Comportamento

Marina Mori

“Invernico” e chuva constante irritam até os curitibanos mais habituados ao clima

Marina Mori
10/01/2018 15:34
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Nem parece verão: guarda-chuva, jaqueta e cachecol voltaram à cena curitibana no invernico em pleno janeiro. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo | Leticia Akemi

Ultimamente tem sido difícil acreditar que Curitiba faz parte de um país tropical. Em pleno janeiro, auge do verão, o que mais se vê nas ruas são sombrinhas, galochas e, não raro, algumas japonas e suéteres. Se o veranico de inverno ficou famoso em 2017, o “invernico” de 2018 também está dando o que falar entre os curitibanos.
A chuva e o friozinho têm espantado até o movimento do comércio no calçadão da Rua XV: da Boca Maldita à Praça Santos Andrade, a reportagem não localizou nesta quarta-feira (10) nenhum carrinho de pipoca – um clássico curitibano. “As vendas deram uma diminuída. Se estivesse calor com certeza aumentariam bastante”, conta a vendedora de uma sorveteria da região, Andressa Mari.
A recepcionista Jaqueline Anhia, 23, saiu de casa pronta para enfrentar um dia típico de inverno, só que no alto verão: bota, colete acolchoado e até cachecol. “Eu já pensava que seria chuvoso, porque no inverno fez calor e agora eu imaginei que estaria frio. As estações mudaram, né?”, comenta.
Para ela, a temperatura amena (hoje, a máxima prevista é de 21°C) é ótima. O problema mesmo é a chuva. “Só espero que pelo menos pare de chover”, torce.
Ao seu lado, o sul-coreano Woo Yeol-So, 24, recém-chegado a Curitiba, ainda não arrisca nenhuma palavra em português, mas conta, em inglês, que imaginava o clima no Brasil um tanto diferente deste invernico. “Pensava que seria muito quente e úmido”, diz.
A psicóloga Yara Meirelles, 63, que nasceu em Guarapuava, mas mora em Curitiba há 55 anos, ainda não conseguiu gostar do clima da capital, mesmo com as quase seis décadas vividas na cidade. “Do jeito que está é horrível. O clima de Curitiba não é bom, é muito úmido. Se o verão fosse como foi o último inverno, bem seco, seria melhor”, desabafa.
A cuidadora Rosane Nascimento, 40, e a psicóloga Yara Meirelles, 63, saíram de casa munidas de sombrinha e casacos de frio. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo<br>
A cuidadora Rosane Nascimento, 40, e a psicóloga Yara Meirelles, 63, saíram de casa munidas de sombrinha e casacos de frio. Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo<br>
Dias cinzentos causam tristeza?
Segundo Mônica Camoleze, mestre em psicologia clínica e especialista em terapias comportamentais, não há consenso científico de que existe uma depressão causada pelo clima típico de inverno (ou mesmo quando ele aparece em pleno verão). “Mesmo assim, algumas pessoas relatam que o tempo cinzento tem um efeito negativo sobre o humor delas. Alguns estudos usam o termo depressão sazonal para nomear estes casos”, explica.
Mas a falta de vontade de sair de casa, o desânimo e até mesmo o mau humor podem não ser causados apenas pelo céu nublado e chuva constante. Às vezes, o tempo “ruim” pode agravar dificuldades já existentes.
Quando as alterações de humor começam a interferir na qualidade de vida, sinal de alerta: é preciso buscar auxílio psicológico. “A partir da psicoterapia a pessoa pode entender o que está acontecendo e também aprender a lidar melhor consigo mesma nessas situações”, sugere a especialista.

Próximos dias

Segundo o Simepar, um corredor de umidade reforçou a chuva em Curitiba e no litoral nesta quarta-feira, e a amplitude térmica será de apenas 5 graus por conta do tempo encoberto. O tempo segue instável pelo menos até domingo, segundo o instituto. A chuva, porém, deve diminuir e acontecer apenas no período da tarde.
As temperaturas também terão uma ligeira elevação a partir de quinta-feira (11).
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo
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