Comportamento

Denise Drechsel

Histórias inspiradoras de quem decidiu mudar e encontrou o “trabalho dos sonhos”

Denise Drechsel
06/06/2017 16:36
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“Sempre gostei de escrever, tanto que decidi estudar jornalismo. Então fiz um projeto de literatura infantil", jornalista Jaqueline Conte. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo) | Gazeta do Povo

Se você não decidir, a vida decide por você. Tomar uma decisão não é tarefa simples. Na prática, deixamos nos levar porque tomar outro rumo exige um esforço hercúleo. E não fazê-lo pode resultar em amargura. Se antes bastava ter uma forma de sustento, hoje isso pode não ser mais suficiente, explica Roman Krznaric, autor do livro “Como encontrar o trabalho da sua vida” (Objetiva). Você quer se dedicar a algo que permita explorar os próprios talentos, quer perseguir ideais e fazer a diferença. Quer um sentido. Conheça as 4 histórias:

#1 Ela não queria ser apagada

Muitos sonham com o que a jornalista Jaqueline Conte tinha em 2012: um bom emprego em órgão público, um salário invejável e prestígio profissional… Mas ela abriu mão disso tudo para se dedicar à literatura infantil.
Qual foi o seu ponto de ruptura? Ela não se sentia realizada. Além de dar apenas os cacos de si para o marido e a filha – depois de jornadas de mais de oito horas de trabalho –, algo sussurrava para ela: “ad maiora natus sum” [nasci para coisas maiores].
Era urgente a necessidade de responder “Quem era a Jaqueline?”, mas ela não sabia como. A sinusite constante, apenas um dos efeitos colaterais dessa situação. Em um arroubo, consentido pela família, pagou à vista (para não desistir) um curso de gastronomia e saiu do Ministério Público de Curitiba em 2014. “Houve resistência, queriam que eu ficasse, mas aquele trabalho, que foi muito bom, não me dava mais alegria. Eu precisava de algo que fizesse sentido para mim”, diz Jaqueline, hoje com 42 anos. A ideia era terminar o curso e abrir um negócio. Nada disso aconteceu.
Durante o curso de gastronomia, ela voltou a trabalhar (de novo, em órgão público) e começou uma pós-graduação em Economia Criativa e Colaborativa. Foi quando abriu os olhos.
No trabalho de conclusão da pós, Jaqueline se redescobriu. “Sempre gostei de escrever, tanto que decidi estudar jornalismo”, diz ela. “Então fiz um projeto de literatura infantil.” Ela criou a personagem Joaninja e propôs publicar uma história em formato de cartas de baralho. Assim surgiu o livro “Na casa amarela do vovô, Joaninja come jujubas”. A autora ficou satisfeita de ver o desenvolvimento cognitivo de crianças nas oficinas de literatura que fez em escolas públicas – onde aplicava as cartas de baralho no esquema “você decide o final” – e sentiu que estava no caminho certo.
O objetivo agora é conseguir sobreviver escrevendo livros. Enquanto isso não acontece, ela continua fazendo trabalhos esporádicos na área de comunicação. “Eu era bem-sucedida nos termos em que se costuma pensar em alguém de sucesso”, diz Jaqueline, “mas, se eu tivesse continuado onde estava, seria hoje uma pessoa apagada”.

# 2 Ele queria pedir demissão amanhã

O e-mail recebido em 2012 era um spam que dizia: “Último dia para você demitir o seu chefe”. A frase casou com as ansiedades do designer gráfico Rafael Berard. Rafael quase foi padre, passou em quatro concursos públicos em menos de dois anos sem ser chamado para nenhum deles e acabou trabalhando num colégio curitibano de alto padrão em que, nas palavras dele, “tinha de pedir permissão para ser criativo e crescer”. Continue lendo aqui a história do Rafael.

# 3 Ela não queria administrar pessoas, queria cuidar delas

Ajudar as pessoas a lidar com seus sofrimentos também inspirou a psicóloga Bianca Soprana, de 37 anos, a fazer uma mudança drástica de vida. Responsável pelo setor de Recursos Humanos de uma grande empresa em Curitiba, ela percebeu que o slogan da “pessoa certa no lugar certo” funcionava apenas no momento da contratação. Depois, vinha algo parecido com a cama do personagem mitológico Procusto – na qual o vilão convidava as pessoas a se deitarem e depois ou cortava as extremidades daqueles que eram muito altos ou esticava os baixos para que coubessem no tamanho do leito –, uma manipulação de como as pessoas deveriam se comportar para que pudessem “performar bem e entregar bem” o que a empresa exigia. Continue lendo aqui a história da Bianca.

# 4 Ela queria fazer algo que não tinha preço

Andrea Gomides deixou de ser uma executiva bem paga na Microsoft em 2007 para criar uma organização sem fins lucrativos responsável por acelerar projetos sociais. A história do seu ponto de ruptura tem origem nas favelas do Bairro do Limão, em São Paulo, onde fazia trabalhos sociais aos sábados pela manhã. Era um contraste trabalhar por altas metas financeiras na Microsoft, ganhar um salário elevado, e depois visitar essas famílias que mal tinham dinheiro para comer. Continue lendo aqui a história da Andrea.
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O escritor russo Liev Tolstói (1828-1910), autor de “Guerra e Paz”, dizia que a História é uma combinação do efeito de muitas pequenas coisas que pessoas comuns fazem todos os dias. “O fato é que estamos fazendo a diferença o tempo todo. O verdadeiro problema é que, se estamos afetando as coisas somente de modo inconsciente, provavelmente não produzimos o efeito que gostaríamos”, escreve John-Paul Flintoff, no livro “Como mudar o mundo” (não por acaso, outro da série The School of Life).
As histórias narradas aqui falam de transformações de pontos de vista espiritual (Bianca), pessoal (Rafael), profissional (Jaqueline) e social (Murilo e Andrea). De pessoas que persistiram e que puderam contar com o apoio de pessoas queridas. De gente que tenta fazer a diferença de maneira consciente.
Talvez você sinta que é necessário mudar algo na sua vida. Experimente.
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