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Thaiana Trevisan tem mudado aos poucos a rotina do maltês Neto: brincadeiras com garrafa PET e produtos de limpeza naturais. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Thaiana Trevisan tem mudado aos poucos a rotina do maltês Neto: brincadeiras com garrafa PET e produtos de limpeza naturais. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo| Foto: Gazeta do Povo

Seu animal de estimação também pode ser ecofriendly. O primeiro passo é fazer uma avaliação da quantidade e do tipo de lixo que o cão ou o gato produz. Nessa categoria entram as embalagens da ração, as sacolas plásticas na hora de coletar o cocô, e os produtos usados no banho e na estética. Junte tudo, avalie o que for realmente usado e o que pode ser substituído por versões mais sustentáveis e ecofriendly.

Se for comprar novos produtos, pense de forma orgânica (tudo que for produzido com os materiais mais naturais possíveis), pense localmente (seja parceiro de produtores da região para diminuir o impacto de deslocamento), pense sustentavelmente (prefira marcas que causem menor impacto ao meio ambiente) e abandone de vez as embalagens plásticas, comprando tudo a granel.

“O tutor deve encarar o bicho como bicho. Humanizamos os pets de tal forma que eles têm pedicure, manicure, perfume e um monte de outras coisas supérfluas. Essa quebra do pensamento é essencial para encarar de um jeito mais simples os cuidados com eles”, diz Cristal Muniz, designer gráfica e autora do blog Um ano sem lixo, no qual relata mudanças diárias para reduzir o lixo.

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Comece devagar

Com essas ideias em mente, a administradora Thaiana Trevisan tem mudado aos poucos a rotina do Neto, seu cachorro maltês de três anos. Embora tenha comprado o pet, prática que hoje condena e se diz arrependida, desde o início a administradora tentou incorporar medidas mais naturais na alimentação, brinquedos e até na hora do banho. Neto usa produtos de limpeza naturais, feitos à base de neem, árvore originária da Índia, mas com similares no norte do Brasil. Além de ser uma forma sustentável, o composto age como antipulga e anticarrapato, reduzindo o uso de pipetas antipulgas.

Da mesma forma pensa a fonoaudióloga Cristine Brand. Tutora do maltês Rei, de 10 anos, e da yorkshire Vic, de 2 anos, há pouco mais de dois anos ela trocou a ração pela alimentação natural. “Eles se adaptaram muito bem, e eu tinha receio que fossem fazer mais cocô e mais fedido, o que não aconteceu. Como é uma alimentação bem direcionada, o cocô até diminuiu! Eles também não sentem mais tanta sede, porque as refeições não são mais secas”, diz Cristine.

Cristine Brand mudou a alimentação dos seus cães: menos cocô e menos sede.  Foto: Antônio More / Gazeta do Povo
Cristine Brand mudou a alimentação dos seus cães: menos cocô e menos sede. Foto: Antônio More / Gazeta do Povo| Gazeta do Povo

Quando a designer Cristal Muniz quer dar um brinquedo para a filhote de 8 meses, Filó, ela procura por objetos de tecido ou fibras naturais, e na hora das necessidades fisiológicas, o descarte é o mais sustentável possível. “Meu condomínio tem bastante espaço para passear, com vários gramados e árvores. Recolho o cocô com folhas secas e coloco embaixo de uma moita, em um canto que ninguém chega. Ele se decompõe ali e não preciso de sacola alguma”, relata.

Reduzir a humanização dos bichos é essencial, diz Cristal Muniz.
Arquivo familiar
Reduzir a humanização dos bichos é essencial, diz Cristal Muniz. Arquivo familiar

Pratique a sustentabilidade

Confira as sugestões para cada situação da vida do pet:

Hora do xixi

A tradicional areia para gatos pode ser substituída por uma versão biodegradável, e existem opções de madeira, mandioca e trigo. Depois de usada, a areia é descartada pelo vaso sanitário, sem causar maiores impactos ao meio ambiente, pois o sistema de tratamento de esgoto se encarrega do cuidado. Para os cachorros, existem sanitários caninos, uma espécie de caixinha de areia, que permitem o uso da mesma areia dos gatos. O descarte é igual.

Evite os tapetes higiênicos. Embora sejam bem absorvíveis, há quem use vários no mesmo dia, aumentando a produção de lixo do animal. Leve o cachorro para passear sempre que puder, e carregue sacos de papel de pão, pipoca, sacolas plásticas biodegradáveis ou as sacolas plásticas tradicionais.

Enterrar também pode. Use folhas grandes das árvores para a coleta e enterre. Contanto que fique bem coberto e que você tenha certeza que ninguém vá pisar ali, não há problema. Cuidado para não enterrá-lo em lugar público ou em um espaço privado que não seja o seu. Prefira embaixo de arbustos ou próximos ao pé de uma árvore.

Arroz para o cão? Pode sim!

Ainda há poucos veterinários que apoiam a alimentação natural para os pets e isso se deve a uma razão muito simples. São muitas as regras na hora do preparo do alimento, visto que o metabolismo e a fisiologia do animal (que varia com a raça e com a idade) não são iguais aos nossos. Qualquer erro pode desencadear um desequilíbrio nutricional.

Medir e pesar em uma balança digital as cascas de cenoura, chuchu e beterraba, além das fontes de carboidratos e proteínas, é uma etapa importante da alimentação natural. Fique de olho nos temperos e prepare tudo no vapor. Para facilitar, o tutor pode montar as refeições dos próximos sete dias de uma só vez, e se não conseguir manter a rotina, opte por rações de melhor qualidade e compre a granel.

Banhos a cada 15 dias

Cachorros não precisam de banhos todas as semanas e gatos, então, menos ainda. Muitos dos xampus e condicionadores usados na higiene dos pets têm formulações químicas que acabam contaminando o meio ambiente. Alguns desses produtos, inclusive, causam alergias e coceiras nos animais de estimação, e poderiam ser substituídos por versões biodegradáveis.

Vá além do que estiver na embalagem, e veja os ingredientes nas formulações. Procure pelos insumos naturais, como sementes e óleos vegetais, e qualquer nome ‘industrializado’ pode indicar um produto não tão natural assim. Outra forma de identificar um falso ‘natural’ é vendo a data de validade. Os insumos da natureza não permitem prazos muito longos, de forma que se passar de um ano, fique atento.

Brincadeiras recicladas

Lembra aquela camiseta velha de malha? Transforme em tiras e amarre até formar uma bolinha. Pronto, você acaba de reciclar um objeto que não usava mais em um novo brinquedo para o cachorro se entreter por horas. O mesmo vale para garrafas PET (sem a tampa, o anel de plástico e o rótulo), bolas de tênis antigas e até mesmo osso, que ajudam como terapia de mastigação para o animal. Se quiser comprar brinquedos novos, valorize os produtores locais.

Polêmica da vacinação

Hoje, o tutor encontra vacinas que são importadas e nacionais. Embora elas protejam contra as principais doenças que atingem os animais, o período de validade de cada uma varia. As vacinas estrangeiras, conforme explica Elisabeth Stapenhorst, médica veterinária nutricionista, estão dentro de um protocolo vacinal de três anos, enquanto as brasileiras são aplicadas todos os anos. “Acaba havendo um descuido de sempre recomendar uma vacinação anual, mas quando se usa a vacina importada não há essa necessidade”, diz a veterinária.

É importante lembrar que todo animal, nos primeiros anos de vida, deve ser vacinado, e a vacina antirrábica tem aplicação anual. Porém, antes de aplicar doses desnecessárias das vacinas contra doenças que o pet pode estar protegido, procure pelo exame de titulação de anticorpos vacinais. O exame mede a quantidade de anticorpos para as três principais doenças que atingem os pets: hepatite, cinomose e parvovirose, é mais barato que a vacina, e diminui a quantidade de doses — ajudando na sustentabilidade.

Dúvidas?

No último mês, especialistas de todo o Brasil se reuniram em uma plataforma on-line para discutir os cuidados holísticos – e, portanto, mais naturais – para cães e gatos. As 27 palestras e discussões do Holistipet estão disponíveis a quem quiser, ao custo de R$ 249. Saiba mais em www.holistipet.com.br.

Alergia à ração

A escolha pela alimentação natural pode até ser em apoio ao meio ambiente, mas em alguns casos é questão de saúde do animal, que pode desenvolver alergias aos conservantes presentes nas rações. Se não for possível trocar a ração pela alimentação natural, há uma linha de médicos veterinários que defende a suplementação com a casca de vegetais, para melhorar a qualidade de vida e reduzir a predisposição a doenças.

 

Fontes: Elisabeth Stapenhorst, médica veterinária nutricionista de Curitiba, Cristal Muniz, designer gráfica e autora do blog Um ano sem lixo, e Carmen Lucia Cocca de Resende, médica veterinária especialista em homeopatia e autora do blog Bicho Integral, de Santa Catarina.

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