Animal

Elegância em dobro

Paula Diniz, especial para a Gazeta
07/11/2009 02:11
De porte atlético, o afghan hound precisa de exercícios diários. “É a companhia perfeita para quem gosta de correr e caminhar”, diz o arquiteto. Mas também se adapta a am­­bientes fechados, de preferência com um “trono” para descansar. “Eles ado­­­­ram um sofá”, comenta Soares Júnior.
Os afghans demoram para amadurecer. “Até dois anos mordem tudo e não são obedientes. Depois disso, reconhecem definitivamente seu dono e passam a respeitá-lo”, diz Ana Beatriz Knoll, criadora da raça há 27 anos e proprietária do Canil Excalibur, em Valinhos, São Paulo. Não há criadores registrados no Kennel Club em Curitiba.
Como nem sempre obedece, um afghan não deve passear solto, sem guia. “É um cão muito veloz e pode sair em disparada se seu instinto caçador vier à tona”, diz a criadora. Segundo ela, a falta de obediência não é sinal de pouca inteligência. Pelo contrário. “São cães primitivos que aprenderam a se autossustentar. Por isso, não são submissos”, explica.
Surgida no Afeganistão, a raça foi bem aceita pela nobreza por seu porte elegante e por ser um hábil caçador. Dotado de excelente visão e grande velocidade, era o cão mais indicado para caçar animais ágeis, como leopardos, gazelas e raposas. “Os afghans viviam em matilha e venciam a presa por exaustão”, diz Ana Beatriz.
Ainda gostam de viver em grupo, principalmente com cães da mesma raça, mas não são indicados para conviver com animais menores nem com crianças. “Eles são temperamentais e podem avançar se provocados”, avisa Soares Junior. Uma característica marcante é o olhar distante, como se recordassem o passado. Daí vem a frase famosa entre os criadores: “Um afghan nunca olha para você, e sim, através de você.”
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Um nobre acrobata chamado angorá turco
Além da cauda emplumada, o autêntico representante da raça tem pelos abundantes no pescoço e tufos nas orelhas, que são longas e pontudas. Apesar da aparência delicada e elegante, seu corpo é muito musculoso. Suas pernas, longas e aerodinâmicas, fazem dele um ágil acrobata, sempre em busca dos lugares mais altos da casa. “Ele adora escalar e observar tudo de cima. É comum encontrar um angorá pendurado no alto da porta”, diz Nani.
O nome da raça remete à cidade de origem, antiga Angorá – atual Ancara, capital turca. Os gatos angorás viviam nas florestas da região, onde escalavam árvores para fugir dos predadores. “No século 17, a raça foi levada para a Europa. Na França, foi o gato de aristocratas, como o Cardeal Ri­­chelieu, Luiz XV e Maria Antonieta”, conta a criadora.
Por volta de 1930, o governo da Turquia iniciou uma campanha de preservação ao perceber que a raça, decretada joia nacional, estava se extinguindo. Gatos angorás de todo o país foram entregues ao Zoológico de Ancara. Mesmo assim, em três décadas, havia menos de 30 deles vivendo no zoológico. “Hoje existem criadores no mundo inteiro, mas ainda são poucos”, diz Nani.
De temperamento dócil, afetuoso e brincalhão, o angorá é uma ótima companhia para crianças e idosos. “Convivem tranquilamente com cachorros e se adaptam bem a am­­bientes fechados.” Segundo a criadora, os angorás turcos vi­­vem muito – em média, 18 anos –, e brincam até o fim da vida.