São vários os fatores que podem levar um cachorro a cropofagia, nome dado para o hábito de comer as próprias fezes. Pré-disposição genética, questões comportamentais ou nutricionais estão ligadas à prática nada agradável. Raças como shih-tzu, golden retriever, labrador e lhasa apso são conhecidos por cometer cropofagia.
Rafael Wisneski, adestrador especializado em manejo comportamental de cães e gatos, explica que muitas vezes o cocô faz parte do “menu” natural dos animais. Quando uma cadela dá cria, por exemplo, costuma lamber a região do abdome do seu filhote para incentivá-lo a defecar e, na sequência, ingere as fezes para deixar o ambiente limpo. Outras doenças podem desencadear a prática, como o caso da giardíase e outros vermes. Na questão comportamental, o cachorro vê o seu dono manipulando o cocô e associa o ato a interação; do outro lado, se o animal leva uma bronca pode relacionar a defecação com algo ruim, e passa a fazer as necessidades em locais escondidos ou comê-las. “Aí é preciso mudar a abordagem, não punir mais o cão e monitorar os horários que ele consegue ir ao banheiro, fazendo com que ele entenda que isso é natural”, explica.
Luciana Peruca, veterinária e coordenadora de comunicação científica da Royal Canin, também alerta para a possibilidade do hábito ser causado pela má absorção proteica. “Se o animal não consegue absorver a quantidade necessária de proteína ele vai procurar outra fonte, sendo muitas vezes o próprio cocô”, diz. Nesse caso, não é preciso falar apenas sobre teor de proteína, mas sim sobre a qualidade e a digestibilidade. “Quando a proteína é de alta qualidade o aproveitamento é grande, resultando inclusive na redução do volume e do odor das fezes”, diz.
Para solucionar o problema, o ideal é consultar sempre um veterinário. Primeiramente, serão descartadas as questões de saúde. Depois, será estudado o comportamento e também o tipo de ração. Por isso o tratamento para cropofagia é sempre personalizado.
