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Como falar com as crianças depois de uma tragédia ou acidente?

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13/03/2019 14:20
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Abordar os assuntos mais espinhosos com as crianças, mesmo quando elas são muito pequenas, é importante para processar as informações que ela vê fora de casa (Foto: Bigstock)

Na manhã desta quarta-feira (13), a notícia de que dois atiradores entraram em uma escola estadual de Suzano (SP) e mataram oito pessoas*, entre crianças e funcionários, percorreu todos os jornais e redes sociais.
Por mais blindados que os pais queiram que as crianças estejam de informações que possam causar algum desconforto, é praticamente impossível que elas fiquem sem saber, e sem se surpreender, com o caso.

Conversar com os filhos sobre essas questões, portanto, é um passo fundamental depois de grandes eventos, e cada faixa etária tem uma maneira mais adequada para a abordagem.

Confira algumas orientações listadas pela Academia norte-americana de Pediatria de como os pais podem atuar diante dessas situações:

Pré-escola

Nessa faixa etária, as crianças ainda não sabem expressar muito bem o que estão sentindo. Sentar “como adulto” e conversar com elas pode não ser a melhor ideia.
Use o momento da brincadeira para perguntar se algo está incomodando ou fique atento se ela estiver sendo mais agressiva que o normal, ou tendo muitos pesadelos.
Pedir para que a criança faça um desenho ou explique através dos seus brinquedos também pode ser uma forma de ela transmitir seu medo, sem precisar falar.

Depois dos 7 anos

A partir dessa idade, a criança começa a se expressar melhor, mas o recurso do lúdico ainda funciona muito bem – e isso vai até os 10, 11 anos.

Os pais precisam ter em mente que a criança é capaz de fazer julgamentos, como qualquer ser humano, e podem evitar falar do assunto com medo do que os adultos possam achar dela.

Use o momento em que a criança estiver mais tranquila e pergunte o que ela sabe, o que ela ouviu falar. Não dê detalhes gráficos e nem fale mais do que a criança gostaria de ou precisaria saber.
Aproveite o momento também para passar segurança ao filho. Se estiver falando de um acidente automobilístico, por exemplo, demonstre segurança e fale que na família há poucos casos de acidentes com carro, se for o caso.

Pais juntos

No momento da conversa com a criança, é importante que a família toda esteja presente – e que os adultos conversem previamente sobre aquilo que vão dizer, para não entrar em contradição na frente da criança.
Além de dar mais segurança à criança, a presença de todos os adultos aumenta a sensação de acolhimento, de família, e às vezes tudo que a criança quer ouvir é que eles estão ali para cuidar dela e que tudo vai ficar bem.

Adolescência

Entre os adolescentes, vale a mesma fórmula: pergunte o que eles sabem e quais são as dúvidas que eles têm sobre o acontecido.
Nessa faixa etária, como o filho sabe explicar e colocar em fatos tudo que ouviu, viu e leu, os pais precisam estar informados de todos os fatos também.
Mais do que o tempo em frente aos dispositivos, relação com a tecnologia revela se seu filho é um dependente da internet. Foto: Bigstock.
Mais do que o tempo em frente aos dispositivos, relação com a tecnologia revela se seu filho é um dependente da internet. Foto: Bigstock.

Sinais de alerta

Se a criança está mais irritada ou agressiva que o normal, mudou o padrão de sono, sente-se mais agitada e com pesadelos, e não está se alimentando da maneira como deveria, esses são sinais que os pais precisam prestar atenção. Veja todos os sinais:
– Agitação e agressividade;
– Nervosismo e ansiedade;
– Mudança no sono: mais pesadelos ou mesmo insônia;
– Falta de vontade de estar com amigos;
– Mudança na rotina;
Lembre-se: os pais podem não perceber essas mudanças em casa, mas é importante conversar com a escola para saber como está o comportamento do filho lá.

Controlar os eletrônicos funciona?

Evitar falar sobre o assunto não é uma boa ideia porque os pais não têm total controle sobre o que a criança sabe ou o que ela ouviu. Com a facilidade de obter informações via redes sociais, hoje, é importante que os pais já se antecipem a esses detalhes e repassem segurança aos filhos.
*Até o fechamento da matéria, o número exato de vítimas ainda não havia sido confirmado. 
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