Animal

Ter um pet dá mais qualidade de vida aos idosos e ameniza a depressão

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
17/11/2017 18:00
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Rutemar e seu marido Adair com os cachorrinhos da casa: mais pique e menos depressão. Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo.

Melhora na saúde física e mental, mais longevidade e qualidade de vida: estudos sobre o convívio de idosos com animais de estimação vêm mostrando que os bichinhos ajudam a deixar a vida mais ativa na terceira idade, além de contribuírem para o tratamento ou recuperação de doenças ou condições de saúde.
Exemplos de pessoas que sentiram esses benefícios não faltam — um deles é o da costureira aposentada Rutemar Dolenga dos Santos, de 67 anos, dona da cachorrinha vira-lata Sandy, adotada há 13 anos. “Ela estava bem feinha, toda empesteada. Daí eu fui cuidando e ela foi melhorando”, lembra Rutemar.
A vira-lata não foi nem o primeiro, nem o último animal de estimação da aposentada. Rutemar já tinha tido outros cachorros e naquele momento cuidava de Beethoven, com quem Sandy teve uma ninhada alguns anos depois de sua chegada à casa. Um dos filhotes, Barney, foi mantido pela aposentada logo depois que Beethoven faleceu devido a problemas de saúde. Depois de Barney, a costureira e seu marido ainda adotaram Megg, uma “mestiça pinscher” encontrada em um lava-car ainda filhote há quase quatro anos.
No entanto, foi a partir da adoção de Sandy que a relação de Rutemar com os animais começou a mudar. Na época, ela já estava com 55 anos, próxima da terceira idade e com um diagnóstico de depressão. “Antes, eu gostava dos cachorros, mas não era tão apegada. Eles ficavam fora de casa e eu jamais pensei que fosse deixar eles dormirem dentro de casa, ou deitar na cama ou no sofá. Hoje, eu não estou nem aí, porque eles fazem muito bem para nós, só trazem alegria”, diz Rutemar.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo.
Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo.
Ela diz que a “princesa da casa” é Megg, que é muito companheira. “Se eu saio fazer alguma coisa fora de casa, ela já deita com o meu marido, que tem câncer. Ela não nos deixa sozinhos”, diz. Para ela, essa companhia, o carinho que os animais demonstram por ela e o marido, e todos os afazeres relacionados aos cuidados com os bichinhos, mudaram a vida do casal e a ajudaram a controlar a depressão. “Você vai curtir a vida com eles. Hoje eu me trato ainda, mas já diminuiu bastante a medicação”, conta.

Benefícios são mentais e físicos

Todos os aspectos positivos relatados por Rutemar já foram verificados por especialistas. A preocupação e os cuidados com o animal, além da companhia proporcionada por ele trazem benefícios mentais como ajudar a tratar a depressão. O cachorro principalmente preenche o vazio criado pela saída dos filhos de casa ou pela perda do companheiro da vida do idoso.
Com essa sensação de bem-estar provocada pela presença do animal, o estresse causado pelo vazio e associado à depressão tende a diminuir. Por outro lado, a memória e o humor melhoram, fazendo com que o idoso se sinta ainda melhor.
Há ainda a benesse física: o idoso tem que sair com o cachorrinho para caminhar, então ele também está se movimentando. Só com essa caminhada, ele pode diminuir a pressão arterial, a glicemia, o colesterol e até a medicação que toma.

Mais atividade física 

Esses melhoras foram recentemente comprovadas por um estudo britânico publicado no Journal of Epidemiology and Community Health em agosto, que mostrou que, apesar da tendência para o sedentarismo entre os idosos do Reino Unido, aqueles que possuíam cachorros costumavam se exercitar com mais frequência, inclusive nos dias de tempo ruim.
Esse é o caso da comerciante Zulmira Pinoti Gonçalves, de 85 anos, que há três anos é tutora da yorkshire Nina, que ela ganhou de presente de sua filha cinco meses após a morte do pitbull Tonico. “O Tonico gostava de passear e era dócil, mas eu sou idosa. Se ele visse outro animal, queria brincar e eu não conseguia segurá-lo. Então um treinador passeava com ele três vezes por semana. Já a Nina, eu levo passear. Todo dia às 17h30, 18h, ela já quer ir para a rua”, conta Zulmira.
Os passeios trazem ainda um benefício social. Quando o idoso sai com o cachorro, ele interage com outras pessoas (alguém sempre pergunta a raça do cachorro ou elogia o animal), pode fazer amizades e reduzir a solidão.
Por suas experiências pessoais, tanto Rutemar quanto Zulmira indicam que outros idosos ou pessoas entrando na terceira idade adotem um animalzinho. “A Nina é uma amiga 24 horas por dia. Ela percebe quando estou alegre ou triste, e não me deixa sentir sozinha em casa”, diz Zulmira.
Fonte: Luiz Antônio da Silva Sá, geriatra do Hospital Nossa Senhora das Graças.

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