Nem todas as culturas separam o dia de Finados, lembrado todo 2 de novembro, como um momento de silêncio, introspecção ou tristeza. Há quem prefira celebrar a vida dos que já se foram através de uma festa, ou homenagear a sua lembrança com orações e memórias.

Confira como diferentes culturas vivenciam a morte e o luto, especialmente no dia de Finados:

Embora muitos chineses sigam as tradições de religiões ou crenças, como o budismo e o cristianismo, as tradições de luto e mesmo do enterro dos mortos têm algumas semelhanças culturais. A idade da pessoa que morreu, bem como a causa da morte, status de relacionamento e  social interferem na maneira como ela será lembrada.

A cerimônia do funeral, em geral, chega a durar sete dias. Os enlutados, parentes e amigos, adotam vestimentas conforme a proximidade que tinham com a pessoa que se foi. Filhos e filhas usam roupas em preto ou branco, e caminham sempre em frente da procissão para o cemitério. Já os netos e netas se vestem de azul.

Em todo o país, a cor branca simbolicamente lembra a morte. Já o vermelho está relacionado a momentos felizes, como casamentos. O número 3 é bastante significativo na cultura chinesa. É costume que as pessoas façam três vezes o mesmo gesto, por exemplo.

Para anunciar a morte de alguém, os parentes e amigos recebem convites dos familiares. Estes são, em geral, brancos — já que a cor lembra a morte — e se a pessoa tiver mais de 80 anos, podem ser enviados convites na cor rosa, indicando o avanço da idade. Viver mais de 80 anos na China é considerada uma característica digna de celebração.

Na cultura mexicana, entre os dias 1 e 2 de novembro, os mortos teriam a permissão divina para voltar à Terra e visitar os parentes e amigos vivos. Uma das mais conhecidas, a cultura do luto no México é voltada mais à celebração da vida de quem já se foi, do que um lamentar da morte.

Para receber os parentes que os visitam do além túmulo, os vivos enfeitam as casas com flores, velas e incensos e preparam as suas comidas preferidas. Usam ainda máscaras de caveira e vestem roupas pintadas de esqueleto, ou mesmo se fantasiam de morte.

As preparações para as festas do Día de los Muertos começam a partir do dia 31 de outubro, coincidindo com o Dia das Bruxas ou Halloween, celebrado nos Estados Unidos.

Na tradição judaica há o costume de fazer um rasgo na roupa de quem está passando pelo luto. O ritual chama-se keriá e seria um sinal tradicional de luto desde os tempos bíblicos, segundo informações da Associação Religiosa Israelita Chevra Kadisha, no Rio de Janeiro. O ato é entendido como uma forma de descarregar a dor e a angústia com a perda do familiar ou amigo.

Entre os judeus, é comum que as pessoas que acompanhem o caixão façam rápidas paradas antes de chegar ao túmulo. Cada uma demonstra, simbolicamente, a relutância dos parentes em se separarem do parente morto.

Na hora do enterro, nenhum enfeite, flor ou ornamento é permitido no caixão, para respeitar a simplicidade da pessoa. Os judeus não cultuam os mortos, mas diante da morte aprendem a reafirmar a vida e traduzem a memória em ação.

Nos sete dias seguidos ao enterro, as pessoas de luto permanecem em casa e não fazem qualquer atividade profissional ou de lazer. O período é chamado de shivá, e os parentes e amigos os visitam. Três vezes ao dia, pela manhã, tarde e à noite, a família realiza serviços religiosos.

Para os muçulmanos, o momento do luto deve ser vivido com equilíbrio e discrição, sem alterações na voz de lamentação. Mesmo ao receber os pêsames dos amigos e familiares, a pessoa deve se comportar de forma paciente e a espera que Deus o console. E, por respeito a quem morreu, os preparativos para o funeral e para a amortalha devem ser feitos rapidamente.

De obrigação coletiva, um dos deveres religiosos descritos pela religião islâmica é a oração do funeral. Em geral, a pessoa em vida faz a escolha de quem irá rezar sobre o seu corpo durante o funeral. Em seguida, outras pessoas, conforme preferência ou pela ordem, continuam as orações: começando pelo dirigente ou delegado, pai da pessoa falecida, avô ou bisavô, filho do falecido, neto ou bisneto, e então outros parentes mais íntimos.

Os jazigos islâmicos não recebem muitos ornamentos. Todos são enterrados da mesma forma, com simplicidade e sem diferenciações. Nos dias seguintes, os familiares fazem leituras do Alcorão em casas e mesquitas, em reuniões discretas, além de realizarem doações às comunidades carentes.

No Cristianismo de forma geral, o luto é relembrado durante o Dia de Finados, e a data é separada para orações e homenagens a quem morreu. As homenagens podem vir em forma de decoração dos túmulos com flores, queima de velas e orações.

As demonstrações de carinho acontecem de forma pública no dia 2 de novembro, dia de Finados. Embora não seja tão lembrada, no dia 1º de novembro celebra-se o Dia de Todos os Santos, que é considerada uma data importante aos católicos. É neste dia que se celebra a honra de todos os santos e todos os mártires, sejam eles conhecidos ou não.

Além da lembrança do falecido, o Dia de Finados é considerado pelos cristãos como um momento importante para aprender com as perdas e as situações da vida.