Celebridades

A culpa é sempre da mulher? Babá é apontada como pivô de dois divórcios

Luisa Nucada
13/08/2015 16:22
Thumbnail
Christine Ouzounian foi fotografada em um jato particular com os anéis do Super Bowl de Tom Brady. (Foto: reprodução/Facebook.)
“Destruidora de lares das celebridades americanas”, “babá da discórdia” e “perigo dentro de casa” são alguns dos termos que vêm sendo usados em referência a Christine Ouzounian, 28 anos, ex-babá dos filhos de Ben Affleck e Jennifer Garner que estaria, supostamente, envolvida no divórcio do casal de atores e também no da top Gisele Bündchen e do atleta Tom Brady.
Entenda o caso
De acordo com o New York Post, Ben Affleck, Tom Brady e Christine teriam viajado juntos em um jato particular, para Las Vegas, no fim de junho. No vôo, a babá foi fotografada usando os quatro anéis do Super Bowl do atleta, referentes às suas conquistas de título do campeonato de futebol americano. Três dias depois, ainda segundo o New York Post, Ben Affleck e Jennifer Garner se separaram, e a babá foi demitida.
De acordo com o Ego, Gisele estaria nesse mesmo jato. A babá teria pedido para tirar a foto com os anéis e depois vendido a imagem aos tabloides. Devido aos boatos de que Gisele e Brady estariam se separando – nenhum dos dois confirmou –, Christine foi apontada pela imprensa como pivô dos dois divórcios.
Babá apedrejada
Apesar de nenhum dos envolvidos ter se manifestado sobre o caso, a babá vem sofrendo julgamento moral na mídia tradicional e nas redes sociais. Chamada de destruidora de lares, Christine é apontada como a culpada pelos rompimentos.
O vlogger Felipe Neto se manifestou publicamente no Facebook em defesa da babá. “Toda vez a mesma história. O homem passa impune, sem julgamentos, sem virar piada mundial, porque ‘homem é homem, né?’. Já a mulher é xingada em todos os continentes, ironizada na TV e tem a vida possivelmente arruinada. A mulher fez algo errado? Ora, ficar com um cara casado não pode lá ser visto como algo bonito, não é verdade? Mas quem está falando da cafajestice do Tom Brady? Da falta de vergonha na cara?”
O caso também repercutiu nos movimentos feministas. O Clube das Feministas se posicionou em sua página na rede social de Mark Zuckerberg: “Vou dizer uma coisa para vocês e espero que entendam. Esta menina não é uma ‘destruidora de lares’. Esta menina é solteira e não jurou fidelidade amorosa à esposa, no caso a Gisele, quem jurou foi o Tom. Então por um segundo parem de culpar uma mulher livre e solteira dos erros do homem casado que jurou fidelidade e que cada um arque com seu peso na situação.”
“O cara é casado, tem filhos e trai a esposa. Quem é a culpada? Para a população machista e misógina, é a amante, claro. Porque né, gente, tadinho (sic) do macho, ser robótico sem consciência”, ironizou a ativista feminista Monica Freixo, também no Facebook.
Estereótipos
Para a doutoranda do Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Thays Monticelli, a mídia reproduz imagens padrão de como mulheres, em especial trabalhadoras do ambiente doméstico, devem ser. “Essas imagens são alimentadas por um estereótipo cruel que coloca as mulheres em apenas um lugar, para realizar determinadas tarefas e se comportar de acordo com um determinado imaginário sobre maternidade, afetos, carinhos, delicadeza etc.”, afirma ela, que integra o Núcleo de Estudos de Gênero e o Grupo de Estudos Trabalho e Sociedade da universidade.
“Quando esses aspectos se unem às mulheres que se empregam como babás, trabalhadoras mensalistas, diaristas, esses padrões são cobrados de uma maneira ainda mais forte, já que qualquer possibilidade de não estar inserida nesse ideal simboliza uma ameaça ao bem-estar familiar. A crueldade midiática no caso Ben Affleck e Jennifer Garner ainda toma proporções maiores ao julgar a babá como o ‘perigo dentro de casa’ e colocá-la como principal motivo para a separação do casal, difundindo a ideia que uma mulher pode destruir famílias”, finaliza Thays.
Bem-humorada, a organização feminista Think Olga deu seu jeito de consertar as manchetes machistas da imprensa: