Comportamento

Katia Michelle, especial para Gazeta do Povo

Beleza da diversidade: conheça os modelos que quebram tabus

Katia Michelle, especial para Gazeta do Povo
27/06/2016 12:13
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Winnie Harlow , do Canadá, Marianne Oliveira, de Curitiba, Guilherme Pákua, de Ponta Grossa e o time de modelos da campanha Just Mine, da associação italiana Rivoluzione di Costume: a beleza da diversidade. Fotos: divulgação e reprodução Instagram.

Marianne Oliveira tem 9 anos e uma determinação de gente grande. Foi ela quem convenceu os pais que queria ser modelo. Guilherme Pákua tem 21 e não se fez de rogado quando foi convidado para fazer um book e estrelar o portfólio de uma agência. Em comum, os dois modelos publicitários não deixam suas diferenças se sobreporem aos padrões. Marianne tem Síndrome de Down e Guilherme é deficiente auditivo.
Marianne Oliveira, 9 anos, adora posar para as fotos. Foto: divulgação Forum Model Management
Marianne Oliveira, 9 anos, adora posar para as fotos. Foto: divulgação Forum Model Management
Eles fazem parte de uma tendência do mercado da beleza e da moda, que está mudando nos últimos anos. A marca de cosméticos americana Beauty & Pin-Ups, por exemplo, escolheu Katie Meade, uma modelo com síndrome de Down para campanha publicitária mais recente. A associação italiana Rivoluzione di Costume acaba de encampar um projeto que criou roupas de banhos para pessoas de diferentes manequins e estilos, incluindo modelos com síndrome de Down na campanha.
Guilherme Pákua, 21 anos, tem deficiência auditiva. Trabalho como modelo aumenta a auto estima. Foto divulgação Marianne Oliveira, 9 anos, adora posar para as fotos. Foto: divulgação Forum Model Management.
Guilherme Pákua, 21 anos, tem deficiência auditiva. Trabalho como modelo aumenta a auto estima. Foto divulgação Marianne Oliveira, 9 anos, adora posar para as fotos. Foto: divulgação Forum Model Management.
Exemplos dessa diversidade, aliás, não faltam, como a modelo canadense Winnie Harlow que chamou a atenção no mundo da moda driblando o preconceito sobre o vitiligo, doença que provoca a morte de células responsáveis pela pigmentação na pele.
Campanha italiana lança roupa de banhos apostando na diversidade da beleza. Foto: Reprodução Instagram
Campanha italiana lança roupa de banhos apostando na diversidade da beleza. Foto: Reprodução Instagram
“Nós não víamos essa diversidade há um tempo atrás, mas tanto os profissionais como o mercado estão mudando a postura e isso é muito bom. Para qualquer pessoa, ser modelos é um trabalho de construção, no caso da inclusão, pode auxiliar muita gente”, conta Guilherme Schneider, sócio-diretor da Forum School e da Fórum Model Management, que agencia Marianne e Guilherme.
Para ele, a única diferença nos trabalhos é que, no caso dos dois, a agência pede o acompanhamento de um responsável. “Mas esse é o padrão para modelos menores de idade, por exemplo”, revela. Guilherme explica que trabalhar com modelos com algum tipo de deficiência é bastante estimulante, porque é possível exercitar a desinibição e até a auto estima de acordo com cada pessoa.
A modelo canadense Winnie Harlow. Foto: reprodução Instagram.
A modelo canadense Winnie Harlow. Foto: reprodução Instagram.
“Marianne é uma criança bastante expressiva e espontânea. Nós nem pensávamos na carreira de modelo, mas ela é muito carismática e ela mesmo tomou a iniciativa e quis fazer fotos. Acabamos procurando a agência”, conta o pai da menina, o militar Ivan Oliveira, de 46 anos, que mora em Curitiba já 3 anos. A família acaba estimulando o desenvolvimento dela na área e acompanhando cada passo da futura modelo. “Ainda estamos começando, queremos que ela desenvolva trabalhos que seja do interesse dela, sempre”, conta Ivan.
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Já para Guilherme Pákua, deficiente auditivo, o curso de modelo ajudou para trabalhar a autoestima. “Ele era muito tímido, sofria bulling na escola e não se interessava por muitas coisas. Quando surgiu a oportunidade de fazer o book e um curso, ele ficou bem animado. Agora estamos na expectativa de conquistar um trabalho nessa área”, conta a mãe, Rosangela Pákua. Ambos moram na cidade de Ponta Grossa.
A profissão, no entanto, exige  bastante dedicação dos modelos e das agências. “É preciso procurar uma agência séria, pesquisar antes os trabalhos que a empresa fez e cuidar com a as falsas abordagens. Pesquisar nunca é demais”, salienta Guilherme Schneider. Para ele, o mercado está cada vez mais aberto a absolver as diferenças das pessoas representando uma beleza que não é única e nem deve ficar presa a padrões.