Animal

Você sabe o que é berne?

Marina Mori, especial para a Gazeta do Povo
28/07/2016 21:00
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A larva se aloja na pele de animais (e às vezes em humanos) para completar seu ciclo antes de se tornar mosca. Foto: Pixabay

Quando a administradora Eugênia Hanchuck, 54, suspeitou de um carocinho no queixo de Bambi, seu yorkshire de 14 anos, fez o certo: correu ao consultório veterinário para investigar o motivo. “No início, me desesperei porque achava que era um tumor, mas quando a médica disse que era berne fiquei mais tranquila”, conta. Durante a infância, Eugênia viveu no sítio da família, por isso conhece bem o parasita, comum em áreas rurais.
No consultório, bastaram alguns minutos para Bambi ficar livre do berne e, em poucos dias, ele se recuperou da ferida. Agora, Eugênia garante que as próximas aventuras cãozinho no sítio da família serão munidas de uma dose extra de repelente contra moscas.
Bambi, o yorkshire de Eugênia Hanchuck, foi vítima do berne há quatro meses e hoje está totalmente recuperado. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
Bambi, o yorkshire de Eugênia Hanchuck, foi vítima do berne há quatro meses e hoje está totalmente recuperado. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo
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O berne, larva da mosca Dermatobia homini, é um parasita que precisa de um hospedeiro para completar seu ciclo antes de se transformar em mosca. Em contato com a pele, o ovo do inseto eclode e a larva perfura a pele do animal (os alvos são cães, bovinos ou mesmo humanos). Para sobreviver, respira através da ferida que criou.
Em apenas uma semana, a larva fica oito vezes maior que o tamanho inicial. Durante aproximadamente 40 dias, ela se alimenta do tecido vivo e, quando está pronta, se enterra para virar uma mosca. Durante este período, a ferida aumenta e causa inflamação, dor e coceira. Por isso, a retirada do berne deve ser feita o quanto antes.
Áreas de risco
De acordo com Alessandra Novak Bentes, consultora técnica da Zoetis, o berne é mais comum em dias quentes e em regiões rurais, mas é possível surgirem casos em bairros próximos a parques e áreas verdes.
Não tente isso em casa
Alessandra recomenda muito cuidado quando o cão estiver com berne. A principal orientação é não tentar remover a larva aos apertões. “As pessoas pensam que basta apertar a pele do animal para remover o berne, mas não é bem assim. A larva tem inúmeras espículas que funcionam como espinhos na carne quando esta é pressionada”, explica.
Além de causar dor ao cão, a medida pode matar o parasita dentro da pele. Quando isso acontece, é muito provável que ele infeccione, adiando ainda mais a cicatrização da ferida. A remoção do berne é, em geral, feita através de um procedimento cirúrgico.
Espante as moscas! 
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Diferenças entre berne e bicheira
Muita gente confunde, mas as características de cada parasita são bem diferentes, a começar pela mosca que deposita os ovos no animal. A “bicheira” acontece por conta da mosca varejeira; já o berne pode se instalar no animal através de várias espécies de mosca, que agem como um vetor de transmissão do parasita. Confira outras diferenças:
Berne
O ovo eclode em contato com o calor do corpo e não é necessário um ferimento para que a larva se insira na pele.
Apenas uma larva fica encapsulada no tecido subcutâneo do animal.
O berne não se move, se alimenta do tecido vivo ao redor de si. Como não é possível vê-lo com facilidade, geralmente é diagnosticado em estágios mais avançados.
Miíase (“bicheira”)
As larvas se aproveitam de um ferimento na pele, mesmo que imperceptível, para se hospedarem.
A bicheira é identificada através da quantidade de parasitas: inúmeras larvas ficam agrupadas no tecido subcutâneo do cachorro.
As larvas se movimentam por dentro da pele, se alimentam do tecido vivo e causam muita dor. Em alguns casos, os ferimentos podem levar à morte.