Novela Fera Ferida volta hoje ao Canal Viva

Depois da trama contemporânea de Gilberto Braga, o Canal Viva escolheu o realismo fantástico de Aguinaldo Silva para substituir O Dono do Mundo (1991), na faixa nobre do canal. Hoje, às 0h, Raimundo Flamel (Edson Celulari), Linda Inês (Giulia Gam), Ilka Tibiriçá (Cássia Kis Magro) e outros personagens marcantes voltam a ganhar vida através da reparesentação de Fera Ferida (1993), inspirada na obra de Lima Barreto.

Dando sequência ao estilo firmado em Tieta (1989) e Pedra Sobre Pedra (1992), esta em exibição no Viva também, Aguinaldo Silva – em parceria com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn conta a história de Feliciano Junior (Edson Celulari) retorna à Tubiacanga quinze anos depois do assassinato de seus pais, Feliciano (Tarcísio Meira) e Laurinda (Lucinha Lins). Sob a falsa identidade de Raimundo Flamel, ele pretende se vingar dos responsáveis pela tragédia que acabou com sua família. Seu pai – na época, prefeito da cidade – acreditava na existência de minas de ouro na região.

A autoridade contava com o apoio de Major Emiliano Bentes (Lima Duarte), Professor Praxedes (Juca de Oliveira) e Numa Pompílio de Castro (Hugo Carvana) até que uma intriga política, incitada por Demóstenes (José Wilker), estourou e todos ficaram contra o prefeito.  Flamel chega ao local como um alquimista cheio de mistérios. Disposto a acabar com os poderosos da cidade, ele aguça a cobiça de seus alvos, prometendo transformar ossos humanos em ouro. A notícia se espalha e os moradores passam a violar as sepulturas em busca de ossadas. Flamel tem o apoio de Nicolau (Ivan de Albuquerque), de quem é discípulo, de Genival Gusmão (Ewerton de Castro), seu secretário e ouvinte, e da costureira Margarida Pestana (Arlete Salles), irmã de sua mãe e sua madrinha.

A novela marcou época com o figurino de Raimundo Flamel (Edson Celulari) (na foto acima). As camisas sem gola usadas pelo personagem, inspiradas no filme Lawrence da Arábia (1962), de David Lean, chegaram a ser batizadas de “camisas Flamel”. Já as roupas de Ilka Tibirçá foram inspiradas em Jacqueline Kennedy, ex-primeira dama dos Estados Unidos.

Além das mágicas de Flamel (Edson Celulari), que eram acompanhadas por explosões, raios e fumaça, a trama traz o coveiro Orestes Fronteira (Cláudio Marzo), que se comunica com os mortos. Isolado pelos habitantes por seu aspecto estranho, ele passa a ser respeitado quando revela escutar confidências escabrosas do outro plano. Com sua ajuda, Flamel consegue ter contato com seu pai.

Cheia de trejeitos engraçados e histerismo, Ilka Tibiriçá (Cássia Kis Magro) adepta do visual anos 60 e vidrada no filme “O Candelabro Italiano” (1962). O tema musical de Ilka na novela é “Al Di Là”, o mesmo do longa. Com receitas e pratos exóticos, ela tenta reverter a impotência sexual de seu amado Ataliba Timbó (Paulo Gorgulho).

A fogosa Rubra Rosa (Susana Vieira) completa a temática mística de “Fera Ferida“. A esposa do vereador Numa Pompílio de Castro (Hugo Carvana) tem um caso antigo com Demóstenes (José Wilker), inimigo político de seu marido. Quando os amantes se encontram, tudo ao redor pega fogo. As cenas são baseadas na personagem Marcina (Sônia Braga), da novela Saramandaia (1976).