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Rafaella Paes (à esq.) e  Ana Cláudia Neves com o shitzu Cusco: tratamento com células-tronco está recuperando o pet que sofre de má formação dos rins.
Rafaella Paes (à esq.) e Ana Cláudia Neves com o shitzu Cusco: tratamento com células-tronco está recuperando o pet que sofre de má formação dos rins. | Foto:

Rafaella Paes (à esq.) e  Ana Cláudia Neves com o shitzu Cusco: tratamento com células-tronco está recuperando o pet que sofre de má formação dos rins. 

 

Cusco tinha dois meses quando a dona, a servidora pública Ana Cláudia Neves, 37 anos, descobriu que o animal sofria de uma má formação dos rins. O problema levava o shitzu a ter muitas dores, o que fez com que Ana cogitasse, inclusive, sacrificá-lo para poupá-lo do sofrimento. A medida extrema, no entanto, não foi necessária. O pet foi tratado com células-tronco e, com apenas uma aplicação, teve uma grande melhora. “Não dá para dizer que a recuperação foi total porque o tratamento não está completo. Ele precisa de acompanhamento e mais aplicações”, salienta Ana.

A história do cão, agora com seis meses, ilustra a evolução da terapia celular na medicina pet. Vale lembrar que a célula-tronco dá origem a todas as outras que compõe o corpo de animais e seres humanos. Para o tratamento, elas são retiradas do próprio cão ou gato (ou de outro da mesma espécie), levadas para o laboratório, onde são separadas e transformadas em novas células que serão implantadas no bicho por via endovenosa (através do sangue) ou por aplicação local.

Se elas forem injetadas em um osso, por exemplo, se transformam em células sadias do tecido ósseo. Com isso, o órgão é regenerado. Há, no entanto, uma contraindicação: a presença de tumores, pois as células-tronco podem agravar o problema.

O shitzu de Ana Cláudia não está sozinho na lista de animais que tiveram melhora significativa ao realizar o tratamento. Pretinha, moradora de Borda da Mata (MG), foi diagnosticada com cinomose, uma doença viral grave, que pode ser equiparada com o vírus do sarampo humano, e também passou por um tratamento regenerativo com sucesso. “Após um ano do fim do tratamento, ela tem uma vida normal e não demonstra nenhum sinal de que teve a doença: anda, brinca, pula e sobe escadas”, conta Michele Andrade de Barros, diretora da Regenera Stem Cells, empresa que atua na área da medicina veterinária regenerativa.

Sem milagres

Apesar do sucesso dos tratamentos, o médico veterinário especialista em medicina regenerativa e responsável pela intervenção em Cusco, Ricardo Zanatta, lembra que o tratamento com células-tronco não é milagre. “É uma técnica eficaz para alguns casos e em condições ideais”, justifica Zanatta. O professor de medicina veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), José Ademar Villanova Júnior, concorda com o colega. “É uma ciência em formação. Cada caso deve ser analisado separadamente”, avalia o professor da PUCPR.
Para Cézar Pasqualin, presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (Sindivet-PR), os resultados com a terapia celular são uma prova de que a técnica é eficiente, que precisa ser disseminada e, inclusive, que deveria ser incluída no currículo das universidades.

 

O QUE SÃO CÉLULAS-TRONCO
São células neutras com capacidade de se multiplicar e adquirir a funcionalidade de qualquer tecido, promovendo o restabelecimento do órgão/lesão, tanto sob o aspecto estrutural como funcional.

COMO SÃO APLICADAS
Por via endovenosa (através do sangue) ou por aplicação local. São feitas, geralmente, de uma a três aplicações, com intervalos regulares e acompanhamento contínuo. No entanto, tudo depende do caso e da melhora do pet. Num paciente idoso, por exemplo, a quantidade de aplicação é maior.

DOENÇAS TRATADAS
Geralmente, o tratamento regenerativo é indicado para problemas ósseos e musculares, mas doenças como cinomose, displasia coxofemoral, insuficiência renal crônica, aplasia de medula, lesões na coluna e até mesmo para problemas oftalmológicos já apresentam casos de sucesso.

CUSTO
Cada aplicação custa, em média, a partir de R$ 1,2 mil. Normalmente, se faz entre 1 a 3 aplicações, dependendo da doença e gravidade.

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