Comportamento

Anna Sens, especial para a Gazeta do Povo

Professora cria projeto que ensina gentileza às crianças; resultado surpreende

Anna Sens, especial para a Gazeta do Povo
24/05/2019 17:37
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As crianças aprenderam o que é gentileza e como praticar. Fotos: Arquivo Pessoal

Imagine crianças de 4 anos buscando ser cada vez mais gentis com os amigos e familiares. Elas perguntam como você está, se precisa de ajuda, dão bom dia. Ajudam os idosos a levantar do sofá, brincam com o cachorro, colocam as roupas no cesto e colaboram ao lavar louça. Abrem a torneira e amarram o sapato para o amiguinho que ainda não consegue. “Isso é praticar a gentileza”, elas dizem, e ainda perguntam aos outros se estão fazendo o mesmo.
Esses são os alunos da professora de educação infantil Gisele Massotti, de Jundiaí, que criou o projeto “Gentileza: seja gentil”, com o intuito de ensinar gestos de gentileza e incorporar a empatia no cotidiano das crianças, como ajudar sempre, dizer bom dia, obrigado e pensar no próximo.

“Eles estão iniciando a vida, aprendendo a argumentar e se defender. Eu comecei a trabalhar com eles ensinando formas de gentileza, como ser mais gentil com o amigo, saber esperar, saber ouvir, compartilhar o brinquedo. Fiz rodas de conversa, trouxe músicas, livros e vídeos”, diz a professora. Além da gentileza, Gisele também passou a ensiná-los como expressar emoções e entender o próximo.

Tudo começou quando a professora percebeu que seu aluno, Rafael, também de 4 anos, portador de síndrome de down e inserido no espectro autista, tinha dificuldades com o barulho em sala de aula. Ela resolveu conversar com os alunos para que o ajudassem: “disse que precisávamos exercer a gentileza com o nosso amigo, se não ele iria fugir da sala, chorar, sentir medo”. 
Ela explicou a deficiência e percebeu que os alunos ficaram tocados. Então decidiu criar o projeto. Aos poucos, as crianças começaram a entender o que era gentileza. Passaram a ajudar Rafael a praticar esportes, fazer exercícios e comer, mas não parou por aí.

A gentileza se espalhou pela turma e pela escola, e eles passaram a ajudar a todos. “Outros professores notaram. Se uma criança caía na aula de educação física, a outra ajudava e dizia que aquilo era gentileza. E isso chegou na casa deles também”, diz a professora.

Os pais dos alunos começaram a relatar ações de gentileza dos pequenos em casa, como ajudar na limpeza e organização. Gisele então pediu um registro do que vinha sendo feito dentro e fora da escola e os alunos se expressaram com desenhos, textos e fotos. Ao final do projeto, que durou um ano, fizeram uma exposição com os resultados incentivando outros a serem gentis também.
“A mãe do Rafael ficou emocionada ao ver como os coleguinhas tratavam seu filho e como ele era amado pela turma”, conta Gisele. “Fiquei muito feliz que o projeto saiu dos muros da escola. Uma das crianças foi para Minas Gerais e disse que iria ensinar gentileza para os alunos da nova escola. Eles deram um show porque verbalizaram a gentileza e falavam disso o tempo todo”, diz.
A exposição, no fim do ano, teve desenhos e relatos de atos de gentileza.
A exposição, no fim do ano, teve desenhos e relatos de atos de gentileza.
Pela iniciativa, Gisele ganhou o prêmio de Professor Inovador da Prefeitura de Jundiaí. Também divulgou o projeto para outros professores da rede pública de ensino, que pretendem ensinar gentileza não só para os pequenos da educação infantil, mas também para o ensino fundamental.
“Vi o projeto Gentileza como um gancho para criar relações e ambientes mais saudáveis para eles”, explica a professora, que dá aula no EMEB Benedina Alzira de Moraes Camunhas, em Jundiaí, e pretende continuar com as ações de ensinar a gentileza aos pequenos. Confira o vídeo feito por Gisele com as atitudes de gentileza e as etapas do projeto:
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