Comportamento

Amanda Milléo

Grávida que queria parto humanizado tem bebê em segundos na casa de amiga

Amanda Milléo
21/04/2019 15:00
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Casal esperava um parto humanizado, mas nunca imaginavam que o bebê Gregório viria rápido demais para irem ao hospital (Foto: Arquivo pessoal)

Mesmo com as contrações próximas, dando sinais a cada três minutos, a professora Amanda Marcelle Carneiro Santos, de 24 anos, não achou que o filho Gregório estava prestes a nascer. Toda a preparação e estudo que ela e o marido, Márcio Rodrigo dos Santos, jornalista de 34 anos, haviam feito indicavam que, por ser a primeira gestação, o processo do parto demoraria horas e eles ainda teriam tempo.
Moradores da cidade de Telêmaco Borba, no interior do Paraná, o casal buscava um parto mais humanizado possível e decidiu se mudar por algumas semanas para Curitiba, a fim de ficarem mais próximos de maternidades que ofereciam essa opção. Ajudados por uma amiga, os dois se instalaram em um apartamento no bairro Portão quando Amanda estava na 36ª semana.
Mal sabiam eles que, nos primeiros minutos do dia 2 de abril, o pequeno Gregório não daria tempo nenhum para os pais saírem de casa e ali, no meio do banheiro, viria ao mundo direto aos braços do pai.

“As contrações foram ficando mais doloridas e aí eu senti a cabeça dele nascendo. Eu não conseguia sair dali, estava travada. ‘Não vai dar tempo, ele está saindo. Segura que ele vai nascer’, eu disse para meu marido, e foi assim. Ele se abaixou e na próxima contração, o Gregório nasceu nas mãos do pai”, relata Amanda, emocionada em lembrar do momento mais assustador e incrível da vida dela. 

Bebê nasce em cinco segundos, em banheiro de casa (Foto: Arquivo pessoal)
Bebê nasce em cinco segundos, em banheiro de casa (Foto: Arquivo pessoal)
Tão logo segurou o menino no colo, Márcio não ficou pensando no que aquilo representava. Afinal, ele tinha uma tarefa a fazer, e não podia deixar a emoção se sobrepor. Quando entregou Gregório aos braços da Amanda, porém, a ficha caiu.
“A Amanda queria um parto natural, e ela naturalizou essa ideia na minha cabeça. Assisti vídeos com ela e, de certa forma, no momento foi natural para mim. Depois eu fiquei em choque. Eu o entreguei, fiquei olhando, pasmo. Não estava acreditado que aquilo tinha acabado de acontecer. Na hora fiquei com medo de ele escorregar e cair, então só pensei em manter o braço firme. Foi tudo muito rápido”, relata o pai de primeira viagem.
Como o processo do nascimento já estava acontecendo, a doula contratada ajudou de outra forma: registrando o momento. O vídeo teve a duração surpreendente de cinco segundos. “Foram duas horas e meia de parto, mas com intensidade mesmo durante uma hora e meia. E cinco segundos para nascer”, completa Márcio.
A calma e tranquilidade do marido também surpreenderam Amanda. “Quando vi o vídeo do nascimento, fiquei impressionada com a calma dele. Ele estava muito calmo, como se fizesse isso todos os dias. Foi surpreendente, mas acho que foi instinto. Não tinha outra coisa a fazer, a não ser pegar ele”, disse a mãe.
Depois do susto, a família ligou para o SAMU (192), que chegou em 40 minutos ao local. Foram encaminhados ao hospital maternidade do Bairro Novo, onde o bebê recebeu os cuidados, foi medido, pesado e devolvido à mãe.
“Ocorreu tudo bem, foi só um susto mesmo. O Gregório nasceu saudável. Algumas pessoas tinham ficado preocupadas, por ele ter nascido no banheiro, mas não teve nenhum problema. Claro, não apoiamos um parto em casa desassistido. O nosso foi no susto, não deu tempo de nada, mas queremos deixar bem claro que a gente não apoia um parto domiciliar sem ser assistido”, diz Amanda.
A família, que já voltou à cidade de Telêmaco Borba, agora se prepara para novas etapas na vida do bebê, que acaba de completar duas semanas.
Gregório nasceu no dia 2 de abril, e não esperou a mãe chegar ao hospital (Foto: arquivo pessoal)
Gregório nasceu no dia 2 de abril, e não esperou a mãe chegar ao hospital (Foto: arquivo pessoal)

Partos em casa?

Optar por um parto domiciliar não é tão simples quanto parece. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é para que, no caso desse desejo da mãe, o parto aconteça em um local onde a mulher se sinta segura, seja esse local a residência ou casas de parto — mais comuns em outros países.
É preciso também que seja montada uma equipe, composta por enfermeira obstétrica e neonatal, doula, midwives e pessoas capazes de transferir a mãe e o bebê a um hospital, caso seja necessário.
Uma indicação básica e imprescindível é que: durante a gestação e no início do trabalho de parto, a mãe não tenha tido nenhuma alteração. Além disso, deve ser possível a fácil transferência da mulher a um hospital, caso aconteça alguma intercorrência.
Além disso, o parto domiciliar só é indicado às gestações normais, sem fatores de risco, como pressão alta da mãe, ou gestação de gêmeos, e com a equipe capacitada para o nascimento.
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