Comportamento

Talita Boros Voitch

Dona do Magazine Luiza lidera grupo de mulheres que quer transformar o Brasil

Talita Boros Voitch
01/06/2017 18:00
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Luiza Trajano (Foto: Giuliano Gomes/Agência de Notícias Gazeta do Povo) | Gazeta

Luiza Helena Trajano tinha 40 anos quando assumiu efetivamente os negócios da família em 1991. Pouco mais de 25 anos depois, a empresária é reconhecida por ter criado um império do varejo, mas também por circular bem nos corredores de Brasília. No governo de Dilma Rousseff era chamada de “quase ministra” por atuar como conselheira da presidente em diversas esferas. Agora, a frente do grupo Mulheres do Brasil – formado por executivas, empresárias, profissionais liberais e donas-de-casa –, Luiza quer “fazer acontecer” por meio de ações em várias frentes, como empreendedorismo, igualdade social e racial e combate à violência contra a mulher.
“Eu sempre tive a certeza que as profundas mudanças na sociedade seriam feitas pela sociedade civil. Sem pretensão de ser candidata, nem de entrar em partido”, disse Luiza em entrevista ao Viver Bem, durante o evento que lançou o projeto em Curitiba, na tarde desta quarta-feira (31), no Campus da Industria da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Embora negue fazer política, Luiza chegou a ser cotada para assumir, em 2012, a secretaria da Micro e Pequena Empresa (que tem status de ministério) no governo Dilma, mas acabou preterida pelo então vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif, por necessidade de a presidente acomodar aliados políticos nas pastas.
Mesmo sem ocupar cargos públicos, a empresária paulista sempre se manteve próxima às decisões da capital federal. Integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Luiza foi nomeada, em 2015, presidente do Conselho Público Olímpico (CPO). Na época, as qualidades: mulher, empreendedora, batalhadora, com grande capacidade e eficiência – foram destacadas quando seu nome foi anunciado.
E é justamente nisso que o projeto Mulheres do Brasil se baseia. Organizar grupos heterogêneos e apartidários, inicialmente formado por mulheres, para levantar propostas de interesse nacional e influenciar a pauta do legislativo. “Somos mulheres de todos os segmentos e classes sociais. Temos ideias boas para pensar no Brasil”, diz. Hoje pelo menos 500 mulheres de todo o Brasil participam do projeto.
Cotas para mulheres
A principal conquista do grupo até agora foi a aprovação no Senado, em março, do projeto de lei que institui cotas para mulheres em conselhos de administração de empresas públicas. Hoje mulheres ocupam menos de 7% das vagas. Se o projeto for mesmo aprovado, até 2018, 10% das cadeiras nos conselhos de administração deverão ser para mulheres, aumentando gradativamente até chegar a 30% até 2022.
Uma das primeiras iniciativas do grupo também foi criar uma série de comitês – combate à violência contra a mulher; cultura; educação; empreendedorismo; igualdade racial; inserção de refugiados e alguns outros – para discutir e propor ações específicas. Em Curitiba, o grupo recém-formado para atuar localmente é comandado pela executiva Regina Arns Rocha.
A empresária diz que, além de conhecer melhor o Brasil e atuar por melhorias no país, o projeto também funciona para as mulheres “se tornarem amigas através do trabalho”. “Existe uma crença que diz que as mulheres não são unidas. Eu não acho isso. As mudanças consistentes têm que partir de grupos unidos. E nós temos sintonia”, diz.
Luiza começou a trabalhar no balcão da loja da família aos 12 anos, nas férias escolares. Aos 18 já era funcionária regular da empresa, em Franca, no interior de São Paulo. No primeiro trimestre deste ano, o lucro do Magazine Luiza cresceu 1.014%, chegando a R$ 59 milhões. As ações da empresa foram eleitas como as melhores de 2016 por conta do crescimento de 501% nos ganhos.
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