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Vômito nos animais de estimação pode indicar doenças hepáticas e gastrite

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
08/01/2017 17:24
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Veterinário deve ser sempre procurado se o vômito for algo recorrente no animal. Foto: Bigstock.

Apesar de muitas vezes não representarem grave ameaça, os vômitos dos gatos e cachorros são sinais de alerta e merecem atenção. O indicativo de que algo não está bem pode indicar um simples mal-estar ou alguma doença renal, hepática ou outra.
Os casos de vômito agudo, por exemplo, são normalmente provocados pela ingestão de um corpo estranho. Geralmente são os filhotes que fazem mais isso, pois comem brinquedos, destroem coisas da casa, reviram o lixo e acabam ingerindo algo que não deveriam. Embora um vômito possa fazer com que o animal se livre do objeto, às vezes é preciso fazer a remoção cirúrgica para evitar dor e danos ao trato digestório.
Remédios caseiros, como leite ou água oxigenada, não têm eficácia comprovada. Além disso, provoca mais vômitos  e pode danificar o esôfago.
Caso o tutor verifique que é essa a situação e que algo continua incomodando o animal mesmo após ele vomitar, o ideal é que procure ajuda de um médico veterinário. A partir de um exame clínico e de uma endoscopia será possível determinar a melhor forma de ajudar o animal.

Outras doenças possíveis

Gastrites e hipersensibilidade a determinados alimentos ou componentes de rações também podem provocar vômitos, esses mais insistentes. Algumas raças como lhasa apso, shih-tzu, yorkshire e maltês apresentam mais sensibilidade no estômago e, consequentemente, maior incidência de gastrite responsiva à dieta.
A gastrite também é comum em cães cuja dieta é composta por comida caseira muito temperada, que agride o estômago. Quando o problema for gastrite, além do acompanhamento de um médico veterinário, o animal precisará de uma dieta mais controlada, com uma ração de qualidade,para evitar exageros e não ingerir alimentos que possam piorar.
Além disso, o sintoma pode estar relacionado a outras doenças do trato digestivo: doenças hepáticas,  endócrinas e virais, além de ser um sintoma de dor. No caso das doenças endócrinas, por exemplo, o vômito é muitas vezes  o primeiro sinal de que algo está errado, por serem doenças silenciosas.
Fique alerta para a regularidade
Nesses casos, apenas uma investigação mais aprofundada vai permitir detectar de que tipo de condição o animal sofre e qual o melhor tratamento para ela. Por isso, é preciso ficar atento à frequência com que os vômitos ocorrem e procurar um médico veterinário: se for mais de uma vez na semana, ou semanalmente durante mais de um mês, pode-se concluir que o sintoma é crônico e que o bicho precisa ser examinado.
Vale também ficar atento ao bicho quando ele passa a comer grama, um comportamento que tem por objetivo provocar o vômito, ou lamber o chão, a parede ou o focinho com frequência, o que indica náusea.

Diferenças entre vômito e regurgitação

Vômito e regurgitação são processos diferentes e que podem indicar problemas distintos. O vômito é composto por alimento digerido, enquanto na regurgitação, os alimentos “voltam” inteiros. A comida nem chega no estômago [na regurgitação] e isso pode indicar doenças do esôfago.  A mais comum em cachorros é o megaesôfago, uma dilatação no canal que impede a comida de chegar ao estômago, fazendo com que o animal fique com fome e se agite, o que provoca a regurgitação. Outra possibilidade é a esofagite, durante a qual a passagem do alimento provoca queimação, então ele é regurgitado.

Gatos

O vômito agudo nos gatos pode ser mais comum na época de troca de pelo, já que eles acabam engolindo muito pelo durante seus banhos. O que acaba “voltando” são as famosas bolas de pelo. Apesar de ser “normal”, há medicações disponíveis no mercado que ajudam o gato a eliminar as bolas de pelo sem vomitá-las.

“Os gatos seguram o vômito, o que faz com que cheguem ao veterinário com uma gastrite ou sem comer por longos períodos. Isso vai piorando o quadro geral dele.” – Paloma Bittar, médica veterinária do Animal Clinic Hospital Veterinário.

Gatos também vomitam pela ingestão de gramíneas e objetos como linhas, com as quais eles gostam de brincar. No entanto, no caso de doenças crônicas (doença inflamatória intestinal ou linfoma alimentar, por exemplo) e estresse, é mais difícil os felinos vomitarem.
Por isso, os tutores devem ficar bem atentos a mudanças de comportamento que possam indicar que o felino não está bem, como comer menos ou ficar mais quieto.

Cuide na troca de ração

A troca de ração feita de forma abrupta pode provocar vômitos. No entanto, geralmente os animais apresentam alterações nas fezes ou diarreia como resposta a essa mudança. Troque gradualmente, misturando a antiga formulação com a nova.
Fontes: médicos veterinários Paulo Cordeiro Júnior, responsável pelo setor de gastroenterologia do Hospital Veterinário Santa Mônica e Clinivet Hospital Veterinário; Raquel Sillas, do Hospital Veterinário Batel; e Paloma Bittar, do Animal Clinic Hospital Veterinário.

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