Comportamento

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo

Crianças em restaurantes: mães comentam a polêmica sobre proibição

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
31/10/2016 16:00
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(Crédito: Big Stock)

Um post da apresentadora do GNT Raíza Costa apoiando a decisão de um restaurante de proibir a entrada de menores de 14 anos no estabelecimento mexeu com os ânimos de quem tem e de quem não tem filhos.
(Crédito: Reprodução)
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Apesar de ter recebido apoio de representantes dos dois grupos, muitas pessoas se incomodaram com a falta de empatia de Raíza, alguns afirmando até que o discurso dela é de ódio.
O Viver Bem perguntou a três mulheres que tem filhos de diferentes idades a opinião delas sobre o tema. Abaixo você confere a resposta:
Renata Bermudez, mãe de Helen (8), Íris e Flora (ambas de 6 anos)
“Eu achei chata a parte sobre os pais que pagam babá [Raíza escreveu “Pensa só nos pais que pagam uma babá pra saírem pra namorar tranquilões e chegando lá são obrigados a aturar o choro do filho alheio”] e o comentário desnecessário, mas acredito também, pelo o que tenho visto em outras discussões, que a posição dela não é tão incomum”, diz Renata, que trabalha como consultora de disciplina positiva na Sosseguinho.
Para ela, a opinião da apresentadora demonstra uma incapacidade de muitas pessoas de terem “um pouco de empatia com uma criança”,o  que se torna evidente toda vez que pais chegam em diferentes locais acompanhados de seus filhos pequenos. “Eu brinco que que quando eu entro em um restaurante com três crianças o olhar das pessoas sempre é de ‘pelo amor de Deus, não senta do meu lado’”.
O ideal, conforme ela, seria que as pessoas respeitassem as crianças como parte da sociedade e buscassem compreender que, para que elas aprendam a se comportar em determinados ambientes, elas precisam estar presentes neles. “Como que ela vai aprender a se comportar num teatro ou num restaurante, se ela não for a esses lugares?”, questiona.
Melina Pockrandt, mãe de Manoela (7) e Ana Júlia (2 anos)
Criadora do site Maternidade Simples, Melina diz que não se sentiu ofendida com o comentário de Raíza, mas que compreende a origem da polêmica. “Numa sociedade como a nossa, com tanta intolerância, não conseguimos ver isso [o comentário] com bons olhos. Fica uma marca dessa intolerância”.
De acordo com Melina, porém, a intolerância existe de ambos os lados, assim como a falta de bom senso. “As pessoas são pouco tolerantes com as crianças. Os pais são intolerantes com quem não tem filhos. Se uma mulher diz que não quer ter filhos, sempre tem alguém criticando”, exemplifica.
Para ela, proibir a presença de crianças em determinados locais não vai resolver a tensão entre as pessoas e ainda pode abrir espaço para outras restrições. “Uma criança autista, por exemplo, que pode ter um crise e fazer um escândalo em qualquer ambiente, inclusive em lugares para crianças”, diz. Outros frequentadores que se incomodassem com a criança teriam como justificar a restrição dela ao local.
Deisy dos Santos Soares, mãe de Amelie (9 meses)
A produtora cultural e mãe da pequena Amelie, Deisy, diz que os bebês não podem ser vistos apenas como “um ser humano que chora”. “As crianças precisam sair, olhar, conviver. Isso faz parte do desenvolvimento do ser humano. E eu ficaria muito brava se me barrassem em qualquer lugar só por estar acompanhada por uma criança. [Um restaurante] não é uma balada. Eu vou para comer, relaxar, e o momento em família faz parte desse rito de amor”, diz.
Para ela, se uma restrição for feita para bebês e crianças pequenas por causa do choro, a lógica seria banir todos aqueles que falam alto ou são mais entusiasmados também não poderiam frequentar restaurantes românticos, por exemplo, para não atrapalhar os casais – o que também não seria correto. “Não podemos excluir as pessoas porque os outros se sentem desconfortáveis”, resume.
Deisy diz ainda que todos precisam ter bom senso. “Se a Amelie está muito impaciente e chora, é porque tem algo de errado. A criança não chora de forma gratuita. É parte da educação dela o pai acalmar o bebê. Se eu não consigo ali, vou dar uma volta, amamento, e isso basta. E as pessoas ao redor precisam ter paciência, porque ela é é um bebê que está aprendendo a conviver em sociedade”.