Comportamento

The Washington Post

Como exercícios em grupo podem ajudar homens solitários

The Washington Post
17/01/2019 07:00
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Atividades em grupo ajudam a criar laços de amizade entre homens. Foto: Arquivo pessoal/ Divulgação

Quando Brad Koenig se divorciou e se mudou de Toledo, em Ohio (EUA) para Ormond Beach, Florida (EUA), em 2017, as primeiras coisas que fez foi entrar em uma aula de yoga e em uma equipe de corrida. “As únicas pessoas que eu conhecia na região eram meu irmão e minha cunhada”, conta o motorista de caminhão aposentado, de 50 anos, que agora é estudante em tempo integral. “Encontrar companhia para fazer atividades físicas foi essencial para colocar minha vida nos trilhos.”
Koenig fez isso com propósito claro o que muitas pessoas (incluindo eu mesmo) descobriram por acaso: exercícios podem ser uma ótima maneira para fazer o tipo de amizade que ajuda a combater a solidão. Os terapeutas e praticantes de atividade física que entrevistei para essa reportagem disseram que aulas em grupo costumam criar laços mais fortes do que, por exemplo, sentar ao lado da pessoa no trabalho, ao mesmo tempo que enriquece a vida das pessoas trazendo uma possibilidade maior de conhecer ainda mais pessoas.
Embora a solidão seja uma condição que não pode ser definida e identificada tão precisamente quanto uma doença, é um problema importante nos Estados Unidos. Em uma pesquisa realizada pela empresa de saúde Cigna com  20 mil entrevistados, 46% responderam  que sentem-se sozinhos às vezes ou sempre e 27% afirmaram que raramente ou nunca sentem-se compreendidos pelos outros. Já um estudo da AARP divulgado em setembro concluiu que um em três adultos com mais de 45 anos sente-se sozinho.
A pesquisa também apontou que a solidão é perigosa. “Depressão, ansiedade, abuso de medicação costumam ser relacionados à solidão”, diz Laura Fredendall, médica na cidade de Terre Haute, Indiana (EUA). E isso pode ter um impacto físico: uma pesquisa feita com quase meio milhão de britânicos descobriu que aqueles que reportaram sentir mais solidão apresentaram taxas mais altas de ataque cardíaco e morte, durante os sete anos do estudo.
Existe uma diferença entre ser sozinho e solidão, de acordo com Fredendall. A solidão é caracterizada por um isolamento recorrente. “É uma sensação de que você não tem ninguém, nenhuma amizade em que possa confiar” diz. “Você pode estar em um relacionamento romântico e ter amigos no trabalho, mas ainda assim se sentir muito sozinho.”
Homens são especialmente suscetíveis, afirma Mitchell Greene, clínico geral e médico do esporte em Haverford, Pennsylvania (USA). Além do isolamento induzido pelas redes sociais, que pode afetar a todos, Greene afirma que “homens tendem a ter menos amigos que mulheres, além de fazerem menos convites sociais. As relações sociais dos homens costumam ser baseadas em atividades.”