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Thiago com o filho Gael: "Você tem que estar disponível fisicamente e emocionalmente para a criança". 
 (Foto: Alê Rocha Fotografia / Divulgação)
Thiago com o filho Gael: "Você tem que estar disponível fisicamente e emocionalmente para a criança". (Foto: Alê Rocha Fotografia / Divulgação)| Foto:

A criança grita no meio da loja de brinquedos, ansiosa pelo item mais caro do lugar. O pai se desespera. Tenta acalmar o pequeno, mas nada faz o grito parar. Ele tem algumas saídas (nenhuma com a certeza de que dará certo): ou compra o brinquedo de uma vez; tira a criança correndo dali e tenta acalmá-la em um lugar menos público; ameaça a retirada de vários privilégios ou entrega o pequeno chorão a outro adulto responsável e finge que não é contigo.

Nenhuma das opções anteriores agradava ao Thiago Queiroz, pai de Dante e Gael, e antes mesmo de o primeiro filho nascer, decidiu estudar como ser um pai mais ativo, afetivo e pleno. Das leituras, descobriu a Criação com Apego e a Disciplina Positiva, uma ideia que tenta mudar o foco da relação autoritária entre pais e filhos para um vínculo baseado em entendimento e muita paciência.

Thiago, então, criou o site Paizinho, Vírgula, um canal no Youtube e um podcast, nos quais procura conversar com pais e mães sobre essa metodologia de relação pai e filho, e é sobre isso que ele falou com o Viver Bem, e também tratará em uma palestra, em Curitiba, no dia 2 de dezembro.

Aos pais que decidam criar os filhos sob as orientações da Disciplina Positiva, não há mais punições, ameaças, castigo e nem recompensa. Por outro lado, será necessária muita paciência, carinho e atenção aos sentimentos do filho. No caso relatado no início, Thiago sugere uma nova abordagem, antes mesmo de a família sair de casa:

“A gente fala com a criança: ‘vamos combinar que não vamos levar nada hoje, ok?’ E por mais bobo que pareça, você convida a criança a concordar com uma decisão sua. Se na hora não der certo e a criança começar a chorar, acolhe o sentimento dela. Diz: ‘eu sei que você queria muito, que está triste. Isso que você está sentindo é frustração. Você quer um abraço?'”, explica. Respeitando os sentimentos da criança naquele momento faz com que ela veja que os pais a respeitam e que não vão responder com ameaças ou recompensas.

Isso, no entanto, exige muita paciência – e Thiago sabe e orienta nisso também.”A Disciplina Positiva é mais trabalhosa que as formas como sempre aprendemos, ao longo das gerações, a cuidarmos dos nossos filhos. Você tem que estar disponível fisicamente e emocionalmente para a criança. Você tem que estar ali, ouvir o que ela tem a dizer. É mais fácil você fazer com que ela seja coagida ou sinta medo do que ajudá-la a entender os sentimentos. Mas temos que fazer escolhas e a gente acredita nesse movimento para que a criança cresça com mais autoestima e em uma relação melhor comigo, que sou o pai”, diz.

Ninguém espera que os pais sejam perfeitos, no entanto. “Eu sei que em algum momento eu vou gritar, mas eu vou pedir desculpas. Somos humanos e vamos errar a mão. Aí, vamos falar para as crianças: ‘O papai também erra, também grita e perde a mão, às vezes’. A criança percebe que os pais são humanos, que podem errar, e saem do patamar de ‘pai perfeito’.”

Dúvidas de pais de todo o Brasil

Falar sobre essa experiência de uma paternidade diferente chamou a atenção de outros pais e mães pelo Brasil, que buscam o ‘Paizinho, Vírgula’ toda semana. “O site nasceu quando o Dante tinha cinco meses de vida e eu fazia vários relatos de como tinha sido a gestação, o parto, que minha esposa queria natural, em casa, o primeiro mês. Tinha muito esse caráter de relato e ali as pessoas começaram a se identificar e queriam tirar dúvidas”, explica Queiroz.

Nos relatos, o discurso de que pai não é aquele que ‘ajuda’ também está presente, mas ainda precisa melhorar, segundo Thiago. “Ainda se fala sobre como é legal criar o filho, carregar o filho, mas não se aprofunda muito sobre a relação, de como é o dia a dia, de o que fazer quando a criança não parar de chorar. Isso a gente tenta explorar bastante, caso contrário fica uma paternidade muito ‘Rodrigo Hillbert’.”

Disciplina positiva não é permissividade

Acolher os sentimentos da criança no momento do choro não é ser permissivo ou deixá-la fazer o que quiser, de acordo com a ideia de Disciplina Positiva. “Exitem limites, sim. Os pais devem colocar esses limites. A diferença é que o pai não vai gritar com a criança ou impor o limite através da ameaça.”

Serviço:

Thiago Queiroz — Paizinho Vírgula em Curitiba. Sábado (2), das 14h30 às 17 horas, na Casa Poppins (Rua Albano Reis, 170, Ahú). R$ 125 a R$ 145. Ingressos disponíveis no sympla.

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