Animal

Seu bichinho é parecido com você?

Carolina Kirchner Furquim, especial
28/03/2016 16:12
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Desvendar, através da psicanálise, detalhes da relação existente entre humanos e animais, capazes de tornar os dois seres muito semelhantes entre si, tanto no aspecto físico quanto no emocional, foi o desafio que levou o psicanalista e médico veterinário Marcos Fernandes a escrever “Cara de um, focinho de outro” (Butterfly Editora, R$ 29,90).
Segundo o autor, as forças da afetividade e do companheirismo dos bichos, especialmente os de estimação, são extremamente benéficas para as pessoas. No livro, Fernandes expõe as várias modalidades de amor projetadas pelos tutores em seus animais, desenrolando uma abordagem também sobre a questão da saúde, ao demonstrar o quanto a relação com os pets minimiza o risco de doenças de ordem física e psicológica (como depressão, transtornos de ansiedade e síndrome do pânico).
Confira a entrevista que o autor concedeu ao Viver Bem a respeito da força e influência das conexões multiespécie.
Cara de um, focinho do outro. Em que momento da relação humano x animal se estabelece um vínculo tão profundo a ponto de tornar verdade esta afirmação?
O momento se aprofunda na medida em que o tutor “coloca” o animal no lugar do outro, por exemplo, de um filho. O fato de tutores considerarem o animal um ser humano aprofunda muito a relação entre eles. A semelhança (cara de um, focinho do outro) ocorre quanto maior a identificação e maior o processo de humanização (tratar o cão como gente).
Quais os principais benefícios para a saúde conquistados a partir da relação afetiva com um animal de estimação?
Cientificamente, há vários trabalhos. Eles mostram que a pessoa em contato com um animal de estimação tem menos problemas de saúde, especialmente com relação a problemas circulatórios (infarto e Acidente Vascular Cerebral, por exemplo). Outra coisa: quando essas pessoas adoecem, se recuperam mais facilmente, inclusive de procedimentos cirúrgicos.
É possível saber quem somos analisando as características de nossos animais?
Em parte, sim! Se considerarmos que os cães, quando se identificam conosco, “copiam” nossas características de temperamento, é possível afirmar que o animal acaba por se parecer com a pessoa que o tutela. Por exemplo: cães muito ansiosos normalmente têm tutores ansiosos; cães deprimidos normalmente têm tutores deprimidos também.
Como a psicanálise explica a questão dos campos mórficos, um fenômeno abordado por você no livro e que explica as semelhanças comportamentais entre animais e seus tutores?
Rupert Sheldrake, cientista que estuda os campos mórficos, é textual ao afirmar que se trata do mesmo conceito de inconsciente coletivo, criado pelo médico psiquiatra Carl Jung no século passado. Ou seja, campos mórficos seriam a representação de um conjunto de sentimentos e pensamentos compartilhados por toda a humanidade.
Fazendo o caminho inverso, o comportamento humano também pode influenciar diretamente a saúde dos animais?
Sim. Entendo que a compreensão da relação entre homem e animal é essencial para que possamos entender como as pessoas influenciam as doenças dos animais, minimizando-as ou potencializando-as. Sem essa compreensão, os animais doentes acabam peregrinando de veterinário em veterinário sem ter seu sofrimento minimizado. Muitas vezes, por causa da falta de entendimento de que a questão não está exclusivamente no animal.
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