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Com apenas nove anos, Beatriz Rohr escreveu seu primeiro livro. Nele, ela conta a história do calo nas cordas vocais que a tirou do coral da escola. Foto: Arquivo pessoal
Com apenas nove anos, Beatriz Rohr escreveu seu primeiro livro. Nele, ela conta a história do calo nas cordas vocais que a tirou do coral da escola. Foto: Arquivo pessoal| Foto: Carolina Werneck Bortolanza

Quantas crianças de nove anos podem dizer que já escreveram um livro? A curitibana Beatriz Rohr pode. Depois de descobrir um calo nas cordas vocais que a tirou do coral da escola, ela decidiu contar a história de sua relação com Tom, apelido que deu para o calinho. Assim, nasceu o livro “O calo que não era no pé”, que será publicado no dia 21 de outubro, pela Editora InVerso.

Beatriz levou um susto quando, em um exame feito na escola, disseram que ela precisaria visitar um otorrino. No livro a menina conta que ficou confusa quando recebeu a notícia. “Ornitorrinco? Como assim? Como um bicho vai me examinar?”, narra. Os pais precisaram explicar que não se tratava de um ornitorrinco, mas de um otorrinolaringologista, nome complicado para uma criança tão pequena. “Eu não entendi direito porque eu não sabia nem o que era otorrino e nem o que era calo”, diz Bia.

O calo nas cordas vocais foi identificado em um exame de rotina realizado no colégio em que Beatriz estuda. Encaminhada para um especialista, ela precisou sair das aulas de canto coral de que tanto gostava. A mãe de Beatriz, Mônica Rohr, conta como foi receber a notícia. “Foi triste, porque eu cantei por muito tempo e meu marido toca. Música faz parte da nossa família. Então, para ela, saber que ela tinha uma dificuldade e que teria que se tratar para poder voltar a fazer uma coisa que ela ama foi muito difícil.”

Contando história

Na mesma época, a falante menina se encantou por um curso de escrita e insistiu muito para ser matriculada. Achando que se tratava de uma fase, os pais decidiram deixar que ela mesma levantasse o valor do curso. Beatriz levou quatro meses para ter a soma total. “Eu guardei o que fui ganhando de aniversário, Natal, mesada, Dia das Crianças. Sobrava dinheiro do lanche e eu já ia guardando no meu cofre”, explica. Foi assim que ela conseguiu juntar tudo o que precisava para realizar seu sonho. Durante os três meses de curso, aulas para aprender a organizar as ideias, aulas de ilustração e até de diagramação.

Quem lê “O calo que não era no pé” pode pensar que se trata de uma escritora nata, mas a mãe garante que esse é um hobby recente da filha. “Não é que a Beatriz sempre tenha gostado de escrever, ela sempre amou ler. Troca facilmente uma visita à loja de brinquedos por uma visita à livraria. A escrita foi uma descoberta nesse curso. Hoje ela sabe que é possível também escrever, é possível estar do outro lado”, conta Mônica. A paixão pela literatura chega a tornar a mochila da escola mais pesada por causa dos livros que estão sempre com a menina.

O livro é narrado em terceira pessoa. Ao longo das páginas, Bia vai contando como foi a descoberta do problema, como tem sido o tratamento e como ela aprendeu a superar essa pequena dificuldade. Ela diz que teve a ideia de falar sobre isso na obra porque queria dividir sua experiência com outras crianças. “Eu pensei que tem muita gente que também tem isso. Tanto que quando eu fui dar a palestra na minha escola uma menina falou que ela também tinha.”

Para Maria Cristina Montingelli, coordenadora do ensino fundamental do Colégio Sion Curitiba, onde Beatriz estuda, o estímulo à criatividade foi fundamental para os resultados da pequena escritora. Mas as habilidades naturais da menina também contribuíram para que o livro ficasse tão gostoso de ler. “Ela é uma menina muito criativa, com muita iniciativa. A Beatriz busca o que quer e sabe  se organizar para isso. Isso é uma função importante na vida. Ela tem ideias, mas também as põe em prática.”

Mesmo com uma obra já pronta e outras duas encaminhadas – Beatriz usa um aplicativo para escrever suas histórias -, a menina diz que ainda não sabe se quer ser escritora quando crescer. Para Mônica, o mais importante da experiência “foi ela entender que é capaz de fazer o que ela quiser.”

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