Se for a primeira doação, o sangue, assim como nos humanos, passa por um painel de exames sorológicos completo, que atesta a segurança e a saúde da amostra. Nas próximas doações, que devem acontecer após um intervalo de dois meses, as amostras são testadas instantaneamente, cerca de 10 minutos antes da doação.

No caso da PetTransfusion, o sangue coletado passa a compor o hemobanco, que disponibiliza seu estoque para clínicas e hospitais veterinários da cidade, sob demanda. “Temos sangue estocado, mas, de dois meses pra cá, estamos trabalhando quase no limite, tamanha a procura”, coloca o veterinário.

Como funciona

Depois da análise histórica e clínica do animal e também de uma conversa com o tutor para sanar todas as dúvidas, é feito um acesso na veia jugular do cão doador. São retirados 450ml de sangue em um processo que demora de 30 a 45 minutos. A coleta é feita em uma bolsa de sangue humana, que cumpre bem a função.

O sangue passa então pelo processamento, que resulta em 3 hemoderivados que podem ser utilizados individualmente, se for o caso: concentrado de hemácias, plasma fresco e concentrado de plaquetas, que são especificamente acondicionados. O plasma, tão rico quanto o sangue, é essencial em clínicas veterinárias. Ele atua na coagulação e é um importante agente no tratamento de infecções.

Compatibilidade e riscos

Catalogados, existem mais de 20 grupos sanguíneos caninos, mas apenas 6 têm relevância na medicina transfusional. Cães da mesma raça podem ter tipos sanguíneos diferentes, assim como cães de raças diferentes podem possuir o mesmo tipo. Reações durante e após a transfusão podem acontecer e os riscos não devem ser negligenciados. Assim, o animal receptor é monitorado de forma intensiva e a velocidade da transfusão é menor na primeira meia hora, de modo a identificar (e tratar) precocemente possíveis reações.

E os felinos?

Segundo Amadio, a doação de sangue em felinos conta com algumas particularidades. A primeira delas, é que pelo porte do animal não é possível retirar mais do que 60ml de sangue. Essa pequena quantidade não pode ser acondicionada em uma bolsa comum, visto que não é proporcional às soluções anticoagulantes presentes em seu interior. E, no Brasil, ainda não existe tecnologia para a fabricação de bolsas menores e compatíveis. Tudo isso invalida a criação de um banco próprio para gatos. Algumas especificidades do sangue felino também comprometem o armazenamento.

Contudo, isso não significa que a transfusão não aconteça. No caso dos gatos, o processo acontece nas próprias clínicas. O sangue é retirado em seringa e transferido para o receptor por meio de um acesso intravenoso. Algumas clínicas contam com cadastros de proprietários dispostos a ter seus gatos utilizados como doadores.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]