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Mudança foi a lavra escolhida para simbolizar o momento atual do país. Foto: Bigstock
Mudança foi a lavra escolhida para simbolizar o momento atual do país. Foto: Bigstock| Foto:

A palavra “mudança” foi a escolhida pelos brasileiros como “palavra do ano” de 2018, em uma votação promovida pela consultoria Cause e pela empresa de pesquisa e consultoria de dados Ideia Big Data. Foram realizadas duas pesquisas no primeiro e no segundo semestre do ano e, ao todo, foram ouvidas mais de cinco mil pessoas. Cerca de 600 palavras diferentes foram mencionadas pelos participantes.

Para o filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé é seguro afirmar que esse desejo de mudança observado em grande parte dos brasileiros se deve ao histórico dos últimos anos da situação social, política e econômica do país. O sentimento reflete o cenário atual e futuro, em especial no que se refere às mudanças relacionadas ao novo governo.

“Isso tem muito a ver com política. O que vemos é um ciclo se fechando com a saída da política federal de um partido que, mesmo antes de chegar ao poder, já carregava as expectativas de muita gente. Junto a isso, tivemos algo novo, que foi a chegada ao poder de um candidato que até outro dia era irrelevante, mas que acabou conseguindo juntar pessoas insatisfeitas com a situação a um certo conservadorismo do país, e se eleger.”

Para o ano que vai começar em breve, Luiz Felipe Pondé é enfático ao afirmar o que os brasileiros anseiam: “o que todo mundo quer é menos corrupção, menos violência na rua e mais dinheiro no bolso”, crava.

Mudar: uma palavra com dois sentidos

A psicóloga Juliane Kravetz explica que uma mudança pode ser o ato de mudar ou o efeito de algo, ou seja, podemos mudar porque alguma coisa aconteceu ou porque queremos fazer alguma coisa para melhorar. “Pode partir da pessoa ou como efeito de algum acontecimento, uma perda, uma situação frustrante. É possível mudar diante de situações mais positivas, ou diante de perdas e frustrações”, observa.

Da mesma forma, o filósofo observa que uma mudança nem sempre é positiva ou negativa para todos ou sob todos os aspectos: não existe essa unanimidade. “Nesse momento no país, para muitas pessoas esse sentimento está associado à expectativa de melhorias econômicas. Mas existe também o medo de que o país se torne mais conservador. Então a mudança nem sempre é só festa.”

Por isso, se posicionar com cautela em meio às alterações pode ser algo prudente. “O mundo moderno tem muitas transformações tecnológicas, de hábitos, costumes. Mas ninguém gosta tanto assim de mudanças, as pessoas têm medo. O que acontece é que hoje existe uma pressão nesse sentido, de mudar, de fazer coisas novas”, observa.

Depois da tempestade, vem a bonança

Em 2017 e 2016, primeiros anos em que a votação foi realizada, os verbetes vencedores foram indignação e corrupção, respectivamente. A psicóloga Juliane Kravetz explica que é comum que momentos e situações negativas levem ao desejo de mudar.

“É interessante observar as palavras elegidas nos últimos anos porque a mudança é algo que costuma acontecer depois de um processo de crise, é natural”, observa.

Esse ano a palavra derrotou verbetes com viés mais negativo, como medo e caos. Para a psicóloga, a escolha pela palavra pode, sim, significar um momento mais esperançoso. É algo bom desejar a mudança. Isso mostra que as pessoas estão entrando em um momento importante, que é o de cada um tentar se responsabilizar e assumir um papel de protagonista, fazer algo para chegar onde se quer”, diz.

Foto: Bigstock
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Ano novo: tempo de mudar

A mudança de ano traz está associada a rito de passagem que muitas pessoas precisam para conseguir produzir a transformação. “Quando encerra um ano e começa um novo, é sempre um momento de expectativa. E nesse ano isso será ainda maior por todas as questões que comentei”, prevê Pondé.

Juliana Kravetz corrobora a ideia de que a virada de ano implica fechamento de ciclo, conclusão e  recomeço. “As pessoas podem e devem usar isso como gatilho.” E, para uma maior chance de sucesso em um processo de transformação, ela sugere lançar mão também de estratégias como reflexão, planejamento e estabelecimento de metas. “Isso faz parte do movimento de mudança.”

3 dicas para lidar com a mudança

Muitas pessoas enfrentam sentimentos como medo e estresse ao passar por alguma transformação em suas vidas. A coach Janaina Manfredini ensina três passos que podem deixar o processo mais tranquilo:

1- Identificar o que precisa ser mudado. Mudar gera medo e ansiedade, o que faz com que a gente se apegue à rotina. Saiba identificar quando uma situação não está mais trazendo resultados satisfatórios ou gerando infelicidade. É sempre tempo de rever velhos hábitos e traçar novas metas.

2- Aceitação. Perceber que algo precisa ser mudado não é uma tarefa fácil. Mais difícil anda é aceitar que o que nos foi útil ou nos fez feliz até então e agora precisa ser deixado. Isso  pode gerar muito sofrimento e até negação. Não tenha medo e junte forças para aceitar e enfrentar o que você sabe que não lhe faz bem.

3- Evolução. Mudanças na rotina e no modo de vida podem trazer sofrimento, mas vencida essa fase a consequência será a evolução. Não vai ser fácil, mas é necessário e, no final, o resultado será compensador.

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