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Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo| Foto: Gazeta

Muito difícil encontrar um curitibano ou turista passeando pelos parques da cidade que não tenha se deparado com animal grande, meio “rato”, meio “porco”. Na verdade, não há comparações, as capivaras – maiores roedores do mundo –  têm identidade própria e já se tornaram símbolo da cidade. Elevadas a case de comunicação, sempre mantiveram sua discrição, mesmo que volta e meia sejam encontradas ultrapassando limites. As danadas já foram flagradas atravessando faixa de pedestre, o que gerou reclamação oficial, e até tentando “pegar um ônibus” na Rodoferroviária de Curitiba.

Apesar da carinha amigável, o tamanho do bichinho assusta. As capivaras podem chegar a pesar quase 90 quilos. A média de peso encontrada na cidade é de 40 quilos, tamanho e peso suficientes para causar incidentes em quem se aproximar demais, por isso, especialistas recomendam distância, mesmo que o desejo seja levá-la para casa.

As capivaras já fazem parte do cenário curitibano. Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo
As capivaras já fazem parte do cenário curitibano. Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo| GAZETA

Lucyenne Popp, médica veterinária responsável pelo serviço de fauna silvestre da Rede de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba, coleciona histórias curiosas sobre os animais e relata, por exemplo, quando recebeu uma “reclamação”. As capivaras que vivem na área do Parque São Lourenço estariam atravessando a rua. O local da “transgressão” era justamente a faixa de pedestres. Seriam as capivaras animais “educados”?

Em 2012, uma capivara foi encontrada na Rodoferroviária de Curitiba. Foto: André Rodrigues: Gazeta do Povo
Em 2012, uma capivara foi encontrada na Rodoferroviária de Curitiba. Foto: André Rodrigues: Gazeta do Povo| GAZETA

Na terra e na água

Além de respeitar as leis de trânsito, as capivaras também são simpáticas e mantêm amizades com outras espécies, como os Siriris, pássaros que vivem nas costas do animal se alimentando dos parasitas externos.

Adaptadas para nadar, as capivaras têm um pedaço de pele entre os dedos e são consideradas animais semi-aquáticos. Elas só vivem em locais onde há água e a estimativa é que, somente no eixo Barigui-Tingui, existam entre 50 a 100 capivaras.

Os pássaros Suiriri-cavaleiros se alimentam dos parasitas que ficam na capivara. Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Os pássaros Suiriri-cavaleiros se alimentam dos parasitas que ficam na capivara. Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo| Gazeta do Povo

Somente na época de reprodução, em meados da primavera, que é possível verificar o sexo dos animais. Como a genitália está localizada internamente, o que diferencia os machos das fêmeas é uma mancha – chamada de glândula supra nazal – que os machos têm em cima do nariz. “A mancha mostra que ele é um macho e dono de um harém”, brinca a veterinária.

Por mais que sejam animais tranquilos, é importante manter uma certa distância para ter uma relação saudável com as capivaras. O ideal é observá-las de uma distância mínima de 10 metros, assim ninguém se sente incomodado.

Lucyenne ainda faz uma comparação que considera adequada para exemplificar o espaço que os animais exigem: “Imagine você em um shopping e um porco caminha em sua direção. Você, com certeza, desviaria, porque não gostaria de sentir seu cheiro e nem se infectar com alguma coisa. Do mesmo modo que nós as evitamos, as capivaras também não gostam do nosso cheiro de perfume e das bactérias que podemos passar para elas”.

 

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Locais alagados são os espaços preferidos das capivaras, e servem como um mecanismo de defesa diante de outra espécies. Em Curitiba, elas povoam os espaços ao longo da bacia do Rio Barigui, especialmente no Parque Cambuí e no Parque Barigui. “Onde tem alagadiço e várzea você vai encontrar capivaras. Já registramos no Parque Guairacá, na Universidade Positivo e nos fundos da Uniandrade também”, comenta Lucyenne.

Os grupos de capivaras são formados a partir de um macho dominante e se alguma capivara macho resolve desrespeitar o líder ou se aproximar das fêmeas começam as brigas. “Elas têm dois dentes grandes na frente. Eu digo que parecem inchadas e, quando brigam, elas mordem e se machucam bastante”.

Elas podem transmitir doenças?

As capivaras têm muitas verminoses e parasitas, como a Fasciola hepatica. Por esse motivo, não é indicado se aproximar delas.

As pessoas não devem levar crianças ou cachorros nas áreas que têm concentração de fezes e nem andar descalço nos arredores. Segundo Lucyenne Popp, há um controle por parte da Prefeitura, mas o cuidado é delicado, pois eles não podem fazer alterações no ambiente dos animais.

“As capivaras fazem parte de uma cadeia biológica. Se eu der antibiótico, por exemplo, vou deixar resíduos na natureza e vários animais que são importantes para aquele ambiente podem morrer”, explica.

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