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Filho de pais antivacinas comemora aniversário de 18 anos tomando vacinas

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13/02/2019 18:01
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Além da proteção pessoal, vacinar-se ajuda na prevenção coletiva, protegendo pessoas que, por alguma razão, não podem receber os imunizantes (Foto: Bigstock)

Quando era mais jovem, o norte-americano Ethan Lindenberger sempre se perguntou por que algumas pessoas criticavam a sua mãe, nas redes sociais, quando ela se posicionava como contrária às vacinas. Mais velho, Ethan entendeu que tudo aquilo que aprendeu nas aulas de biologia, na escola, sobre vacinação e funcionamento do sistema imunológico fazia muito mais sentido do que o posicionamento dos pais, que acreditavam que as vacinas eram uma forma de controle do Estado. Ao completar 18 anos, o jovem tomou a decisão de se vacinar.

“Por causa das crenças dos meus pais, eu nunca me vacinei na vida. Só Deus sabe como eu ainda estou vivo”, escreveu o adolescente em uma postagem em dezembro de 2018 na rede social Reddit, na qual também perguntava onde teria que ir para receber as vacinas que precisava. Ethan não sabia nem se poderia, aos 18 anos, receber algum tipo de imunizante. 

Ainda na postagem, que recebeu mais de 1,2 mil comentários, o jovem desabafa sobre como foi a reação dos pais ao descobrirem que o menino tomaria as vacinas: “Minha mãe ficou particularmente irritada, mas meu pai disse que, como eu tenho 18 anos, ele não se preocupava muito. Embora minha mãe esteja tentando me convencer a não me vacinar, e dizendo que eu não me importo com ela, eu sei que isso é algo que eu preciso fazer.”
Ethan decidiu que tomaria as vacinas que precisava ao completar 18 anos e agora luta para que os irmãos também recebam os imunizantes (Foto: arquivo pessoal)
Ethan decidiu que tomaria as vacinas que precisava ao completar 18 anos e agora luta para que os irmãos também recebam os imunizantes (Foto: arquivo pessoal)
Depois do apoio recebido dos desconhecidos, Ethan se vacinou contra influenza (gripe), hepatite, tétano e HPV (papilomavírus humano) e está mais preocupado com as vacinas que os irmãos mais novos não tomaram ainda. O irmão de 16 anos também está considerando se vacinar, conforme noticiou a imprensa local, mas terá que esperar, visto que apenas sete estados nos Estados Unidos, além da capital Washington, permitem que crianças menores de idade recebam vacinas sem a permissão dos pais.

Hesitação às vacinas representa ameaça à saúde global

A Organização Mundial da Saúde (OMS) listou, entre as 10 ameaças à saúde global em 2019, a hesitação às vacinas, ou o movimento antivacinação — que vem crescendo em todo o mundo. Um dos palcos da discussão, que embora não seja nova tem angariado novos participantes, está na internet, especialmente nas redes sociais.

No Facebook Brasil, por exemplo, uma busca rápida por grupos que discutem a eficácia e a segurança das vacinas sugere a presença de, pelo menos, 10 grupos. Alguns reúnem mais de 10 mil membros, que defendem o direito de escolha dos pais sobre a saúde dos filhos.

A defesa da não vacinação, porém, coloca em risco a saúde do coletivo e doenças consideradas, até então, erradicadas, acabam por voltar ao cotidiano. Uma delas é o sarampo, do qual o Brasil vem lutando contra dois surtos desde 2018, nos estados de Roraima e Amazonas. No mundo, de acordo com estimativa da OMS, houve um crescimento de 30% nos casos da doença infectocontagiosa.
Recentemente, os Estados Unidos divulgaram casos de sarampo nas regiões de Nova York e Washington, e na Europa os países Itália, Romênia e Ucrânia congregam o maior número de casos da doença. Todo o continente europeu contabilizou um aumento de 300% de sarampo entre 2017 e 2018.

Medo das vacinas?

Um dos argumentos recorrentes entre quem critica a segurança e a eficácia das vacinas está em um estudo realizado pelo médico britânico Andrew Wakefield. Em 1998, Wakefield associou a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (conhecida entre os falantes da língua inglesa como MMR: measles, mumps and rubeolla) com o aumento no número de casos de autismo no mundo.
O estudo foi refutado pela comunidade médica repetidas vezes e mesmo a revista científica Lancet, onde a pesquisa foi publicada pela primeira vez, se desculpou anos depois pelo erro em ter feito essa divulgação.
O erro estava no fato que Wakefield baseou os resultados do estudo em um grupo pequeno de pacientes (12 crianças), selecionados minuciosamente e, mais tarde descobriu-se, que ele recebia financiamento de um escritório de advocacia, cujos clientes eram pais que processavam a indústria farmacêutica produtoras das vacinas.

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