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Ciúmes e possessão: o que fazer quando você tem um pet temperamental

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
30/01/2018 18:00
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Cães tendem a ser mais ciumentos e possessivos do que gatos. Foto: Pixabay.

Scarlet Ohara é uma cachorrinha de dez anos que sente muito ciúme de sua tutora, a atriz Lucélia Reis, que mora em Sorocaba (SP). Ninguém pode chegar muito perto da tutora ou de seus brinquedos favoritos que ela manifesta seus comportamento. O nome que ela recebeu não é por menos: faz referência à protagonista do filme “E O Vento Levou”, de 1940. “No filme, Scarlet Ohara é mimada e egoísta exatamente como a minha cachorrinha”, diz.
Motivos não faltam para Scarlet ter ciúmes: quando algum cachorro diferente se aproxima de Lucélia, se a tutora recebe visitas, ou se ela segura uma criança são algumas das situações. “Ela fica arranhando, chorando e pulando para que a pessoa não chegue mais perto de mim. O problema dela é principalmente comigo. Ela jura que eu sou um objeto dela”, diz Lucélia. Segundo ela, os ciúmes têm aumentado conforme Scarlet fica mais velha.
O temperamento da cachorrinha gera até desavenças entre ela e a outra cachorra da atriz, chamada Latoia, de 12 anos. “Elas não se gostam. Elas se toleram por causa desse ciúme excessivo da Scarlet. Para dar carinho para ela [Latoia] tem que ser meio de longe”, diz Lucélia.
Lucélia com sua cachorra Scarlet Ohara. Foto: Arquivo pessoal.
Lucélia com sua cachorra Scarlet Ohara. Foto: Arquivo pessoal.

Território dominado

No caso da também atriz Fernanda Jannuzzelli, que vive em um circo no interior de São Paulo, o temperamento do seu cão Aparício, de dois anos, mudou aos poucos. Após ser adotado, ele tinha medo, principalmente, de homens. Com o tempo, ele tomou conta do trailer em que ela vive. Depois que Fernanda adotou outra cachorra, chamada Ismênia, Aparício demonstrou ainda mais ciúmes.
“Ele ficou mais possessivo. Se chega alguém perto de mim ou alguém passa perto do pote de ração, ele late e avança nas pessoas. E não tem muita paciência com criança”, explica a atriz. O temperamento forte de Aparício contrasta com o de Ismênia, segundo a tutora. “Ela é super boazinha e muito dócil. O Aparício faz gato e sapato dela”, brinca.
Aparício (de lenço vermelho) tornou-se mais ciumento com a chegada de Ismênia (de lenço rosa). Foto: Arquivo pessoal.
Aparício (de lenço vermelho) tornou-se mais ciumento com a chegada de Ismênia (de lenço rosa). Foto: Arquivo pessoal.

Criação e características influenciam

A possessão relacionada ao tutor ou ao território tem características relacionadas tanto à personalidade do animal quanto à ligação dele com a pessoa responsável por ele, conforme explica a médica veterinária e professora da Universidade Positivo, Rebeca Bacchi Villanova.
“Isso pode ser comum em animais que são muito dependentes ou vinculados aos seus tutores. Varia muito de personalidade para personalidade. Aqueles mais independentes até gostam quando chega uma visita em casa. Outros sentem seu espaço invadido, que as visitas roubam a atenção que seria dada a ele pelo dono da casa”, explica.
Segundo a médica, o comportamento é mais comum em cães, já que os gatos são mais independentes. “Quando o animal é criado em ambiente domiciliar, somente com um tutor, não interage com outras pessoas, tem uma tendência a se tornar mais ciumento e possessivo”, explica.

Sinais comuns de ciúmes

Alguns sinais podem ser percebidos pelos tutores e indicar que os animais estão mais ciumentos. Se o pet urinar ou defecar quando chega uma visita ou, no caso do cachorro, latir muito, são alguns sinais de que o animal tenta chamar a atenção do tutor por puro ciúme. Caso seja possível, explica a médica, o tutor pode ter em casa mais um animal para que o pet tenha um novo parceiro.
Promover a socialização do animal ajuda a diminuir comportamento ciumento. Foto: Pixabay.
Promover a socialização do animal ajuda a diminuir comportamento ciumento. Foto: Pixabay.

Socialização

De acordo com a médica, a melhor forma de mudar esse tipo de comportamento é promover a socialização do pet, para que a convivência com as visitas ou com novos moradores seja mais harmoniosa. “É importante que o animal frequente ambientes com outros pets e tenha contato com outras pessoas”.
No caso de crianças e bebês recém nascidos, é bom que o animal não seja excluído e que o tutor permita que o gato ou cão chegue perto da criança, segundo a médica. “O carinho e a atenção tem que ser para os dois. O tutor precisa fazer com que o animal faça parte da rotina do novo ser que chegou em casa”, afirma Bianca.
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