Comportamento

Willian Bressan

“#chateado”: como evitar conflitos entre pais e filhos nas redes sociais

Willian Bressan
14/11/2015 15:03
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Muitos filhos preferem não aceitar os pais como “amigos” nas redes sociais. Imagem: Bigstock.

Aquela foto da infância postada para ser curtida pelos amigos (deles!). Uma bronca compartilhada na timeline. Comentários “fofinhos” ao curtir uma fotografia publicada. Se até pouco tempo atrás a maior “vergonha” para um adolescente era que o pai o deixasse na porta do colégio, hoje o que causa mais embaraço para os filhos é o fato de muitos pais não terem moderação na hora de usar as redes sociais.
Por conta disso, não faltam jovens que preferem deixar a mãe ou o pai em “banho maria”, não aceitando a solicitação de amizade deles com medo de passarem vergonha. A situação gera desabafos nas plataformas – “saudades da época e quem minha mãe não conhecia o Facebook”, escreveu no Twitter uma adolescente de 16 anos. “Tô arrasada, entrei no Face e descobri que ele apaga tudo que mando pra ele…Já não basta fingir que não me conhece na escola? Tudo ingrato”, desabafou uma mãe de um adolescente. O resultado: são conflitos no “off-line”, com filhos envergonhados e pais magoados. A comerciante R.S.S, 37 anos, que em breve terá que liberar as redes sociais para os filhos adolescentes, assume que tem medo de ser rejeitada no ambiente on-line. Mas como lidar com a situação?
“Essa é só mais uma consequência da diferença entre gerações”, avalia a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro Comunicação Entre Pais e Filhos. Para ela, o distanciamento em relação aos pais na internet é outro fator da busca por autonomia típica da adolescência. Da mesma forma que os filhos passam a ter vergonha de serem levados à porta da escola ou não querem mais andar de braços dados, também tentarão se desvencilhar dos pais nas redes sociais. “Mas não é uma rejeição propriamente dita, é uma recusa de ser tratado como criança. E o que ocorre é que muitos pais têm dificuldade de acompanhar esse crescimento dos filhos. Eles ficam tratando adolescentes ou jovens adultos como crianças pequenas. Isso irrita porque, para o filho, não é mais assim”, pondera a terapeuta.
A consultora digital Fernanda Musardo explica que o conflito de gerações acontece porque pais e filhos encaram as plataformas de formas diferentes. Para os mais velhos, existe a necessidade de reafirmar um relacionamento que existe no mundo real, enquanto os adolescentes estão no período de autoafirmação e buscam por independência.
Curtir ou não curtir
Confira as dicas dos especialistas para não errar com os filhos nas redes sociais:
  • Respeite o espaço dos adolescentes nas redes sociais. Se ele não aceitar imediatamente, não insista.
  • Caso o adolescente deixe em “banho maria” a solicitação de amizade pode ser um teste: é um bom caminho para mostrar que você entende que existe diferença na relação entre o ambiente digital e “real”.
  • Não tente levar para o ambiente digital a mesma relação que você tem com seu filho no mundo virtual. Lembre-se que você é pai ou mãe, e não melhor amigo dele.
  • Pense antes de publicar fotos ou comentários constrangedores. Tudo que está na rede fica gravado para sempre.
  • Oriente os filhos com relação aos perigos que existem na internet.
  • Monitorar é diferente de vasculhar e invadir a privacidade deles.
  • Uma vez aceito nas redes, é possível colocar os pais em listas como ‘restritos’, o que restringe o acesso deles ao conteúdo publicado nas redes.
  • Monitorar x invadir
    Os pais também precisam ter em mente que é possível participar da vida sem filhos sem invadir a privacidade dele. “Por que o pai precisa fazer parte do Facebook do filho? O melhor é monitorar, alertar dos perigos das redes”, pondera Fernanda Musardo. A psicóloga Graciela Faria concorda com a consultora digital. “Quando a intenção dos pais é controle ou cercear as relações dos filhos provavelmente não serão bem recebidos ou a qualidade da relação fica comprometida no ambiente virtual e no cotidiano. O melhor é conseguir uma proximidade e acompanhar o adolescente”, conclui.

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