Comportamento

Amanda Milléo

Como os pais devem lidar com a reprovação dos filhos; mudar de escola é a solução?

Amanda Milléo
27/12/2017 06:00
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(Foto: Bigstock)

O primeiro olhar sobre a reprovação do filho na escola é, quase sempre, negativo. Mas não precisa, e nem deve, ser assim. Reprovar não é uma punição ou um castigo. Apenas é o resultado de um processo do qual a criança não atingiu os objetivos esperados. Quando visto de forma negativa, tanto a família quanto a criança sofrem.
Os primeiros que devem ser convencidos da reprovação positiva são os pais. Em seguida, as crianças. E o mais ideal, ainda, seria que a conversa entre família e escola viesse ao longo do ano e não apenas quando o resultado não puder ser modificado.
“Essa conversa não pode acontecer dois, três meses antes de acabar a aula, mas durante o ano. Nunca como uma conversa ameaçadora dos pais para os filhos como ‘olha, você vai repetir de ano”, mas principalmente para que eles entendam que é preciso esforço da parte deles”, explica Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga, parceira da NeuroKinder.
Isso é importante para que a criança não leve, para o ano seguinte, os mesmos sentimentos dos pais sobre a reprovação. “Em muitos casos o aluno rejeita os novos colegas no ano seguinte, e a dificuldade de readaptação e de aceitação podem levar a uma nova reprovação. Lógico que, a dificuldade da família em entender e passar essa ressignificação para o filho também afeta a autoestima da criança ou do jovem”, reforça a neurospsicopedagoga.
Dos comportamentos mais comuns, a especialista explica que as crianças tendem, no início do novo ano letivo, a buscarem os colegas da turma original e passarem mais tempo com elas durante o recreio e em períodos livres. Depois, quando precisam voltar à classe de aula, é como se voltassem à realidade, e isso gera dor e sofrimento. “Esse processo de desmame da turma anterior acontece mais rápido quando a reprovação é entendida e ressignificada pelo aluno.”
Como os pais podem evitar a reprovação do filho?
Os alunos com bons rendimentos na escola têm autonomia nos estudos, mas mesmo assim não são deixados sem acompanhamento dos pais. Isso não se trata de fazer pelo aluno, mas ver os cadernos, consultar as notas e ir à escola, pelo menos, uma vez por período ou bimestre. Da mesma forma, comparecer às reuniões de pais e, sempre, conversar com o filho.
“Questione, ao longo do ano, como está a escola. Veja como ele está levando o ano e não só no aspecto pedagógico, mas também social. Isso influencia diretamente o desempenho do aluno”, reforça Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga.
Mudar de escola é a solução?
Com a reprovação em mãos, muitos pais ficam em dúvida se devem tirar o filho da escola ou mantê-lo o ano repetido na mesma instituição. A escolha, porém, não deve ser feita às pressas e alguns fatores podem influenciar nessa decisão.
“O enfrentamento é sempre a melhor saída, se pudesse orientar de forma genérica sobre a questão. Fugir daquela realidade e colocar o filho em outra escola é iniciar um problema novo e não enfrentar aquilo que houve na escola em que a criança foi reprovada. Ficar na escola pode fortalecer a personalidade e a capacidade de enfrentamento dessa criança”, diz Acedriana Vicente Sandi, pedagoga e diretora pedagógica da Editora Positivo.
Porém, se a reprovação foi decorrente de um desequilíbrio grande entre a metodologia da escola e a dificuldade do aluno, talvez a mudança seja uma boa solução. “Não existe escola perfeita e nem aluno perfeito. Existe escola e aluno que se encaixam. Se a escola é muito exigente e o aluno não consegue acompanhar, a recomendação pode ser pela mudança”, orienta Viviani Zumpano, neuropsicopedagoga.
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