Comportamento

Alexia Saraiva e Carolina Werneck

Brincadeiras em parques infantis podem ser seguras; saiba como

Alexia Saraiva e Carolina Werneck
27/01/2018 07:00
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Maitê, cinco anos, e João Guilherme, três, vão sempre ao parquinho levados pela mãe, que também cresceu brincando nesses espaços. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Férias e verão combinam com brincadeiras fora de casa. E, seja dentro do condomínio, em praças ou em parques infantis, acidentes sempre estão propícios a acontecer. Mas como evitar que as crianças tenham machucados mais graves sem que isso acabe com a diversão?
O pediatra do hospital Pequeno Príncipe Nilton Kiesel Filho destaca três passos básicos para que as brincadeiras possam ser seguras. Segundo ele, antes de tudo é importante não impedir as crianças de brincar. “Acidentes acontecem e isso não deve limitar os pais a sair com as crianças”, explica. Em segundo lugar, os responsáveis devem verificar se o local é adequado para brincadeiras, com condições mínimas. Por fim, os pais devem evitar pedir para que terceiros cuidem das crianças, ficando junto delas e estando atentos.
Em um dos parquinhos que colorem os gramados centrais da Rua Schiller, no Hugo Lange, em Curitiba, a pequena Maitê, de cinco anos, reclama que tem medo de usar um dos escorregadores, que está bem velho. Na manhã desta terça-feira ela andava pela região de mãos dadas com a mãe, Themis de Souza, o pai, Pablo Martines, e o irmão, João Guilherme, de três anos.
“Eu acho péssimo o parquinho, aqui. Tenho que ficar sempre próxima, porque passam carros dos dois lados da praça e o parque não é fechado. A gente não pode piscar nem um minuto, tem que ficar super atento. Mesmo porque não tem uma segurança, guarda, nada”, diz Themis. Ela afirma que as condições dos brinquedos também preocupam, com estruturas de madeira já antigas e falta de proteção lateral.
O pequeno João Pedro, de um ano e 11 meses, é frequentador assíduo da 29 de Março junto com a mãe, a farmacêutica Karine Gato. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
O pequeno João Pedro, de um ano e 11 meses, é frequentador assíduo da 29 de Março junto com a mãe, a farmacêutica Karine Gato. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Mesmo assim, continua levando os filhos para brincar. “Eu cresci neste bairro, tenho a minha turma, que é a turma do bairro. A gente se encontrava sempre na Praça [Brigadeiro] Eppinghaus. Curitiba já não tem sol, então quando tem a gente tem que aproveitar para sair com as crianças.”
A ONG Criança Segura aponta que 90% dos acidentes que acontecem com crianças e adolescentes de até 14 anos podem ser evitados com medidas preventivas. Uma dessas medidas é que os pais conheçam os espaços a que levam os pequenos e monitorem os brinquedos para ver se não estão enferrujados ou quebrados. Também é importante evitar parquinhos com piso de concreto ou pedra e priorizar os que têm piso emborrachado, com gramado ou areia. Além disso, vale evitar o uso de acessórios no pescoço e na cabeça que possam enroscar em brinquedos.
Kiesel alerta que, caso ocorra algum acidente, os pais devem avaliar a gravidade da situação para só então levar a criança ao médico. “É importante levar ao pronto-socorro se [o responsável] considera que o machucado é de uma gravidade que a criança não vai poder conviver, ou caso ela apresente sinal de inchaço, fratura ou dor no local”, explica.
Acidentes mais comuns
Louyse Fernanda, 20 anos, cuida de Henrique Severo, que tem dois anos e meio, e Pedro, que tem seis anos. Todos os dias ela vai com os dois até a Praça 29 de Março, nas Mercês. Ali, no banco de areia, diversas crianças muito pequenas brincam com caminhões e bonecas, observadas de perto por babás, pais, mães, e avós.
“O Henrique já caiu de um dos brinquedos, porque não tinha as grades em volta. Mas não foi nada sério, foi uma queda bobinha. Não acho esses brinquedos muito seguros, eles estão bem abandonados”, conta Louyse. Ela também reclama da falta de segurança do ambiente da praça, em si. “Eu já fiquei com muito medo aqui, porque sempre tem vários moradores de rua, bêbados, essas coisas. Então tento vir sempre nos horários que têm mais gente.”
Gerson Hartmann Jr. observa de perto a brincadeira dos filhos Helena, de quatro anos, e Henrique, de seis. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Gerson Hartmann Jr. observa de perto a brincadeira dos filhos Helena, de quatro anos, e Henrique, de seis. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
O médico explica que, no pronto-socorro do hospital Pequeno Príncipe, as principais entradas decorrentes de brincadeiras são divididas por áreas: lesões cortantes na cirurgia, fraturas na ortopedia e traumas cranianos na clínica geral, especialidade em que atua. “95% das crianças que batem a cabeça e vêm para o pronto-socorro são coisas que a gente atende aqui e trata em casa”, afirma Kiesel.
Também na 29 de Março, Gerson Hartmann Jr. monitora de perto a brincadeira dos filhos, Henrique, de seis anos, e Helena, de quatro, em um dos brinquedos do parquinho. Morador do Ecoville, ele costuma trazer as crianças até as Mercês para que elas saiam do ambiente do condomínio. “A gente até tem [parquinho] no prédio, mas são outros brinquedos. Eu trago aqui por causa desses brinquedos mais antigos, que desenvolvem a coordenação motora, o equilíbrio e faz com que eles percam o medo, também.”
Com cuidado, é possível deixar que os pequenos se divirtam e convivam com as outras crianças que também frequentam o local. “Eu sempre fico por perto e dou uma olhada, antes [que eles comecem a brincar], para ver se não tem nada estragado ou um lugar em que eles possam se machucar. Fora isso, deixo se divertirem”, diz Hartmann.
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