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Para fazer caber a árvore de Natal na sala do apartamento, Cleide Nava posiciona a mesa de jantar entre o móvel da televisão e o sofá. Foto: Alison Martins / Gazeta do Povo
Para fazer caber a árvore de Natal na sala do apartamento, Cleide Nava posiciona a mesa de jantar entre o móvel da televisão e o sofá. Foto: Alison Martins / Gazeta do Povo| Foto:

De todas as datas comemorativas do ano, o Natal é, de longe, a favorita de Cleide Nava Lançoni, de 56 anos. Ela acredita que seu gosto pelo último mês do ano não surgiu à toa: ter nascido no dia 14 de dezembro talvez tenha contribuído para que um carinho pela época de luzinhas e pinheiros sempre se manifestasse de forma tão intensa. “Para mim, é um mês muito importante, tanto que até casei em dezembro”, conta ela enquanto caminha pelo pouco espaço entre o hall de entrada e a sala de seu apartamento, no Campo Comprido.

Por onde se olha, cada centímetro dos 16 metros quadrados que compõem a sala de visitas, televisão e jantar é decorado com elementos natalinos. Para dar espaço à árvore, um pinheiro artificial de mais de dois metros de altura, ela rearranja a mesa de vidro de quatro lugares entre o rack da televisão e o sofá em “L”, que ocupa quase todo o espaço do ambiente. “Fica apertado, mas é o único lugar onde consigo colocar”, justifica, dando de ombros.

Além da árvore imponente, há pelo menos uma versão de Papai Noel em cada móvel da sala. No sofá, uma das almofadas estampa o rosto risonho do bom velhinho; na mesinha de canto, próxima à parede, o personagem ganha forma através de um pote de cerâmica redondo; no móvel ao lado, Noel aparece em meia dúzia de poses em diferentes bibelôs de porcelana: sentado no trenó, segurando presentes, acenando ao horizonte. Bolinhas de Natal vermelhas e douradas dividem os objetos e completam o cenário.

A decoração temática continua na cristaleira de madeira que, entre os primeiros dias de dezembro e janeiro, se transforma em vitrine de relíquias natalinas. “Tudo isso eu fui comprando ao longo dos anos”, conta Cleide.

Ela aponta para uma dupla de anjinhos vestidos de dourado (cada um segura uma luzinha em pose de oração) – “são os meus preferidos”. Na prateleira de cima, garrafas de whisky e licor exibem touquinhas vermelhas com pompons brancos. “Essas são da Lully”, diz, referindo-se ao pet da família, uma pinscher tímida de 10 anos. Nesta época do ano, ela caminha pela casa envolta em uma bandana vermelha decorada com um micro-cãozinho de pelúcia natalino.

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Cleide não se importa com excessos na decoração. Cada um dos detalhes representa, para ela, uma reconexão com a própria infância. “Sou do interior de São Paulo, de uma cidade chamada Buritama. Quando eu era pequena, minhas irmãs faziam a árvore de Natal só com galhos. Depois, a gente ajudava a decorar com algodão e bolas coloridas”, relembra, sorrindo. Aos poucos, a família substituiu os galhos por pinheiros naturais, que se tornaram a principal atração das festividades de dezembro. “Esse momento de arrumar tudo é muito especial. Para mim, o Natal representa família, estar todo mundo junto, o nascimento de Jesus… Coisas assim me deixam feliz”.

Uma janela com muita história

O Natal de 1993 representa um marco para a família da professora de educação física Vanessa Mouchbahani, 46. Naquele ano, ela resolveu fazer uma atividade lúdica com seu sobrinho, o bebê Caio Augusto: pintar com tinta guache as janelas do apartamento da avó com motivos natalinos.

“Eu era uma tia babona”, conta. Para não deixar ninguém de fora, ela fez questão de repetir o feito nos anos seguintes, conforme nasciam mais crianças. Virou tradição. Hoje, o dia de pintar as janelas da casa da “vó” é o momento mais aguardado do Natal pelos 11 primos Mouchbahani.

Os desenhos de Vanessa se tornaram tradição nas redondezas do Juvevê. Foto: Arquivo pessoal
Os desenhos de Vanessa se tornaram tradição nas redondezas do Juvevê. Foto: Arquivo pessoal| Arquivo Pessoal

Os desenhos são sempre feitos à mão por Vanessa. A cada ano, os vidros do apartamento acima das Lojas Emilie, na Moysés Marcondes, recebem uma arte diferente. “Não sou profissional, mas faço com muito amor. Desenho num papel, depois coloco a folha por trás da janela e passo uma canetinha”, explica.

A tarefa da pintura, em tinta guache, sempre ficou por conta das crianças. “Já fiz o Papai Noel com a Turma da Mônica, com renas, se exercitando. É sempre um momento bom com as crianças”.

Até hoje, os primos se reúnem para a pintura na janela do apartamento da avó. Foto: Arquivo Pessoal / Vanessa Mouchbahani
Até hoje, os primos se reúnem para a pintura na janela do apartamento da avó. Foto: Arquivo Pessoal / Vanessa Mouchbahani| Arquivo Pessoal

O que começou como uma brincadeira em família logo se tornou tradição nas redondezas do bairro. “A gente nunca prestou atenção se as pessoas olhavam, era um momento de a gente ficar junto, curtindo. Até que uma vizinha um dia bateu lá em casa e perguntou por que a gente não tinha decorado a janela ainda”, relembra Vanessa, rindo.

“A casa da avó sempre foi nosso ponto de encontro e isso virou um costume que a gente criou juntos”, conta Caio. Hoje, aos 24 anos, é ele quem ajuda os primos menores a subirem no banquinho de madeira que lhe serviu como apoio para as primeiras pinceladas. “É tudo simples, mas muito especial. São essas pequenas coisas que fazem com que a nossa família fique sempre unida”.

O sobrinho Caio Augusto Mouchbahani Growoski, em 2001. Foto: Arquivo pessoal
O sobrinho Caio Augusto Mouchbahani Growoski, em 2001. Foto: Arquivo pessoal| Arquivo Pessoal

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