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Um pet pode influenciar positivamente na escolha do parceiro, apontam pesquisas

New York Times
17/03/2018 18:00
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Metade das pessoas considera a pessoa mais atraente se ela adotou um pet. Foto: Julia Janeta/Unsplash,.

Alguma coisa acontece toda vez que Aaron Morrill leva sua vira-lata grandona e peluda para o passeio diário – e sempre o pega de surpresa: se vê cercado de admiradoras.
Elas se reúnem por causa de Donut – “uma cachorra muito fofa”, descreve – e ele geralmente se vê no meio de um grupo de jovens querendo saber a idade dela (quatro anos), se ele a pegou ainda filhote (sim) e se podem passar a mão nela (claro).
“Elas o veem com um cachorro e as defesas vão para o espaço. Supõem que você seja um ser humano decente. Como ter um cão e ser um cara ruim?”, teoriza Morrill, um empresário de 59 anos de Jersey City, Nova Jersey.

Ciência dos relacionamentos

O fenômeno não se resume apenas a Morrill e Donut: segundo as pesquisas, quem tem cachorro geralmente é visto como alguém mais aberto, mais de bem com a vida e simpático. “A presença de um animal também indica um homem capaz de fornecer cuidados – e esses são poderosos sinais para começar um romance”, afirma Helen Fisher, membro do Instituto Kinsey e principal consultora do site de relacionamentos Match.com.

“Ter um cão com certeza diz muita coisa sobre a pessoa; que você tem capacidade para cuidar de alguém, que consegue manter um horário organizado e é responsável, pois precisa alimentá-lo, levá-lo para passear e lhe dar atenção”, prossegue.

Os gays e as mulheres com pets transmitem os mesmos traços de caráter aos parceiros em potencial que, por sua vez, irão analisá-los e avaliá-los da mesma forma”, explica Daniel J. Kruger, professor da Universidade de Michigan, que estuda as estratégias humanas para relacionamentos. “É generalizado. O fator animal aumenta a percepção de que a pessoa é confiável e tem consideração”, explica.

Mais estudos

O que não falta é pesquisa para provar que os sinais enviados pela posse de um animal influenciam o julgamento e o comportamento dos outros.
Um estudo que pediu para um grupo de voluntários avaliar as pessoas de acordo com fotos concluiu que quem aparecia com um cão nas imagens era avaliado como alguém mais feliz, seguro e relaxado.
Em outra série de experimentos, os homens que tiveram mais facilidade em conseguir o número do telefone de pretendentes foram os que levavam um cachorro consigo; tanto homens como mulheres acompanhados de um animal também tiveram mais sorte.

Par perfeito

Saiba quais raças são mais indicadas a exercícios físicos mais intensos e como se deve fazer a preparação do cachorro para acompanhar o tutor na atividade (Foto: Bigstock)
Saiba quais raças são mais indicadas a exercícios físicos mais intensos e como se deve fazer a preparação do cachorro para acompanhar o tutor na atividade (Foto: Bigstock)
Para os solteiros que têm pets, esse fator pode ser decisivo na relação, pelo menos de acordo com uma pesquisa de 2015 que Fisher e seus colegas conduziram com mais de 1.200 registrados no Match.com que possuem bicho de estimação. Entre as revelações estão:
– Mais de 30% dos entrevistados se disseram “mais atraídos por alguém” porque a pessoa tinha um pet.
– Metade confessou que acharia a pessoa mais atraente se soubesse que ele(a) adotou um pet.
– A maioria acha que o pet escolhido pelo namorado(a) diz muito sobre sua personalidade.
– Mais de 50% das pessoas admitiu não querer sair com alguém que não gostasse de animais.
– As mulheres parecem ter opiniões bem mais fortes que os homens a respeito dessas questões.
“Elas geralmente são mais específicas que eles. Querem saber se o sujeito tem a ver com seus interesses, e essa pode ser uma forma de medir se ele está dizendo a verdade, e se é a pessoa certa em uma sociedade imensa e anônima”, explica Peter B. Gray, antropólogo e pesquisador que liderou o estudo.

Tratamento

Outra conclusão interessante foi a de que quase 70% dos entrevistados admitiram julgar o(a) namorado(a) baseados na forma como ele(a) reage ao próprio animal. “O fato de as pessoas permitirem que um gato ou um cachorro influenciem seus relacionamentos amorosos é fenomenal”, confessa Justin Garcia, professor associado de Estudos de Gênero do Instituto Kinsey , um dos autores da análise.
E diz: “Com os jovens adiando o casamento e os filhos, preferindo ficar solteiros mais tempo, é bem possível que encarem os pets como um dos aspectos mais duradouros e estáveis da vida.”

Mais cuidadosos?

Se quem tem animal de estimação é realmente mais simpático e cuidadoso do quem não tem é difícil afirmar. Em uma série de estudos, duas pesquisadoras canadenses, Anika Cloutier e Johanna Peetz, provaram que quem tem animal de estimação acredita que os pets tiveram um efeito positivo em seus relacionamentos românticos, além de verem uma ligação entre a posse animal e uma maior satisfação na relação.
Foto: Unsplash.
Foto: Unsplash.
Cloutier reconhece que é difícil saber o que vem primeiro, se o cachorro ou o traço de personalidade que faz alguém ter mais chances de se comprometer, e se a correlação pode refletir casualidade reversa. “Pode ser que os casais mais dedicados e que já se sintam mais positivos em relação ao relacionamento sejam aqueles que decidem investir no relacionamento com um pet”, questiona.
No fim das contas, porém, Fisher se põe ao lado dos donos de animais, que têm que dedicar muito tempo a eles. “Em um mundo tão cheio de mensagens e subentendidos, nem todos necessariamente honestos, a posse de um cão ou gato quase sempre é verdadeiramente genuína”, conclui.
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