Animal

Saiba como proteger seu bicho de estimação dos fogos de artifício

Caroline do Prado e Willian Bressan
30/12/2015 22:00
Contagem regressiva para a virada de ano e nada como celebrar a passagem em meio às tradicionais queimas de fogos. Mas enquanto adultos e crianças se encantam, os animais sofrem com os barulhos dos fogos de artifício, e muito. Por terem a audição mais aguçada, cães e gatos reagem mal devido ao barulho ensurdecedor. Falta de ar, atordoamento, náuseas, convulsões e, até mesmo, ataque violentos às pessoas podem ser sinais de ansiedade e medo causados pelos estrondo.
Também é comum nessa época do ano que os pets sofram com alguns transtornos de ansiedade, geralmente decorrentes de mudanças bruscas na rotina do dono, devido às diversas comemorações e muitas pessoas diferentes frequentando a casa, ou ainda pela separação do seu tutor, no caso de famílias que ficam menos em casa devido aos períodos de festas.
Segundo a médica veterinária Gisele Sprea, da Ethos Comportamento Animal, a melhor forma de agir nessas situações é preparar o bicho para enfrentar o problema. “A ansiedade é devido ao medo das pessoas estranhas, dias antes das festas já é preciso começar a expor ele gradualmente a essa situação. Sendo que brincadeiras, petiscos, carinho e palavras de afirmação devem ser relacionados à chegada das pessoas. Simplesmente mantê-lo separado de vocês e das pessoas poderá potencializar o medo, causando mais frustração e piora dos sintomas numa próxima vez”, explica Gisele.
Com relação ao medo dos fogos de artifício, a médica veterinária do Hospital Veterinário Pró Vita Rhéa Cassuli, detalha que essas mudanças de comportamento ocorrem porque os animais exteriorizam o desespero provocado pelos fogos de artifício. Mas há consequências ainda mais graves. De acordo com a profissional, os bichos podem ficar surdos ou sofrer queimaduras provocadas pelas fagulhas que caem sobre o pelo. O tratamento nesse caso é feito com antibióticos, limpeza do local e remédios para dor. “O medo leve ou moderado dos fogos de artifício é natural em muitas espécies, pois é considerada uma resposta adaptativa a um barulho alto e inesperado. Em animais normais, espera-se uma recuperação rápida dos sinais de medo e até mesmo habituação ao ruído.  No entanto, em animais com fobia, medo excessivo e persistente, pode ser considerado um problema de comportamento com consequências graves e até mesmo catastróficas”, complementa Gisele.
Os pets podem também sofrer intoxicação ao inalar os metais pesados presentes na substância que dá cor aos fogos. “Os sintomas são aumento da pressão cardíaca, salivação exacerbada (cealorreia), pupila dilata e tremor muscular”, explica a veterinária.
Reações 
As reações mais comuns são esconder-se em local que considere seguro, como por exemplo, embaixo da cama ou de algum móvel da casa, dentro do armário; fuga do local onde se encontra, podendo ocorrer ferimentos ao tentar atravessar barreiras com cercas e/ou vidros, assim como ao raspar compulsivamente uma porta fechada; buscar atenção das pessoas que apresenta maior vínculo; inquietação, perambulação, salivação excessiva, taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos), dispnéia (ofegância) que podem evoluir para cianose (mucosas azuladas), hipóxia (falta de oxigênio nos tecidos), síncope (desmaio), convulsões e até mesmo morte súbita, especialmente em animais com alguma doença pré-existente.
E também é possível que o animal apresente agressividade frequentemente associada à tentativa de manipulá-lo contra a sua vontade. Ao tentar pegar o animal no momento da fuga ou da inquietação, ou mesmo ao tentar retirá-lo do local que escolheu para esconder-se, muitos animais podem apresentar agressão defensiva.
Felinos
Nos gatos, um dos problemas mais graves são as lesões múltiplas ou únicas de lambedura por estresse, que geram falhas no pelo localizadas, principalmente, no abdome, flancos e membros.
Além disso, os felinos podem parar de comer e desenvolver uma doença denominada lipidose hepática por falta de alimentação por estresse. Os sintomas da síndrome são anorexia, perda de peso, letargia, vômito e icterícia (coloração amarelada na pele, dentro das orelhas e das gengivas).
Dicas para amenizar o desconforto do pet
  • Durante o dia, antes da queima dos fogos recomenda-se sair com o cão para passear e estimular brincadeiras de correr atrás de bolinha para gastar energia.
  • Durante a queima de fogos, definir a área da casa que apresenta menor intensidade do ruído e permitir que permaneça nesse local enquanto persistir o barulho.
  • Verificar se o local é seguro frente aos riscos de fuga e acidentes, preferencialmente, distante de janelas e portas.
  • Deixar nesse espaço tudo que o animal mais gosta, como caminha, cobertas e brinquedos.
  • Brinquedos recheáveis com ração ou petiscos podem ser fornecidos um pouco antes de iniciar os fogos.
  • Colocar som de fundo que o animal esteja habituado, seja uma música ou o próprio som da televisão.
  • Se o animal costuma ficar dentro de casa, manter portas, janelas e cortinas fechadas.
  • Se tiverem pessoas no local, tomar cuidado para não recompensar o comportamento medroso, e por isso deve-se evitar pegar no cólo, acariciar e/ou falar com ele para acalmá-lo.
  • Tratar esse problema não é simples, mas alguns indivíduos podem superar esse medo com treinos de dessenssibilização e contracondicionamento ao estímulo. Mas, para isso, é preciso iniciar o tratamento no mínimo 2 meses antes desse período de festas.