Comportamento

Marcelo Gonzatto, Agência RBS

Algumas dicas e várias ideias para fazer com as crianças nas férias escolares

Marcelo Gonzatto, Agência RBS
04/12/2018 12:00
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À medida que se aproximam as férias escolares, milhares de famílias se defrontam com um dilema muitas vezes tão complexo quanto quitar as contas de final de ano: o que fazer com as crianças, durante o recesso de aulas, nos casos em que pai e mãe trabalham?
Especialistas apontam que há um desafio cada vez maior de oferecer atividades variadas aos estudantes de folga e evitar que se limitem ao uso abusivo de celulares e videogames. Para dar conta dessa tarefa, felizmente há um número cada vez maior de recursos. Além de soluções tradicionais como recorrer a parentes ou babás temporárias ou escalonar as férias dos pais, colônias de férias, espaços lúdicos e escolas tradicionais oferecem opções crescentes de acolhimento.
Ao longo das últimas décadas, dois fenômenos ajudaram a transformar o recesso escolar em um quebra-cabeças doméstico. Na maioria das casas, tanto o pai quanto a mãe trabalham e, muitas vezes, não conseguem tirar períodos de 30 dias ou mais de férias no verão para ficar com os filhos. Assim, mesmo que tirem folgas em períodos distintos, não é o suficiente para cobrir mais de dois meses sem colégio. Para isso, é bom se planejar com antecedência e, caso a saída escolhida envolva custos, se preparar para arcar com os gastos excedentes.

Ambiente acolhedor

A solução costuma envolver a busca de uma pessoa – um parente ou um profissional – para ficar com os pequenos em casa, ou mandá-los durante parte do tempo para uma colônia de férias ou estabelecimento que ofereça atividades de turno integral. O importante, conforme psicólogos e educadores, é que a criança seja mantida em um ambiente seguro e motivada a realizar atividades diversificadas.
O ideal é que os filhos não fiquem exclusivamente sujeitos ao fascínio exercido pelos equipamentos eletrônicos como celulares, tablets ou consoles de videogame, mas sejam estimulados a se dividir entre brincadeiras, leituras e ações criativas e outras opções. Assim, não deixam de se divertir e ainda se mantêm preparados para retomar os estudos a partir de fevereiro.
“É muito importante oferecer atividades lúdicas, mas também com viés pedagógico. As férias de verão são um momento para desopilar, curtir, mas os pais devem incluir alguma rotina de estudo, de leitura. Ficar um longo tempo sem qualquer contato com uma atividade mais educativa é ruim porque, ao retomar as aulas de forma abrupta, a criança pode ficar um pouco estressada” observa a orientadora educacional Denise Arina Francisco, mestre em Educação e professora do curso de Pedagogia da Feevale.

Ler um livro, assistir a um filme ou a uma peça de teatro, segundo Denise, já ajuda a manter a mente acesa durante as férias. Ainda melhor é combinar esses programas com algum tipo de atividade física regular – e, de preferência, ao ar livre.

A especialistas afirma que há cada vez mais estabelecimentos dispostos a auxiliar os pais nesse desafio, com preços que variam conforme o local, o tipo de serviço e a duração do acolhimento. “Hoje em dia há muitas colônias de férias, clubes e escolas que oferecem atividades no verão justamente para atender a essa demanda das famílias” diz Denise.
A psicopedagoga e orientadora educacional Eliane Dutra da Silva acrescenta que há diversas escolas regulares que, durante as férias, passaram a manter atividades extraclasse.
Além de se exercitarem, brincar ajuda no desenvolvimento social, emotivo e cognitivo das crianças (Foto: Hugo Harada/ Agência de Notícias Gazeta do Povo)
Além de se exercitarem, brincar ajuda no desenvolvimento social, emotivo e cognitivo das crianças (Foto: Hugo Harada/ Agência de Notícias Gazeta do Povo)
“Muitas instituições já perceberam que há um público a ser atendido durante o verão e passaram a oferecer serviços que vão desde o cultivo de hortas até oficinas de teatro. Não precisa ser aluno regular da escola para participar. O importante é saber bem que tipo de atividade será oferecida, até para avaliar se está de acordo com o preço cobrado” observa Eliane.
Denise inclui outro ponto a ser observado pelos pais: as próprias crianças devem ser convidadas a participar do planejamento das férias de verão: “Não precisa ser nada imposto. Os filhos devem ser convidados a participar, dizer que tipo de atividade preferem realizar. Fica muito melhor”.

Pais, avós e colônia de férias

Muitas vezes, a solução para ocupar os pequenos estudantes durante o verão é uma combinação de ajustes nas escalas de férias dos pais, ajuda de parentes próximos e o auxílio de serviços especializados como colônia de férias. Essa foi a fórmula encontrada pela família de Catarina Fontana, seis anos, para lidar com o período de transição da menina da Educação Infantil para o Ensino Fundamental.
Até então, a escolinha onde ela estudava funcionava durante o verão, o que facilitava a vida da família. Enquanto outros pais e mães corriam para ter onde deixar os filhos, eles se preocupavam apenas com o destino da viagem de férias. Agora, com o adeus à Educação Infantil, enfrentaram o mesmo dilema de outras famílias. Não encontraram uma saída única, mas uma combinação intrincada de ajustes de férias, apoio de parentes e de uma colônia de férias que funciona em um espaço educativo onde se realizam brincadeiras e oficinas.

“Para tudo dar certo, tivemos de planejar com cuidado e bastante antecedência” conta Clarissa Americano do Brasil, 30 anos, gerente de marketing e mãe de Catarina.

As férias dela e do marido, o empresário Thomas Fontana, 37 anos, foram organizadas em conjunto com as da avó, que ficará com a neta durante parte do veraneio na praia. Em outro período, a menina ficará com os pais e, nas semanas restantes, no espaço Casa do Bem, em Porto Alegre, que já frequentou algumas vezes no contraturno da escolinha. Lá, deverá passar horas brincando e participando de oficinas envolvendo teatro e ioga, entre outras opções. A família ainda estuda se, para diversificar ainda mais as atividades, a menina também passará alguns dias em uma outra colônia de férias de um clube da Capital.
“Conseguimos tirar 15 dias de férias com toda a família junta. Como hoje em dia é difícil conciliar longos períodos com todo mundo, acaba sendo necessário buscar outras saídas” diz Clarissa.

Solução de quem não tem parentes por perto

O assessor de desembargador Milton Padilha Júnior e a mulher, a psicóloga Cláudia Sanini, ambos de 46 anos, depararam com um problema inédito quando o filho Afonso Sanini Padilha ingressou no Ensino Fundamental, três anos atrás, em Porto Alegre. Como todos os parentes da família vivem em Carazinho, distante 270 quilômetros da Capital, e não há como os pais tirarem férias durante todo o recesso escolar, precisavam descobrir o que fazer com o menino durante o verão.
A saída, que será colocada em prática mais uma vez este ano, é recorrer a um espaço lúdico onde o menino, hoje com nove anos, pode ficar durante o dia.
“Como não temos família na Capital, temos de ter tudo muito estruturado. Tanto para as férias de julho quanto para o verão. Como o Afonso se queixou de que queria mais tempo para brincar quando entrou no primeiro ano, optamos por um lugar em que há muitas atividades e temos flexibilidade de horário” conta Cláudia.
Nestas férias, o menino deverá ficar no espaço Cuidado que Mancha, apresentado como uma mistura de brinquedoteca e escola de artes, por algumas semanas em dezembro e em janeiro. Depois disso, no final de janeiro, pai, mãe e filho conseguirão tirar duas semanas para ficar juntos.
Cláudia observa que, além de atender ao anseio da família por atividades lúdicas e flexibilidade de horário, a solução encontrada permite ao menino – que é filho único – conviver e interagir com crianças de outras idades. Por isso, deverá continuar sendo a opção preferencial da família nos meses em que as escolas convencionais fecham as portas.

Como se organizar para as férias de verão

Dica de especialistas é observar entorno na praia para prever possíveis acidentes. (Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo)
Dica de especialistas é observar entorno na praia para prever possíveis acidentes. (Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo)
Para não serem pegos de surpresa, pais precisam se planejar para o período: 

Marque com antecedência

É fundamental planejar a época com bastante antecedência. Uma das primeiras medidas é marcar as férias de acordo com o objetivo pretendido: o pai tirar num período e a mãe no outro, para aumentar o prazo em que os filhos terão com quem ficar em casa, ou os dois tirarem pelo menos parte da folga juntos para uma viagem em família, ou algo do tipo.

Planeje em conjunto com a criança

Por menor que seja a criança, é sempre recomendável ouvi-la no momento de definir onde deixá-la durante o verão – saber se prefere ficar em casa ou em um estabelecimento, que tipo de atividade gostaria de realizar, etc. Isso facilita a adaptação à nova rotina temporária.

Atenção às finanças

Quando não é possível que a criança fique com a própria família, é preciso levar em conta os custos de contratar um profissional ou um estabelecimento e verificar se os gastos para atender o filho durante um determinado período se encaixam no orçamento familiar. Os valores variam bastante conforme o local, o tipo de atividade que ele oferece e o período contratado.

Procure pessoas e confiança

Se a opção for manter os filhos em casa enquanto os pais trabalham, pode ser necessário recorrer a um familiar ou a uma babá, por exemplo. Nesse caso, é fundamental que seja uma pessoa de confiança, capaz de manter a criança em um ambiente seguro e com acesso a atividades lúdicas, educativas e esportivas.

Colônias de férias

Muitos clubes e espaços lúdicos oferecem atividades durante o verão em sistema de colônia de férias, em que a criança pode ficar um período ou o dia inteiro realizando diferentes ações. É importante escolher um local espaçoso, agradável, seguro, de preferência com brincadeiras variadas, com opções educativas como teatro, horta ou outras atividades de interesse dos pequenos.

Evite o Abuso dos Eletrônicos

É muito comum que crianças e adolescentes recorram exclusivamente a celulares, tablets e videogames durante os períodos de folga. O melhor é evitar que isso ocorra, dosando o uso desses equipamentos com atividades culturais, como leituras, sessões de teatro ou cinema, e esportivas.
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