Comportamento

Amanda Milléo

Por que todos querem ser sereia, como a Isis Valverde na próxima novela?

Amanda Milléo
03/04/2017 13:00
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Isis Valverde interpreta uma sereia na nova novela da Rede Globo, Força do Querer (Foto: reprodução Instagram da atriz)

As sereias estiveram presentes durante todo o verão, inclusive como uma das fantasias de carnaval mais buscadas ao lado dos unicórnios, e elas ainda não estão prontas para irem embora. A tendência, inclusive, é que voltem ao topo, agora que uma das personagens da nova novela da Rede Globo, A Força do Querer, traz a atriz Isis Valverde interpretando uma delas. A novela, inclusive, estreia nesta segunda-feira, dia 3, depois do Jornal Nacional.
As sereias contemporâneas, como são conhecidas, carregam algumas características dos mitos das histórias infantis, como o fascínio pelo mar, a cauda e os adereços com conchas. Adicione a isso o senso de dever e proteção ao meio ambiente e as maquiagens azuladas e cintilantes que podem ser usadas no dia a dia, e se forma o sereismo como um estilo de vida.
Cada sereia vivencia o sereismo de uma forma bem particular, de acordo com Camila Gomes, jornalista, estudante de História e uma das autoras do blog Sereismo – de onde o termo ‘sereismo’ foi criado. Ao lado dela, a criadora do site Bruna Tavares, também jornalista, escreve sobre o estilo de vida e elas dão dicas de como incorporar o jeito sereia de ser no dia a dia.
“Há quem use o sereismo só por moda, para usar as conchinhas, os acessórios ou as roupas com as estampas de sereias. Mas tem gente que vai para o lado mais lúdico, que gosta de ler livros sobre as lendas e tem quem leve ainda mais a fundo e transforma o estilo de vida em profissão, como a Mirella [Mirella Ferraz, professora de sereismo da atriz Isis Valverde], que coloca cauda e escreve livros sobre sereias”, explica Camila, que relata ter três caudas de sereias e faz uso delas no trabalho voluntário em festas beneficentes para crianças, onde vai fantasiada de Ariel, a princesa sereia da Disney.
Há uma característica, porém, que une todas as sereias atuais, que é o dever de proteção ao meio ambiente. “Seria muito esquisito uma pessoa se denominar sereia mas jogar lixo no mar. O senso de cidadania cabe a todo mundo, seja você uma pessoa que goste de sereias ou não, mas elas são sempre retratadas nos livros e nas histórias como protetoras do oceano. Claro, ninguém precisa fazer parte do PETA [organização não governamental de defesa animal] para ser uma sereia, mas muita gente confunde, acha que precisa ser vegetariana. Não tem nada a ver isso”, reforça Camila.
Das escolhas que uma sereia faria, por exemplo, seria sempre escolher opções sustentáveis em qualquer momento, reciclar o lixo produzido em casa, dar uma destinação adequada a ele e se preocupar com o meio ambiente. “Se não houver uma preocupação, se a pessoa deixar o meio ambiente à parte da vida, não tem sentido se chamar de sereia“, completa.
Isso não significa que toda e qualquer decisão da vida precise levar em conta o sereismo – embora ele esteja presente, mesmo sem querer. “Quem gosta de sereias tem uma ligação natural com a água. Então, entre uma viagem para as montanhas ou para uma praia, a pessoa naturalmente escolhe a praia. Mas não é algo que se transforme em paranoia. Se estiver em uma montanha, está em contato com a natureza também”, explica a adepta da prática.

Ver a si como uma sereia faz parte da diversidade

Criaturas belas, mitológicas, mágicas e encantadoras, as sereias sempre foram retratadas de modo muito fascinante para as crianças e muito sedutoras para os adultos. Não é a toa, e nem incomum, que as pessoas fiquem com a imagem desses seres fixada, marcada na memória e que, em alguns casos, se reconheçam nessa imagem.
“Elas tomam essa imagem para si muito mais do que o próprio corpo. Na vida adulta transformam o estilo de vida e o próprio ser em consonância com a ideia de sereia. É isso que acontece com o sereismo, a pessoa é uma sereia”, explica Juliane Kravetz, psicanalista.
Pensar dessa forma não é, em nenhuma maneira, fora do normal. “Faz parte da diversidade da atualidade. Não dá para se dizer que é uma anormalidade. É um outro estilo de vida. O que foi o movimento grunge em outros momentos, agora é o sereismo”, reforça a especialista.
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