Comportamento

Camila Petry Feiler, especial para Gazeta do Povo

“O primeiro passo é detectar que você está em um relacionamento abusivo”, diz psicóloga

Camila Petry Feiler, especial para Gazeta do Povo
04/06/2017 08:30
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Mulheres em situação de violência precisam de rede de apoio (Foto: Divulgação)

Relacionamento abusivo acontece quando o excesso de poder de um predomina sobre o outro. Nem sempre isso acontece de forma agressiva ou apenas por meio da violência. Por isso, é preciso sempre estar atenta aos sinais subjetivos. O primeiro passo — detectar que isso está acontecendo com você — é um dos mais difíceis, explica a psicóloga Hemanuelle Barreto, especialista no assunto. Ela diz que o ciclo de violência faz com que a vítima não perceba que está em risco.
“Esse ciclo é todo controlado pelo agressor e passa por picos de agressão (física, psicológica ou financeira). Quando ele percebe que a mulher chegou no limite e que vai procurar ajudar, ele volta a ser o homem carinhoso que um dia a encantou”, diz a psicóloga.
O homem com esse tipo de perfil, segundo a psicóloga, normalmente tem baixa autoestima e só se sente bem ao lado de alguém que ele possa diminuir. “Ele demonstra ser um cara protetor, que vai prover segurança no início, e é dessa maneira que as mulheres se encantam”, afirma.
Diferente do que se espera, o homem que compõe um relacionamento abusivo não é um “monstro” facilmente identificável. “Ele é uma pessoa muito parecida com um sociopata. É visto pelos amigos, vizinhos e até pela mulher como uma pessoa comum. Mas ela vê a mudança do homem que era no inicio e aparece agressivo de vez em quando, mas que faz um estrago. A mudança para a manipulação a mantém dentro da agressão porque ele sabe a hora de mudar”, explica.
Apoio é o mais importante
Nessas situações, é muito importante ter uma rede de apoio. Ao perceber que muitas mulheres não encontravam esse tipo de proteção, a jornalista Daniella Féder montou o “Gabriela”, grupo que realiza ações em apoio às mulheres que vivenciaram violência doméstica. “Percebi que nunca tinha me dado conta de relacionamentos abusivos na minha vida ou de amigas de infância – a gente nunca tinha falado sobre porque a gente não tinha espaço para desabafar”, conta Daniella.
Grupo é espaço de aceitação e troca. (Foto: Divulgação/Thalita Aveiro)
Grupo é espaço de aceitação e troca. (Foto: Divulgação/Thalita Aveiro)
No “Gabriela”, as mulheres recebem apoio para entender que podem se livrar de relacionamentos abusivos, que são autossuficientes e que também podem ajudar outras mulheres. Para Hemanuelle, a iniciativa mostra que “a gente pode criar essa rede por nós mesmas, sem esperar a iniciativa de outras pessoas”.
No domingo (4), Hemanuelle e Daniella estarão juntas para um encontro: com palestra interativa, roda de conversas e um ritual de “detox” dos relacionamentos abusivos. O evento é gratuito, mas só mulheres podem participar. A ideia é que, em um ambiente acolhedor, mulheres possam dividir e conversar sobre suas angústias, encontrando umas nas outras a força que precisam para seguir.
Serviço
Gabriela
Palestra interativa e roda de conversa sobre relacionamentos abusivos
Local: Avenida Edgard Stelfeld, 1.255 – Jardim Social
Data: Dia 4 de junho, domingo, às 18h
Valor: gratuito

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